Imagem Blog Comer & Beber em São Paulo Um prato feito com as novidades e os clássicos da gastronomia paulistana. Para quem está de passagem ou moradores de uma vida. É só se servir! Por Arnaldo Lorençato, crítico de restaurantes da VEJA SÃO PAULO.
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As onze feijoadas mais deliciosas de São Paulo

A feijuca (para os íntimos) está presente tanto na mesa de botecos quanto de restaurantes estrelados. Aqui, uma seleta lista para saboreá-la

Por Iracy Paulina / Edição: Arnaldo Lorençato
Atualizado em 26 out 2023, 12h14 - Publicado em 19 out 2023, 10h50

Um dos clássicos da culinária brasileira, o cozido de feijão-preto enriquecido com uma seleção de carnes é tão popular que tem até dias certos no cardápio de botecos e restaurantes: em geral, quartas e sábados. 

Muitos ainda acreditam que esse prato teria sido criado nas senzalas, pelos africanos escravizados, com a junção da leguminosa às sobras de carnes que não eram levadas à mesa dos senhores na casa grande. Segundo os historiadores, repasto tão opulento, infelizmente, passava longe da dieta desses trabalhadores, baseada em milho, mandioca, alguns legumes e feijão. Raramente, eles consumiam carne. 

Um dos grandes mestres no assunto, o folclorista e historiador Luis da Camara Cascudo (1898 – 1986) afirma, no livro História da Alimentação no Brasil (Editora Global), que a tradicional feijoada brasileira derivou mesmo foi de preparos típicos da Europa. 

No Velho Mundo eram comuns guisados que reuniam na mesma panela uma diversidade de carnes (vaca, porco, carneiro, pato, ganso), legumes e hortaliças. Todos esses ingredientes eram cozidos lentamente até apurar o sabor. O nome do prato variava de país para país: bollito italiano, olla podrida ou puchero espanhol, cassoulet francês e cozido português.

Adaptado a terras brasileiras e aos ingredientes encontrados por aqui, o cozido português virou a nossa feijoada, encontrada também no Norte de Portugal como mesmo nome – até em Goa, ex-colônia portuguesa na Índia, come-se feijoada. Um preparo que, se executado com maestria, oferece ao paladar uma experiência gastronômica irresistível. 

Para que não restem dúvidas, selecionamos aqui onze lugares onde a feijuca é rainha nessa festa de sabores (incluindo um com opção para vegetarianos): A Baianeira, Bar da Dona Onça, Bar do Giba, Bar do Juarez, Bolinha, Dinho’s, Dona Felicidade, Jiquitaia, Organicamente Rango, Rubaiyat e Tordesilhas.

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Basta escolher a opção que mais lhe apetece e ir comprovar. Mas (vale avisar!), com certeza você ficará tentado a provar todas. 

A Baianeira

Avenida Paulista, 1578, 2º subsolo (Masp) – Cerqueira César – (11) 3266-6864; Rua Dona Elisa, 117 – Barra Funda – (11) 2538-0844 – @abaianeira 

A “Feijoada Maravilha”, como o prato é denominado no restaurante da chef mineira Manuelle Ferraz, segue uma receita de família. É a atração principal do cardápio às quartas e sábados, tanto na unidade do Masp (premiada como melhor brasileiro pelo guia VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER 2021), quanto na da Barra Funda. 

No preparo, o prato ganha uma composição mais leve, incorporando ao feijão-preto apenas carne-seca, costelinha defumada e linguiça. É servido com arroz, farofa de manteiga de garrafa, couve rasgada e levemente sapecada no alho, laranja e molho de pimenta com banana da terra. 

A Baianeira ocupa um sobradinho na Barra Funda e o subsolo do Masp
A Baianeira ocupa um sobradinho na Barra Funda e o subsolo do Masp (//Divulgação)

Bar da Dona Onça

Avenida Ipiranga, 200, lojas 27/29 (Edifício Copan) – Centro – (11) 3257-2016 / (11) 97465-8543 – @bardadonaonca

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A versão oferecida aos sábados no concorrido bar-restaurante da chef Janaína Torres Rueda, celebrada aqui e fora do Brasil, é das mais completas. O cozido de feijão-preto reúne tudo o que tem direito: carnes seca e fresca, costelinha defumada, pé, rabo, orelha e linguiça. Para equilibrar, chega à mesa acompanhado de saladinha de couve crua, tartare de banana e maxixe grelhado, além de arroz branquinho, farofa e laranja. 

No térreo do Copan, o Bar da Dona Onça forma filas de turistas e locais
No térreo do Copan, o Bar da Dona Onça forma filas de turistas e locais (//Divulgação)

Bar do Giba

Avenida Moaci, 574 – Moema – (11) 5535- 9220 – @oficialbardogiba

Opção para os que acreditam que uma boa feijoada combina bem com o clima de boteco e com a celebração em turma. Um dos melhores endereços para petiscar e bebericar no bairro de Moema, o estabelecimento de Gilberto Abraão Turibus, o Giba, serve a feijuca na tradicional cumbuca de barro e em tamanho família: suficiente para alimentar até três pessoas. 

No borbulhante recipiente, o feijão-preto se une a carne-seca, lombo, costela, linguiça portuguesa, paio, língua, pé, orelha e rabo – ou sem esses últimos ingredientes de porco, na versão um tiquinho mais light. 

Os acompanhamentos também são generosos: arroz, bisteca e linguiça toscana fritinhas, farofa de mandioca, couve, banana à milanesa, torresmo e também uma porção de feijão extra. 

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Bar do Giba, São Paulo, Brasil
O bar é comandado há mais de três décadas pelo ex-bancário Giba (Carol Gheraldi/Veja SP)

Bar do Juarez

Avenida Engenheiro Caetano Álvares, 5824 – Santana – (11) 2976-1592 – E mais cinco endereços – @bardojuarez

Nessa rede de botecos chiques, com seis unidades espalhadas pelos quatro cantos da cidade, uma feijoada das boas entra em cartaz às quartas, sábados, domingos e feriados. Tem na opção completa e light (sem os pertences mais gordurosos do porco), em cumbuca de barro que serve até duas pessoas com fartura. 

Como guarnição, chega junto também arroz, couve-manteiga refogada, bisteca grelhada, bacon frito, laranja, torresmo e caldinho apimentado. 

Há pelo menos um Bar do Juarez em cada um dos quatro cantos da cidade
Há pelo menos um Bar do Juarez em cada um dos quatro cantos da cidade (//Divulgação)

Bolinha

Avenida Cidade Jardim, 53 – Jardim Europa – (11) 3061-2010 – @bolinharestaurante

Talvez a mais famosa da cidade, tanto que o restaurante se intitula “a casa da feijoada”. Uma fama que foi construída há décadas e começou por acaso. Inaugurado na década de 40 pelo motorista de taxi Affonso Paulillo, o Bolinha servia pizzas e pratos à la carte. Em 1952, para comemorar a vitória do time de futebol do bairro, Paulillo preparou uma feijoada para amigos e convidados. O sucesso foi tanto, que o prato entrou no cardápio em definitivo, toda quarta e sábado. Não demorou para ser encontrado ali diariamente.

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Assim é até hoje. No Bolinha, todo dia é dia de feijoada, disponível em três versões. A magra incorpora ao feijão carne-seca, paio, linguiça portuguesa, costela salgada, lombo e língua defumados. A clássica tem todos esses ingredientes e mais pé, rabo, orelha e bacon. Há ainda uma terceira, a kosher, feita apenas com carnes bovinas e de acordo com os preceitos religiosos judaicos.

Faz companhia à cumbuca arroz branco, couve à mineira, mandioca frita, banana à milanesa, linguiça calabresa frita, bacon torradinho, torresmo, bisteca de porco grelhada, farinha de mandioca torrada, farofa, molho de feijão apimentado e laranja cortada.

Durante a semana, o cliente pode pedir a porção individual ou optar pelo sistema de rodízio, servindo-se à vontade. Aos sábados, vale apenas essa última opção. 

Bolinha, São Paulo, Brasil
A feijoada é a atração principal no cardápio do Bolinha (Leo Martins/Veja SP)

Dinho’s 

Alameda Santos, 86 – (Qoya Hotel) – Paraíso; Rua Professor Azevedo Amaral, 70 – Jardim Paulista – (11) 3016-5633 –  @restaurantedinhos

A churrascaria fundada por Fuad Zegaib (1932-2022) e atualmente tocada pelo filho dele, Paulo Zegaib, também tem seus dias de feijuca. No endereço do Paraíso, que ocupa um amplo salão no térreo do Qoya Hotel, ela entra em cartaz nos almoços de quarta e sábado em esquema de bufê. No do Jardim Paulista, o bufê de feijoada está disponível apenas no sábado. Mas durante a semana, o prato continua no cardápio, servido à la carte, na cumbuca. 

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Entre os acompanhamentos, além de arroz, farofa e couve refogada, há também mandioca frita, linguiça grelhada, torresmo e bacon, banana empanada e abacaxi grelhado. 

Dinhos, São Paulo, Brasil
O Dinho’s do Qoya Hotel serve um buffet de feijoada nos almoços de quarta e sábado (//Divulgação)

Dona Felicidade

Rua Tito, 21 – Vila Romana – (11) 3864-3866 / (11) 98389-6941 – @donafelicidade

Tocado por Toninho e Sérgio, filhos da fundadora, Felicidade Bastos (1925-2022), o bar recebe os amantes de sua feijoada com um estilo próprio. Enquanto esperam por uma das mesas espalhadas pelo amplo salão ou no quintal aberto, eles podem consumir o caldinho de feijão a disposição em um bule. 

Na hora de pedir o prato, pode-se escolher entre a versão tradicional ou a magra. A primeira vem com todas as carnes da receita clássica. A segunda elimina pé, orelha e rabo de porco, que são mais gordurosos. 

Servida na cumbuca grande, a feijoada pode ser dividida por duas pessoas. Os acompanhamentos também, e incluem arroz, torresminho, farofa, laranja, molho de pimenta e duas bistecas suínas assadas na brasa. Está sozinho? Tem também a versão da cumbuca pequena, individual. 

Dona Felicidade, São Paulo, Brasil
O restaurante é comandado há alguns anos pelos filhos de Dona Felicidade (Leo Martins/Veja SP)

Jiquitaia

Rua Coronel Oscar Porto, 808 – Paraíso – (11) 3051-5638 – @jiquitaia

Premiado como melhor brasileiro da cidade no guia VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER 2020, o Jiquitaia, do chef Marcelo Corrêa Bastos, também tem sua versão imperdível de feijoada servida aos sábados. 

Ali, o cliente pode optar pela receita completa, na qual o feijão ganha a companhia de todos os pertences tradicionais, ou a light, sem pé, orelha e língua de porco. Tudo servido numa cumbuca. 

Os acompanhamentos vêm reunidos no prato: arroz branco, farofa, vinagrete, torresmo, couve refogada e rodelas de laranja. 

Jiquitaia, São Paulo, Brasil
Quem passar pelo Jiquitaia aos sábados no almoço encontra uma feijoada de salivar (//Divulgação)

Organicamente Rango

Rua Batista Crespo, 105 – Vila Pirajussara – (11) 98593-8057 – @organicamenterango

O restaurante funciona no quintal dos fundos de uma antiga residência que hoje abriga a Agência Solano Trindade, instituição fundada por Thiago Vinícius de Paula da Silva e que tem por objetivo fortalecer a economia da cultura criativa de jovens da zona sul da cidade. 

No comando das panelas está Tia Nice, mãe de Thiago, responsável pela criação de pratos com boa relação qualidade/preços e uso de ingredientes orgânicos. 

A feijoada, no cardápio aos sábados, é uma dessas delícias de Tia Nice. Ali ela é substanciosa e farta, servida em porção média ou grande (suficiente para até 4 pessoas). Vem acompanhada de arroz, farofa, torresmo, vinagrete, molho de pimenta e couve crua fatiadinha e temperada com alho e cebola. 

Para os que não consomem itens de origem animal, o restaurante também oferece a feijoada vegetariana: na parceria com o feijão, as carnes dão lugar a vegetais, como cenoura, beterraba, vagem e até amêndoas. 

Organicamente Rango, São Paulo, Brasil
O Organicamente Rango serve uma feijoada farta: a porção grande serve até quatro pessoas (//Divulgação)

Rubaiyat

Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2954 – Itaim Bibi – (11) 3165-8888 – @rubaiyatbrasil

O maior recordista de prêmios de toda a história de VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER, na categoria a melhor carne, o Rubaiyat também abre alas para a feijoada às quartas e sábados. 

Nestes dias, ela ganha espaço em um bufê caprichado, com os pertences servidos separadamente, cada um em uma cumbuca. Tem ainda mais de vinte acompanhamentos, de arroz e farofa a couve-manteiga, bisteca e costelinha suínas, banana frita e, inclusive, batidas. 

Esse mesmo bufê é oferecido aos sábados em outro restaurante do grupo, o A Figueira Rubaiyat, no Jardim Paulista (Rua Haddock Lobo, 1738 – (11) 3087-1399). 

A feijoada do Rubaiyat tem mais de vinte opções de acompanhamentos
A feijoada do Rubaiyat tem mais de vinte opções de acompanhamentos (RJ Castilho/Veja SP)

Tordesilhas

Alameda Tietê, 489 – Jardim Paulista – (11) 3107-7444 – @tordesilhas

No restaurante da chef Mara Salles pratos clássicos brasileiros são executados com habilidade. E esse é só um dos segredos da ótima feijoada preparada no Tordesilhas aos sábados. Outros moram nos detalhes. 

No Tordesilhas, a feijoada é completa. Entram na panela todos os pertences tradicionais, incluindo pé, orelha, rabo e papada. Eles contribuem para dar consistência e gosto ao prato, por isso são tão importantes quanto paio, linguiça, costelinha e carne-seca. 

Entre os acompanhamentos, o torresminho segue um preparo todo especial. Ele é feito só com a pele da barriga do porco (sem carne). É uma preparação longa e a última etapa, a fritura definitiva, é realizada na hora de servir. O resultado é um acepipe fresquinho e extracrocante. Além dele, tem entrada com caldinho de feijão e mais arroz, farofinha, couve refogada, laranja e molho vinagrete. 

Clássicos como a feijoada são executados com habilidade no Tordesilhas
Clássicos como a feijoada são executados com habilidade no Tordesilhas (Lucas Terribili/Veja SP)

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