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Turismo pós-coronavírus: os cenários para quando tudo isso passar

As perguntas que não querem calar: quando, para onde, por que e como vamos viajar quando a pandemia acabar?

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 13 jun 2020, 22h10 - Publicado em 8 abr 2020, 13h48
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As apostas maiores são para viagens regionais e nacionais, a partir do segundo semestre (Hinterhaus Productions/Getty Images)
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A pandemia de coronavírus trouxe inúmeras perguntas a quem tinha viagens marcadas, mas também coloca em dúvida como será viajar quando tudo isso passar. A seguir, algumas certezas e muitas suposições sobre o futuro do turismo:

Quando vamos voltar a viajar?

Na prática, só poderemos viajar com segurança depois que órgãos nacionais e internacionais, como o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos indicarem que é seguro fazê-lo.

Antes disso acontecer, outros fatores vão fazer com que as pessoas se sintam seguras de novo, como o fim das quarentenas, a diminuição significativa ou total dos casos de coronavírus e a reabertura paulatina e cuidadosa de atrações turísticas. Porém, é imprescindível esperar que os órgãos de saúde, que são a autoridade no assunto, deem a palavra final. Todo o resto é ansiedade e especulação.

O mercado de turismo, como não poderia deixar de ser, tem as suas previsões. E algumas empresas lançaram mão de pesquisas com o intuito de entender como está o ânimo e o desejo do consumidor por esses dias. Segundo uma pesquisa realizada no final de março pelo buscador de passagens aéreas Skyscanner, 53% dos entrevistados acredita que será seguro viajar para o exterior a partir de setembro.

A verdade é que tudo dependerá da evolução da epidemia e, principalmente, da retomada dos voos. A especialista em Gestão Estratégica de Empresas Turísticas e supervisora do curso de turismo do Centro Europeu, Raquel Pazini, aposta que “algumas companhias aéreas estão sinalizando a retomada de alguns voos a partir de julho”.

Procurada pela VT, a Azul disse que realmente gostaria de normalizar suas operações em julho. Já a Latam e a Gol preferiram não fazer previsões.

Mesmo com o cenário incerto, agências de viagem já estão vendendo produtos para o segundo semestre. A Submarino Viagens afirmou que está estimulando seus clientes a iniciar “seu planejamento para viagens no segundo semestre, a partir de agosto”.

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Para onde vamos viajar?

Ao que tudo indica, as primeiras viagens após o fim da pandemia de coronavírus serão nacionais.

Segundo Raquel Pazini, especialista em Gestão Turística, “as agências estão projetando a retomada das viagens principalmente para as férias de final de ano, com foco em viagens pelo Brasil”.

Para a consultora, além das pessoas possivelmente se sentirem mais seguras viajando dentro do país, existe um fator econômico a ser levado em conta.

“A crise financeira atual comprometeu repentinamente a renda de empresários e trabalhadores e também o calendário de férias das famílias. Ainda mais considerando o aumento expressivo da cotação do dólar, que impacta diretamente nos gastos da viagem em destinos no exterior”, ela explica.

Essa tendência já foi observada pelo Submarino Viagens, que sentiu um aquecimento na procura por bilhetes aéreos para destinos nacionais no segundo semestre, e por uma pesquisa realizada pela Mapie Consultoria.

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De acordo com os dados levantados, a região Nordeste está na mente dos consumidores como destino mais desejado quando a pandemia de coronavírus acabar. Em seguida, estão as praias regionais, a Serra Gaúcha e o Rio de Janeiro.

A intenção de viagem para o exterior ainda é baixa. Os primeiros colocados na pesquisa, a Europa e os Estados Unidos, tiveram 7,9% das intenções cada. Atrás deles, há os destinos da América do Sul (4,12%) e do Caribe (2,41%).

Já a Ásia e a África não receberam nenhum voto, o que indica que os brasileiros não pretendem fazer viagens para tão longe.

Ainda existem, porém, as viagens que tinham sido adquiridas antes da pandemia de coronavírus e que estão sendo remarcadas. Quando o cenário se estabilizar, é possível que as pessoas realizem as viagens que tinham planejado no passado, diversificando aos poucos a gama de destinos.

Por que vamos viajar?

Primeiro, pelo simples desejo de viajar após tanto tempo confinados em casa. Segundo, porque não faltarão incentivos.

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Para promover a retomada do turismo, muitas promoções tentadoras devem surgir desde já. Segundo Raquel Pazini, essa será a principal estratégia adotada pelas empresas.

A Azul reconheceu que “é natural que as pessoas demorem até tomar a decisão de voar e, por isso, serão necessárias medidas que estimulem o mercado no pós-pandemia”.

A Submarino Viagens também afirmou estar trabalhando na elaboração de pacotes promocionais para o período pós-pandemia.

O mesmo pode ser observado no setor de intercâmbios. A Experimento está facilitando as formas de pagamento de alguns produtos, com parcelamentos em até 12x sem juros, e fazendo ofertas significativas em programas com início em 2020 ou 2021.

Mesmo diante de promoções como essa, o consumidor pode se sentir inseguro com uma possível nova onda de coronavírus. Por isso, outra estratégia adotada pelas empresas são as políticas flexíveis.

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É provável que as empresas permitam que o cliente reacomode sua viagem para uma data futura ou até troque de destino se por um algum motivo o cenário se tornar instável novamente.

Já o reembolso não deverá ser praticado pelas agências de viagem quando o decreto de pandemia acabar. “As empresas estão sem fluxo de caixa no momento em função da paralisação do turismo e das vendas”, explica Pazini.

Caso o viajante queira cancelar a viagem, há boas chances de ter que precisar arcar com multas contratuais, como já acontecia antes da pandemia de coronavírus.

Como vamos viajar?

As medidas de segurança sanitária que foram implementadas durante o surto de coronavírus podem permanecer e se tornar parte dos procedimentos padrão em aeroportos. O atentado de 11 de setembro, por exemplo, mudou a aviação para sempre.

Também pode ser que os próprios viajantes fiquem mais atentos com a necessidade de higienizar as mãos ou usar máscaras sobre a boca caso estejam doentes, hábito que já é comum entre os asiáticos, por exemplo.

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Outra dúvida lançada é sobre o chamado overtourism, ou seja, a superlotação de turistas que resultam em conflitos com os moradores locais. Antes do coronavírus, várias cidades já estavam lutando contra o fenômeno, como Veneza e Amsterdã.

As cidades devem continuar com suas medidas contra o excesso de turistas após a pandemia. Só que, agora, a vontade de evitar locais cheios ou em sua alta temporada pode vir dos próprios viajantes, mais atentos aos riscos de transmissão de doenças.

Mas nem todas as perspectivas são exatamente positivas. Infelizmente, existe também a possibilidade de existir um aumento do preconceito contra certos destinos ou a turistas de algumas nacionalidades, como os asiáticos. O que seria uma lástima, uma vez que um novo foco de transmissão do vírus poderá ocorrer em qualquer lugar do mundo. A informação junto com a prevenção e o discernimento continuarão sendo os melhores remédios para quem não abre mão de viajar.

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