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Aérea cobra por assento vazio e volta atrás após críticas

A Frontier foi acusada de oportunismo por querer lucrar em cima do medo que as pessoas possam estar de serem contaminadas em voos

Por Fabricio Brasiliense
Atualizado em 27 Maio 2022, 14h30 - Publicado em 12 Maio 2020, 19h18

A aérea Frontier acreditou estar abafando quando anunciou que passageiros poderiam comprar o assento do meio para mantê-lo vazio durante a viagem, se assim quisessem. A low cost americana, sediada em Denver, desistiu do projeto antes mesmo dele ser colocado em prática após  uma chuva de críticas que recebeu de parlamentares americanos. 

Os políticos do partido democrata de três estados enviaram uma carta ao CEO da Frontier, Barry Biffle, alegando que a companhia estava tirando vantagem do medo das pessoas de voar por conta da pandemia, cobrando preços abusivos e desproporcionais. O documento disse ainda se tratar de uma atitude irracional, uma vez que outras aéreas estariam deixando o assento do meio livre, sem cobrar nada por isso. A Frontier desistiu do plano e o CEO veio a público dizer que a intenção nunca foi lucrar com uma medida de segurança, mas apenas oferecer aos clientes mais espaço.

A low-cost alegou que decidiu instituir a cobrança quando notou que vinha vendendo mais de 50% dos lugares nos voos e que bloquear os assentos do meio, cobrando do viajante US$ 39 a mais sobre o preço da passagem, seria uma forma de estimular o distanciamento social. Com isso, a aérea não aumentaria o preço das viagens. Os assentos centrais representam cerca de um terço do total da aeronave e um simples bloqueio poderia provocar um aumento de até 50% no custo dos tíquetes.

A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) argumentou que se o distanciamento social for imposto dentro das aeronaves, as viagens baratas acabarão, já que as companhias terão que aumentar as tarifas para compensar os assentos vagos. O presidente da Latam, Jerome Cadier, concorda com a IATA: “se bloquearem o assento do meio, os voos não se pagam. Adotar um espaçamento custa muito”. Aéreas do mundo inteiro anunciaram nos últimos dias a obrigatoriedade do uso de máscaras em todos os voos. A alemã Lufthansa disse em comunicado que a empresa deixará de manter o assento do meio livre pois considera que as máscaras oferecem a proteção adequada.

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A proposta completa

Para deixar a poltrona do meio vazia, os passageiros da Frontier desembolsariam a partir de US$ 39. A medida começaria a valer no dia 8 de maio e o assento extra poderia ser adquirido na hora da compra da passagem ou posteriormente em caso de disponibilidade. Cada aeronave teria 18 assentos dedicados ao esquema “Mais espaço” até o dia 31 de agosto.

Medida "Mais espaço" da companhia Frontier
O assento do meio ficaria vazio caso o passageiro da janela ou do corredor decidisse por comprar “Mais espaço” (Frontier/Reprodução)

Oportunidade versus oportunismo

A Frontier não foi a única a ser acusada de querer lucrar com a pandemia. A brasileira Osklen, do grupo Alpargatas, anunciou em seu site a venda de duas máscaras com estampas exclusivas pelo valor de R$ 147. A atitude gerou muitas críticas que resultaram em uma retratação da marca. Em seu perfil no Instagram, ela veio a público para explicar que o lucro seria de apenas R$ 11 e a maior parte do dinheiro arrecadado, R$ 70, seria convertido em cestas básicas para pessoas da comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Mesmo com as justificativas, as críticas não arrefeceram e a empresa acabou retirando o produto do e-commerce.

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A Disney seguiu caminho similar ao da Osklen, porém sem gerar polêmicas. A empresa, que reabriu o parque de Xangai na segunda-feira (11), criou uma linha de máscaras com os personagens estampados, desde Mickey e Minnie até Star Wars. Um conjunto com quatro é comercializado por US$19,99. Com o dinheiro arrecadado, a Disney irá doar US$ 1 milhão para o MedShare, instituição sem fins lucrativos que distribui suprimentos e aparelhos hospitalares para comunidades em necessidade.

A empresa também anunciou que irá doar um milhão dessas máscaras para crianças e famílias também atendidas pelo Med Share. Os artefatos estão disponíveis no tamanho pequeno, médio e grande. Para comprá-las, é preciso entrar no site da Disney e fazer a reserva do produto, que só estará pronto para envio no fim de julho.

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