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O “novo normal” das viagens de lazer, segundo entidade mundial

Conselho Mundial de Viagens e Turismo aposta em rastreamento de passageiros por aplicativos, menor circulação de dinheiro em espécie e higiene redobrada

Por Luca Occhialini
Atualizado em 7 Maio 2020, 13h11 - Publicado em 6 Maio 2020, 09h43

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, sigla para The World Travel & Tourism Council) fez uma projeção de como a pandemia do coronavírus provocará mudanças no momento em que as viagens de lazer retornarem. A entidade, com sede em Londres e que reúne mais de 200 empresários e líderes do setor do turismo no mundo inteiro, aposta em um “novo normal” a partir do momento em que os bloqueios de fronteiras forem flexibilizados.

O WTTC ressalta a importância da colaboração entre as empresas privadas e os governos para a aplicação de novos protocolos de saúde que deverão transmitir maior segurança para o viajante. Para assegurar isso, a entidade vem trabalhando nas últimas semanas em busca de determinar as melhores práticas globais para a retomada do setor, que deverá acontecer de forma gradual. 

Para tentar trazer algum dinamismo ao processo, o WTTC está trabalhando em conjunto com o G20, a União Europeia e governos ao redor do globo para tentar criar novas políticas públicas.

“Aprendemos com experiências anteriores que, quando os protocolos do setor privado são levados em consideração e temos uma abordagem coordenada, o período de recuperação é significativamente reduzido, portanto, a colaboração do setor público-privado é crucial”, afirmou Gloria Guevara, Presidente e CEO do WTTC. Confira como deve ser o “novo normal”:

Viagens curtas

A previsão é que a retomada das viagens aconteça nacionalmente e depois ganhe novos escalonamentos. No caso Brasil, um cenário provável são as viagens dentro do próprio estado e, posteriormente, para os estados vizinhos. As viagens rodoviárias devem ganhar mais relevância neste primeiro momento. Em seguida, os países do Mercosul deverão incentivar visitas, mas ainda é muito incerto. A Argentina, por exemplo, só abrirá fronteiras a partir de setembro. Na sequência, as aberturas poderão incluir América do Norte e Europa. Por último, talvez possamos ir mais longe, como Ásia e Oceania (Austrália e Nova Zelândia já anunciaram intenção de criar uma “bolha” entre os dois países, o que se traduz em fechamento de fronteiras para o resto do mundo). O tempo para que isso ocorra, ninguém sabe. Países que abram fronteiras poderão fechá-las a qualquer momento ao menor sinal de que novos focos de contaminação sejam detectados. 

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Os mais jovens viajam primeiro

O WTTC acredita que as primeiras pessoas a comprarem pacotes de viagens serão as mais jovens, especificamente na faixa etária entre 18 e 35 anos. Tal previsão tem embasamento no número de casos de covid-19 envolvendo viajantes nessa idade, que teriam um prognóstico de recuperação melhor em relação aos mais idosos. 

Novos protocolos de embarque 

Assim como vem acontecendo em voos de repatriação e alguns poucos comerciais que voltaram a acontecer, medidas como distanciamento social e utilização de máscaras na área de embarque e dentro da aeronave devem permanecer após a amenização da pandemia de covid-19. Frascos de álcool em gel espalhados desde o saguão até a aeronave também farão parte da vida dos viajantes.

Distanciamento social
Medida de distanciamento se tornará comum nos aeroportos pelo mundo (Twitter Emirates/Reprodução)

Os passageiros deverão passar por testes antes do embarque, como a Emirates já está fazendo, e no desembarque. No check-in, serão utilizadas tecnologias a fim de limitar o contato entre funcionários das aéreas e os passageiros. Uma das ações que pode vir a ser tomada é a não aceitação de pagamentos através de dinheiro em espécie, o que deverá incrementar as soluções de cobrança online e digital.

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Mais escada, menos elevador 

O WTTC ponderou que as viagens de navio deverão sofrer alterações para incentivar o distanciamento social. Entre elas, está o incentivo para o uso escadas, já que a regra de espaçamento de dois metros entre as pessoas é mais facilmente cumprida do que dentro de um elevador. E também a menor quantidade de aparelhos de ginástica nas academias. 

Cuidado redobrado com limpeza

A limpeza é uma das maiores preocupações de todos durante este período de pandemia e, por isso, mudanças nos protocolos de higienização serão cada vez mais relevantes. 

Nos cruzeiros, funcionários passarão a usar luvas em tempo integral, trocadas com frequência, além de intensificarem a limpeza dos quartos. As aeronaves passarão por processos de desinfecção mais rigorosos, que vão desde a utilização de desinfetantes em cada pequena parte do avião até jatos de spray eletrostático. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo levanta a possibilidade de rastreamento de passageiros através de aplicativos a fim de interceptar qualquer possível foco de disseminação do vírus.

Aeronave sendo desinfectada em época de coronavírus
Aeronave sendo desinfectada em época de coronavírus (Marina LystsevaTASS/Getty Images)

Apesar dos esforços, o setor de turismo já foi duramente afetado pelo covid-19. Segundo o WTTC, o segmento contribuiu em 10,3% para o PIB do mundo em 2019, sendo responsável por 25% dos novos empregos gerados. Porém, só em 2020 já são 100 milhões de desempregados ligadas setor e um uma perda de até US$ 2,7 trilhões no PIB mundial.

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