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Tendência de trabalhar em hotel ainda engatinha no Brasil

Como os hotéis se adaptaram para quem quer mudar de ares, mas precisa continuar trabalhando

Por Mirela Mazzola
Atualizado em 4 dez 2020, 00h05 - Publicado em 3 dez 2020, 12h42

Enquanto o turismo tenta a duras penas uma retomada, a rede hoteleira procura inovar com novas modalidades de serviços e se apoia em tendências como a busca dos hóspedes por novos ares, viagens mais próximas de casa e adequação aos protocolos sanitários

Um desses formatos, o room office, consiste na adaptação de quartos de hotéis (em geral, sem pernoite) e até do mobiliário para receber pessoas que precisem trabalhar.

A colunista da VT, Rachel Verano, que mora em Lisboa, relatou como foi passar uma temporada em um dos hotéis de lazer mais luxuosos de Portugal, que reduziu o valor da diária a menos de um terço do preço cobrado na baixa temporada. Um outro hotel requintado no Alentejo, o Craveiral, oferece 14 diárias grátis até o fim de janeiro de 2021 para quem comprar 7 noites para o mês de agosto; leia aqui.

No Brasil, as ofertas de room office até o momento não são tentadoras como as de Portugal e o perfil dos hotéis que oferecem a modalidade é, na sua maioria, de negócios. A rede Accor, com mais de 5 mil hotéis pelo mundo e dona das bandeiras Ibis, Mercure, Novotel e Pullman fez uma pesquisa com 530 clientes da capital paulista e da região metropolitana antes de divulgar seu programa de room office. Pouco mais de 67% afirmaram que preferem trabalhar fora do ambiente doméstico, enquanto 56% dos entrevistados consideraram o wi-fi de alta velocidade o item mais importante do local escolhido.

A qualidade da internet é, a propósito, o primeiro requisito nessa empreitada – todas as hospedagens ouvidas pela VT que oferecem formatos de room office afirmaram ter investido na melhora de suas redes.

Concorrente do Airbnb, o site Vrbo (antigo Alugue Temporada) confirma essa tendência: segundo um relatório da plataforma divulgado em novembro, 75% das reservas no Brasil em 2020 foram de imóveis com internet. A pesquisa ouviu mais de 8 mil viajantes em oito países. “A internet sempre foi um item importante na hora de fechar uma reserva e, agora, ela se tornou essencial. Também observamos que muitas pessoas estão optando por estadias durante a semana”, diz Melanie Fish, diretora global de relações públicas da Vrbo.

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Já a plataforma de reservas Booking habilitou novos filtros para buscar acomodações com infraestrutura para home office, como cômodo privado com escrivaninha ou mesa, além de wi-fi. Agora, também é possível selecionar as hospedagens que implementaram ou reforçaram seus protocolos de higiene e as que têm políticas flexíveis de reserva e cancelamento.

Room office é só um fator

Embora as hospedagens e as plataformas estejam buscando novos formatos, a taxa de ocupação no Brasil parece estar mais condicionada ao desejo de mudar de ares (sim, com internet e escrivaninha) do que a busca por um local exclusivo para trabalhar.

O Palácio Tangará, em São Paulo, comemora a ocupação atual de 51% (em geral, de paulistanos que se hospedam por três noites), mas vê pouca adesão da cortesia de um quarto adicional em horário comercial para os hóspedes trabalharem ou estudarem (cerca de 5% do total optam por ela). Já os hotéis da bandeira Golden Tulip, da rede Louvre Hotels, tem tido poucas cotações do room office nas nove unidades no país e uma conversão mais baixa ainda em reservas (os números exatos não foram divulgados).

A rede Accor, que tem um portfólio muito maior de hospedagens, diz ter notado uma boa receptividade pelo room office principalmente em grandes centros urbanos. Segundo a empresa, hóspedes individuais (cerca de 60% da demanda), que muitas vezes moram perto dos hotéis, e empresas cujos escritórios ainda estão fechados têm procurado o serviço – desde o início do programa, em maio, já houve mais de 700 vendas de diárias do tipo.

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Hotéis com room office

A seguir, veja alguns hotéis pelo Brasil que oferecem pacotes de room office:

A bandeira Golden Tulip, da rede Louvre Hotels, está presente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e no Distrito Federal. Os nove hotéis da rede participam da campanha Hotel Office com tarifas especiais das 8h às 18h até 27/12. Afora a estação de trabalho no quartos, com mesa, cadeira, frigobar e wi-fi de alta velocidade, há room service e café da manhã sob demanda. 

Quarto do Golden Tulip Ipanema, com saleta e cozinha americana: expediente a alguns metros do Arpoador
Quarto do Golden Tulip Ipanema, com saleta e cozinha americana: expediente a alguns metros do Arpoador (Louvre Hotels/Divulgação)

Na unidade do Rio de Janeiro, inaugurada em julho, o expediente pode ser a cinco minutos de caminhada do Arpoador. As unidades têm dormitório, quarto e minicozinha com máquina de café expresso (a diária do room office sai por R$ 249 e dá direito a seis cápsulas de cortesia). Nos empreendimentos de São José dos Campos e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, duas cápsulas de Nespresso e duas garrafas de água estão incluídas por dia para reservas acima de duas diárias (R$ 119 a diária em São José e R$ 179 em Ribeirão; o valor cai progressivamente para reservas semanais e mensais). Reservas aqui

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Já a Accor, das bandeiras Ibis, Mercure, Novotel e Pullman instituiu o room office em 121 hotéis pelo Brasil. Alguns quartos foram totalmente adaptados – as camas de algumas unidades foram retiradas e deram lugar a mesa, cadeira e sofá. Os pacotes de day use semanal ou mensal são para até duas pessoas, com permanência entre 8h e 20h, e incluem internet de alta velocidade, frigobar, água, chá e café. No Pullman de Guarulhos, um dia de utilização custa R$ 220. O valor diminui gradativamente para períodos mais longos (R$ 198 para mínimo de 7 dias e R$ 165 para 30 dias).

O Royal Palm Plaza, de Campinas (SP), vencedor do Prêmio Viagem e Turismo 2017/2018 na categoria Melhor Hotel do Brasil, reabriu em junho com 40% da capacidade e lançou o Viva Royal, programa de longa estada para famílias, vigente até o fim do ano. O hóspede precisa reservar no mínimo cinco noites para ter acompanhamento de nutricionista, recreação infantil e personal trainer – o room office pode ser feito em um quarto extra com estação de trabalho e internet de alta velocidade. As diárias para o casal com pensão completa partem de R$ 633 e as reservas podem ser feitas no site.

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A piscina do Royal Palm Plaza, em Campinas (SP): hotel opera com 40% da capacidade (Divulgação/Divulgação)

Ícone da hotelaria paulistana, o Maksoud Plaza adaptou alguns de seus amplos quartos para uma configuração de escritório. Segundo o hotel, apesar da queda na ocupação, o hotel tem sido procurado por moradores de São Paulo em busca de estadias mensais. Internet de alta velocidade e duas garrafas de água por dia estão incluídas nesse pacote (a partir de R$ 2.999), mas é possível acrescentar notebook, impressora e cafeteira por um custo adicional. A reserva pode ser feita pelo 11/3145-8000 ou maksoud@maksoud.com.br

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Maksoud Plaza – Lobby
Lobby do Maksoud Plaza, que oferece pacotes mensais para o room office (Sébastien Abramin/Divulgação)

Um dos hotéis mais luxuosos de São Paulo, o Palácio Tangará, reabriu em setembro e oferece uma versão atrativa de room office para viagens em família – as diárias em dias úteis dão direito ao uso de um quarto extra, das 9h às 17h, para que o hóspede trabalhe ou os filhos assistam aulas online. 

Palácio Tangará – Divulgação – Deluxe
Suíte do Palácio Tangará, em São Paulo: o quarto extra para o hóspede trabalhar é cortesia (Divulgação/Divulgação)

Depois do expediente, dá para relaxar ao som de jazz, soul, blues e bossa nova ao vivo no novo restaurante do terraço, o Pateo do Palácio, comandado pelos chefs Jean-Georges Vongerichten e Felipe Rodrigues (os mesmos do estrelado Michelin Tangará Jean-Georges, também dentro do hotel). Entre as medidas pós-pandemia, o hotel adaptou um espaço ao ar livre para o tratamentos do spa e, aos fins de semana, há treinos coletivos de yoga e ginástica funcional (com distanciamento, promete o hotel). As diárias para o casal começam em R$ 1370.

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