O menu colorido começa triunfal: “Croquetas Jamón-Jamón, posiblemente las mejores del universo”. E a modéstia? Tsc, tsc. O restaurante La Bardemcilla pertence à família Bardem – Pilar, a mãe, Mônica, a irmã, Carlos, o irmão e ELE, Javier. Que se gabem de seus croquetes à vontade, portanto.
O clima é informalíssimo, os decibéis do blábláblá nas mesas beira o escândalo e pelo menos meia dúzia de cartazes deixam bem claro “sim, é permitido fumar mooooooitooo”. Ou seja, um cenário legitimamente madrileno, no alegre bairro de Chueca, um dos mais boêmios e coloridos da cidade: a cozinha, diga-se funciona até a uma da matina.
Não sei até que ponto Javier Bardem entende de croquetes. Mas o jamón ele seguramente conhece como ninguém. No filme de Bigas Luna que empresta o nome à estrela da casa — o croquete — a cena clímax consistem em dois homens esbofeteando-se mutuamente com adiposas patas de jamón serrano. Um deles é Bardem, mais macho do que nunca.
Concentremo-nos no croquete. A casquinha dourada é fina, delicada e crocante. Com uma mordida, o recheio vaza para dentro da boca, quase líquido. Em poucos segundos sobram na língua, solitários, apenas os pedacinhos de jamón. Dos bons. Sim, há grandes chances de que seja o melhor do universo.
Caia de boca sem culpa. Mas guarde um espacinho para provar um “Entre las piernas” (mexido de morcilha com pimientos del piquillo) ou quem sabe “la morcilla más fea del mundo”.