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As apostas do Lonely Planet e da Nat Geo para o turismo em 2021

Destinos de natureza com foco em sustentabilidade permeiam os palpites de duas importantes publicações do mundo das viagens

Por Mirela Mazzola
Atualizado em 31 dez 2020, 00h38 - Publicado em 24 nov 2020, 17h44

Viajar para fora do Brasil a lazer em 2021 é, por enquanto, uma incógnita. Apesar de a pandemia ainda restringir nosso deslocamento, sabemos que em algum momento voltaremos a viajar para o exterior – e, segundo apostas, privilegiando o ecoturismo.

A plataforma de reservas Booking ouviu 20 mil viajantes de 28 países e adiantou uma tendência que tem se confirmado: a busca por destinos de natureza e experiências voltadas aos prazeres simples. Algumas celebridades sacaram esse espírito antes da pandemia. É o caso do ator Zac Efron, que lançou uma série documental na Netflix focada em viagens e experiências com consciência socioambiental. Em Curta Essa (Down to Earth, no original em inglês), o galã percorre oito regiões, como Peru e Itália, visitando comunidades remotas e aprendendo sobre cultura, gastronomia e, principalmente, iniciativas sustentáveis.

As publicações de viagem mais importantes do mundo vêm seguindo essa toada. Todo ano, elas reúnem um painel de especialistas que fazem apostas de quais serão os destinos mais promissores do ano seguinte. Para 2021, as listas adaptaram-se à nova realidade. No lugar de grandes metrópoles ou mesmo pequenas joias arquitetônicas, privilegiou-se parques nacionais, florestas e, mesmo no caso de cidades, lugares que têm como preocupação a sustentabilidade.

Duas das mais influentes publicações, o guia Lonely Planet e a revista National Geographic, apostam no seguinte:

As apostas do Lonely Planet

Na edição 2021 da lista Best in Travel, divulgada anualmente, a publicação reconhece destinos e iniciativas em três pilares: sustentabilidade, diversidade e comunidade. Veja alguns:

Conservação da vida selvagem, em Ruanda 

Entre as iniciativas ligadas à sustentabilidade, o Lonely Planet destaca o International Gorilla Conservation Programme, que busca salvar o gorila da montanha, ameaçado de extinção. O papel do turismo nessa história é importante: Ruanda se tornou exemplo para o mundo ao usar a receita gerada pelo Volcanoes National Park, habitat da espécie, para proteger os mamíferos. Uma das iniciativas, a Gorilla Guardians Village, traz ex-caçadores que hoje ganham a vida compartilhando suas histórias.

Volcanoes National Park, Ruanda
Gorilas da montanha no Volcanoes National Park: a renda obtida pelo turismo é revertida para a preservação da espécie (Carine06/creative commons/Flickr)

Turismo gastronômico, na Grécia

Apesar de não ser uma referência em iniciativas formais de cultivo e alimentação sustentável, a Grécia mereceu a menção por experiências autênticas ligadas à gastronomia. Entre as atrações citadas pelo Lonely Planet estão o tour sobre ervas aromáticas pelas montanhas da ilha de Kalymnos, no Mar Egeu; a culinária orgânica da ilha de Creta e o polvo fresquíssimo da ilha de Leros, comprado toda manhã dos pescadores locais.

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Revitalização urbana, Medellín (Colômbia)

A cidade, que já foi considerada a mais violenta do mundo, se transformou em um dos destinos mais cool da América Latina. Graças ao esforço da comunidade e da revitalização iniciada pelo ex-prefeito Sergio Fajardo Valderrama, antigos bairros degradados sediam de tours de grafite, a chamada Zona Rosa serve delícias locais madrugada adentro e a arte de Fernando Botero, nascido em Medellín, pode ser vista em vários pontos da cidade. Leia mais sobre a revitalização de Medellín.

Acessibilidade, Costa Rica

Para o Lonely Planet, o país é o destino dos sonhos para pessoas com mobilidade reduzida e que amam o contato com a natureza. Lá, uma lei impõe a hotéis e lugares públicos que ofereçam condições de acessibilidade para todos. A publicação cita, por exemplo, trilhas acessíveis e pavimentadas por todo o país, tirolesas adaptadas e o surfe em Puntarenas, onde há cadeiras de rodas e monitores treinados a auxiliar quem quiser pegar onda.  

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As apostas da National Geographic

A revista National Geographic também publicou recentemente a lista Best of the World, com 25 destinos divididos em cinco temas: aventura, cultura e história, natureza, família e sustentabilidade. Confira alguns:

Nova Caledônia (Sustentabilidade) 

O pequeno território francês a leste da Austrália composto por dezenas de ilhas paradisíacas está preocupado com o futuro. Em 2014, o governo criou o Coral Sea National Park com intuito de proteger os últimos corais intocados do planeta. A pesca, os esportes náuticos e as embarcações com mais de 200 passageiros foram vetados em grande parte do parque, enquanto algumas áreas estão proibidas de qualquer atividade humana, exceto pesquisa científica. Uma fazenda de coral será aberta na ilha de Lifou para recuperar recifes danificados pelo turismo no passado.

Parque Nacional Los Glaciares (Aventura)

A Patagônia Argentina, cuja porta de entrada é a cidade de El Calafate, entrou na rota dos melhores destinos de aventura da National Geographic. O Parque Nacional Los Glaciares, com 300 geleiras mapeadas que cobrem quase metade da área de conservação, engloba ainda florestas subantárticas onde vivem pumas, emas, condores e guanacos, um camelídeo nativo da América do Sul. Com quase cinco quilômetros de largura, a geleira Perito Moreno é a mais popular e acessível – os blocos de gelo que se desprendem dela geram estrondos e são um espetáculo memorável para quem assiste.

O descomunal, cérebre, ilustre Perito Moreno
Perito Moreno, o mais famoso e acessível glaciar da Patagônia Argentina (Reprodução/Dedoc Abril)

Vitoria-Gasteiz (Cultura e História)

No interior do País Basco, a cidade de Vitória (ou Gasteiz, na língua basca) foi um importante entreposto comercial e cultural entre o reino de Castela e o norte da Europa. Hoje, essa efervescência é representada por eventos como o Vitoria-Gasteiz Jazz Festival internacional, realizado em julho, e a festa da padroeira La Virgen Blanca, em agosto. A qualidade de vida é outro atrativo, tanto para os moradores de Vitória, que contam com mais metros quadrados de área verde por habitante do que qualquer outra cidade espanhola, quanto para os visitantes. Os esforços de conservação da natureza urbana se estende à mobilidade, já que grande parte da população usa bicicleta ou bonde. 

Cerrado brasileiro (Natureza)

Cenários de cair de queixo (como a Chapada dos Veadeiros e o Jalapão) e biodiversidade estonteante – estima-se que cerca de 5% dos animais e plantas do planeta sejam encontrados aqui – fazem do Cerrado brasileiro um dos mais belos destinos de natureza do mundo. Maior savana da América do Sul, o bioma cobre quase um quarto da superfície terrestre do Brasil e tem sido constantemente ameaçado pelo desmatamento causado pela pecuária e pelo cultivo de soja, como destaca a National Geographic. A revista cita também os esforços da campanha “Sem Cerrado, sem água, sem vida”, promovida por 43 organizações, movimentos sociais e entidades religiosas para preservar esse bioma inestimável da degradação.

Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins
Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins, parte do Cerrado brasileiro (Laura Capanema/Dedoc Abril)

Turismo Espacial, Estados Unidos (Família)

Para as férias em família, a revista destaca o trecho da costa da Flórida conhecido como Space Coast, que reúne a estação de lançamento Cabo Canaveral e o Kennedy Space Center, da NASA. No Kennedy Space Center, é possível assistir às explosões programadas das espaçonaves SpaceX e Boeing e caminhar entre foguetes com mais de 30 metros de altura. A região da Space Coast também abarca a Ilha Merrit, um santuário de vida selvagem onde vivem golfinhos e o adorável peixe-boi das Índias Ocidentais, vistos em passeios de caiaque. À noite, em geral no meio do ano, o espetáculo fica por conta do fenômeno da bioluminescência, com bilhões de plâncton produtores de luz sob as águas. 

Kennedy Space Center, no Cabo Canaveral, Flórida, EUA
O Kennedy Space Center, na Flórida (Reprodução/Dedoc Abril)
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