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Emirates desiste dos testes de coronavírus antes do embarque

Segundo a autoridade de saúde de Dubai, os kits funcionaram só 30% das vezes. O episódio põe mais uma vez em xeque a criação de passaportes de imunidade

Por Da Redação
Atualizado em 27 jun 2020, 02h05 - Publicado em 28 Maio 2020, 09h17

A Emirates, principal companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos, veio a público no dia 15 abril apresentar as principais medidas que tomaria no combate ao coronavírus. Além de incentivar a distância entre pessoas nas filas, modificar o serviço de bordo e instituir aventais descartáveis para os comissários, a empresa também anunciou que seria a primeira aérea do mundo a realizar testes rápidos de coronavírus antes do embarque.

Passado um mês e meio do início do procedimento, a autoridade de saúde de Dubai, responsável pela aplicação dos testes, desistiu da ação após concluir que o resultado se mostrou confiável apenas 30% das vezes. Na maioria dos resultados o que se tinha eram falsos positivos e negativos. Segundo a Dubai Health Authority (DHA), os testes só voltarão a ser realizados quando o método de coleta for o PCR, que consiste na retirada de uma amostra de material da garganta e do nariz da pessoa com um longo cotonete, o swab, e que é capaz de determinar com precisão se a pessoa está contaminada naquele momento.

Questionada pela VT sobre a decisão de descontinuar os testes, a assessoria de comunicação da Emirates, no Brasil, disse que os procedimentos foram conduzidos pela Autoridade Sanitária de Dubai (DHA) e que não teria mais detalhes.

Testes rápidos ainda não são confiáveis

Os testes rápidos, ao contrário do PCR, servem para mostrar se alguém já foi infectado e se desenvolveu anticorpos para Covid-19. O problema é justamente a confiabilidade dos resultados. “Existem muitos testes de anticorpos diferentes que estão sendo comercializados com considerável variabilidade em sua precisão”, disse o professor Andrew Freedman, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Cardiff, em entrevista ao portal The National, de Dubai. “Particularmente preocupantes são os testes com baixa especificidade e que resultam em uma quantidade muito grande de falsos positivos; isso significa que pessoas podem ser erroneamente informadas que tiveram a infecção e, portanto, estariam imunes”, completou. Do ponto de vista de saúde pública, gente andando por aí com um diagnóstico de falso positivo é um prato cheio para a contaminação, o que seria um desastre. No Brasil, os testes rápidos à venda em farmácias também confundem mais que informam.

Em maio, a farmacêutica Roche, da Suíça, ganhou autorização do Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, para distribuir aos hospitais e laboratórios americanos o primeiro teste para detecção de anticorpos da Sars-CoV-2 com eficácia de 100%. Com isso, um caminho para criação de protocolos de saúde mais confiáveis pode se abrir.

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Passaporte de imunidade 

A polêmica por trás dos testes de coronavírus na saída e chegada dos países envolve a criação do que está sendo chamado de passaporte de imunidade. Nações como o Chile, Alemanha, Itália, Reino Unido, Estados Unidos e até o ministro Paulo Guedes, do Brasil, se mostraram interessados em instituir o documento, tanto para controlar fronteiras quanto para determinar se uma pessoa pode retornar ao trabalho.

Os problemas da criação de um documento desse tipo são vários. A ciência até o momento não sabe dizer o quanto de imunidade, ou mesmo a duração dela, uma pessoa que se contaminou acabou adquirindo. Ou seja, ter anticorpos não significa necessariamente estar imune a um segundo episódio de Covid-19.

A criação de um passaporte de imunidade também envolve dilemas éticos. Um empregador pode decidir contratar apenas funcionários que já tenham sido contaminados. No mundo do turismo, o mesmo pode ocorrer: só entra em determinado país quem estiver imunizado. Pior cenário: instituir uma certificação do tipo pode despertar uma corrida pela contaminação para que a pessoa faça parte da fatia apta a circular, que seriam os imuno-privilegiados. Essas são algumas das razões que fazem a Organização Mundial de Saúde (OMS) ser contra a criação do documento.

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Autoridades aéreas demonstram grande preocupação que os países passem a instituir quarentenas compulsórias de 14 dias para todo mundo que chegue em seus territórios a bordo de um voo intercontinental, o que inviabilizaria o turismo de lazer. As incógnitas são muitas e, por ora, o que resta é torcer pela vacina.

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