Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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A era da falta de gelo na Espanha

Por essa consequência da guerra da Ucrânia a gente não esperava

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 ago 2022, 10h59 - Publicado em 26 ago 2022, 12h39

Quando a Guerra da Ucrânia começou, seis meses atrás, os analistas políticos e econômicos fizeram várias previsões catastrofistas. Poderia faltar farinha para o pão. O corte do gás russo poderia causar uma crise energética. Mas nenhum deles anteviu esse perrengue: está faltando gelo para o drink nosso de cada dia, no auge do verão.

Há quase um mês praticamente não existe gelo para comprar na Espanha. Nem no supermercado, nem no posto de gasolina, nem nas lojinhas de conveniência. Coincidi com um entregador de gelo no supermercado umas duas semanas atrás e praticamente avancei nele para garantir dois saquinhos. E foi tudo o que consegui em todo mês de agosto. Ou seja, o gelo é o novo papel higiênico da pandemia.

Mas que diabos está acontecendo?

No inverno passado, as tarifas de eletricidade bateram recordes históricos por aqui (assim como em outras partes do mundo), o que se agravou com a Guerra da Ucrânia. Com isso, os produtores de gelo brecaram a produção e o armazenamento, esperando uma melhora nos preços. Somou-se a isso o boom da volta do turismo a todo vapor — que ninguém foi capaz de prever, por incrível que pareça — e o verão mais quente das últimas décadas, com as pessoas ávidas, salivando por um merecido drink gelado. A demanda tem sido tão alta que é simplesmente impossível compensar o atraso que a produção sofreu no inverno.

Mais caro que o drink

O pouco gelo que há no mercado tem ido parar em restaurantes e bares. Ainda assim, já se nota o racionamento. Baldinho de gelo pro vinho? Nem pensar! Considere-se uma pessoa de sorte se conseguir uma “roupinha” pra manter o vinho frio. Já no supermercado, quando há, quase sempre existe um limite de sacos que cada um pode comprar e os preços andam 600% mais altos — jornais noticiaram a venda de um mísero saco de gelo por 12 euros. Ou seja, está quase valendo a pena ir ao bar, pedir um gim-tônica, jogar o líquido fora e levar as pedrinhas pra casa. Por essa a gente não esperava.

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