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Os Gêmeos, Egito e Lennon na volta das atividades culturais em SP

Na flexibilização do isolamento, visitamos as principais exposições da capital paulista, que vão do Egito antigo até um mundo psicodélico.

Por Gustavo Kolonko
Atualizado em 2 nov 2020, 08h21 - Publicado em 2 nov 2020, 08h21

Depois de meses acompanhando tours virtuais pelos mais icônicos museus do mundo – opções interessantes para o tempo em casa, mas que não se comparam a estar de fato pelos corredores de um museu –, a cidade de São Paulo, maior centro cultural do Brasil, progrediu para a Fase Verde da quarentena e permitiu a reabertura de cinemas, teatros, museus e mais áreas do setor cultural, que estavam paradas desde março.

A maioria desses estabelecimentos abriu as portas no dia 15 e, depois dos meses que passei dentro de casa, decidi, em uma semana, visitar as principais exposições da cidade atualmente. Se você está pensando em fazer o mesmo ou quer saber como está a experiência depois da pandemia, esta reportagem é para você.

Dica: Todas as exposições estão com alta demanda de ingressos, por isso, escolha adquiri-los, sejam gratuitos ou cobrados, via internet com dias de antecedência.

Vale lembrar que os museus e centros culturais vêm seguindo as novas medidas de segurança sanitária, com redução de visitantes por horário e distanciamento social. Durante as visitas, é possível ver diversos pontos de álcool gel para a higienização das mãos. Também há medição de temperatura na entrada de algumas salas e sinalização no chão indicando o sentido de circulação de pessoas. Além de, claro, uso obrigatório de máscaras em todos os espaços.

Egito Antigo: do cotidiano à eternidade

Onde: Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, Centro

Ingressos: gratuitos, no site do Eventim

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Quando: até 03/01/2021, de quarta a segunda, das 9h às 17h

Depois de uma temporada no Rio de Janeiro, a exposição agora toma conta do prédio tombado que abriga o CCBB e cada andar mostra um costume e tradição diferente da civilização egípcia: de vida cotidiana, passando por religião, até os costumes funerários. São cerca de 140 peças, divididas entre esculturas, pinturas, objetos, sarcófagos e até múmias (uma humana e algumas de animais), trazidas direto do Museo Egizio de Turim, na Itália.

Dica: Saindo do CCBB, vale seguir pela rua Álvares Penteado até visualizar o palacete de 1910 que abriga a Casa de Francisca, uma casa de shows e restaurante que é um encanto para os olhos e o paladar. Por causa da pandemia, os shows não estão ocorrendo, mas, mesmo assim, vale o almoço no local, que teletransporta você para o século passado. Ali do lado fica o Farol Santander, que está recebendo outras duas exposições.

Devaneios e Revoada

Onde: Farol Santander, Centro

Ingressos: R$ 25, no site Sympla e também na bilheteria

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Quando: de terça a domingo, das 13h às 19h

Para não rolar confusão, são duas exposições de artistas diferentes. A primeira, localizada no 22º andar do antigo Banespão, é a Devaneios – Os Mundos de JeeYoung Lee, artista sul-coreana que traz ao Brasil pela primeira vez seu mundo surrealista dividido em dois ambientes: The Panic Room (O Quarto do Pânico), todo em tons de azul, com objetos numa escala desproporcional que lembram muito o País das Maravilhas visitado por Alice.

O espaço seguinte, intitulado My Chemical Romance (Meu Romance Químico), é todo pintado em um tom de amarelo que contrasta com o calmo azul visto na sala ao lado. Este espaço, repleto de canos e dutos de ar, remete ao bairro onde Lee cresceu em Seul, na Coreia do Sul.  Esta exposição foi inaugurada em fevereiro e, por isso, só ficará em exibição até o dia 15 de novembro.

Subindo para o 24º andar, chega-se ao mundo talvez mais lúdico do que o visto dois andares abaixo. A Revoada, da artista paulistana Flávia Junqueira, é uma sala totalmente espelhada com muitas lâmpadas e balões coloridos espalhados pelo ambiente, que rendem várias fotos (com máscara!) para as redes sociais. A sensação que se tem ali é de estar em um parque de diversões visto em filmes americanos, com direito a cavalos de carrossel. Só faltou o carrinho de pipoca e de algodão doce.

A exposição tem início, na verdade, no hall de entrada do edifício, onde 70 balões de vidro estão suspensos ao lado do icônico lustre de 13 metros de altura. A previsão de encerramento do espaço é no dia 10 de janeiro de 2021.

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Dica: Adquirindo o ingresso, você tem direito a visitar todos os andares de exposição do edifício, que além das citadas acima, também inclui o permanente Espaço Memória. Nesses três andares, os visitantes descobrem um pouco sobre a construção do edifício que hoje abriga o Farol, a história da São Paulo na década de 1950 e a evolução bancária que nosso país viveu. O Café do Farol por Suplicy no 26º andar, onde fica o mirante, é a opção certeira para encerrar o passeio.

OSGEMEOS: Segredos

Onde: Pinacoteca de São Paulo, Luz

Ingressos: R$ 25, somente no site oficial. Gratuito aos sábados

Quando: até 22/02/2021, de quarta a segunda, das 14h às 19h

Considerada uma das exposições mais aguardadas do ano, começa logo quando se entra na Pinacoteca: o visitante dá de cara com um boneco inflável de aproximadamente 17 metros de altura com traços bem característicos dos gêmeos Adolfo e Gustavo Pandolfo. Depois disso, o show só fica maior e melhor. A cada porta que se entra, um novo objeto criado pela dupla intriga dos mais velhos até crianças, que ficam hipnotizadas com os formatos e cores dos trabalhos.

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Os irmãos nasceram na Grande São Paulo no ano de 1974, no bairro do Cambuci, onde até hoje mantêm seu ateliê. Muito influenciados pela cultura hip-hop, a arte em grafite foi só a primeira em que os dois mergulharam de cabeça, já que depois vieram as pinturas em tela e esculturas. 

Um salão imenso fica responsável por abrigar quase todos os mil itens que compõem a exposição, de vestimentas usadas pelos dois, cadernos de anotações do início de suas carreiras, até instalações sonoras e imersivas; além de trabalhos inéditos no Brasil.

Considerada a maior retrospectiva já realizada sobre a trajetória da dupla, o destaque vai para o octógono do museu, que foi totalmente transformado no universo dos irmãos, e para a sala que guarda fotografias e telas discutindo temas políticos.

Dica: Não vacile na rua. A região da Estação da Luz é, infelizmente, perigosa. Se quiser fotografar o belíssimo prédio da estação, faça isso dentro da área da Pinacoteca, e só vá para a calçada na hora que o Uber ou táxi estacionar na frente do portão, especialmente no fim do dia.

John Lennon em Nova York por Bob Gruen

Onde: Museu da Imagem e do Som (MIS), Jardim Europa

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Ingressos: R$ 20, no site da Sympla. Gratuito às sextas

Quando: até 31/01/2021, de sexta a domingo, das 12h às 17h

Exposta por apenas cinco dias no mês de março, todas as fotografias tiradas na década de 1970 por Bob Gruen ficaram sem espectadores por todos esses meses, e agora finalmente voltam a contar a história dos nove anos em que John Lennon e Yoko Ono viveram em Nova York.

Os três se conheceram logo que o ex-Beatle e Ono se mudaram para Nova York, em 1971, e desenvolveram uma forte amizade, que resultou nas mais de 130 fotografias expostas.

A exposição tem uma pegada quase que documental, já que ali estão relevados momentos pessoais e profissionais de Lennon que pouca gente já viu. Existe até uma seção onde não é possível fotografar que conta com fotos nunca vistas antes, trazidas com exclusividade por Gruen para a mostra no MIS.

As fotografias não mostram somente seu lado de astro, mas também sua figura paterna, com diversas fotos com seu primeiro filho, Sean Lennon.

Mesmo aqueles que não conhecem tão bem a figura de Lennon irão se emocionar com a trajetória e vida de um dos maiores cantores de todos os tempos. Há, inclusive, uma área que simula o Strawberry Fields, o jardim em homenagem ao cantor localizado no Central Park, em Nova York. O mosaico Imagine também está presente na exposição.

Além das fotos, há alguns cartões-postais enviados por Lennon a Gruen, clipes de sua carreira solo e uma trilha sonora pelos corredores com sucessos do cantor, entre as músicas estão Power to the People e Whatever Gets You Thru the Night.

Dica: O Pipo Restaurante fica quase que dentro do museu. Se você for no horário do meio dia, vale almoçar no local, que tem um risoto de camarão espetacular. Ele fica fechado das 16h às 18h, então, se você pegou a exposição das 17h, um drink ou sobremesa por lá também vale a parada.
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