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Emirates realiza testes para detectar coronavírus no embarque

Exames, equipamento de proteção e até um polêmico "passaporte de imunidade" apontam caminhos para a retomada da aviação comercial

Por Luca Occhialini
Atualizado em 24 abr 2020, 11h45 - Publicado em 24 abr 2020, 09h43

A Emirates se tornou a primeira aérea a realizar testes rápidos em passageiros para detectar possível contaminação pelo coronavírus. No dia 15 de abril, a companhia fez os primeiros exames em Dubai, minutos antes do avião partir para a Tunísia. O procedimento foi colocado em prática no Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Dubai (DXB), em parceria com a autoridade de saúde da cidade.

O teste consiste em furar a ponta do dedo, colher uma amostra do sangue e misturar com reagentes que indicarão se a pessoa já esteve em contato com o vírus e se chegou a desenvolver anticorpos. O resultado sai em 10 minutos. O teste não é uma garantia de que a pessoa não esteja contaminada, já que os anticorpos podem demorar para serem produzidos pelo corpo mesmo após a infecção.

Passaporte de imunidade?

Após a primeira bateria de testes, a Emirates disse através de Adel Al Redha, diretor de operações da empresa, que está “trabalhando em planos para ampliar a capacidade de testes no futuro e estendê-los a outros voos. Isso permitirá  fornecer confirmação imediata aos passageiros que viajam para países que requeiram certificados de teste de covid-19″.

Fala-se atualmente sobre a criação de um “passaporte de imunidade”, que estaria sendo cogitado por países como Chile, Estados Unidos, Alemanha e Espanha. A medida é muito polêmica por diversos fatores: sabe-se muito pouco sobre o vírus, os testes têm precisão limitada e não há evidências científicas de que a imunidade adquirida por alguém contaminado seja definitiva ou apenas parcial. Especialistas da OMS são contra a criação de um “passaporte de imunidade” e ressaltam que os atuais testes são importantes para acompanhar a evolução da epidemia em determinada população, mas não permitem nenhuma conclusão no que diz respeito aos indivíduos. Até a publicação da reportagem, a Emirates não informou quais seriam as medidas tomadas caso alguém testasse positivo para o coronavírus na hora do embarque.

Assentos intervalados e outras medidas

A aérea dos Emirados Árabes adotou outras medidas a fim de garantir a segurança de funcionários e passageiros, desde o check-in até o voo. A companhia colocou barreiras de proteção nos balcões de embarque, assim como avisos que falam sobre a importância do distanciamento social. O aeroporto de Dubai implantou um scanner térmico logo na entrada, que mede a temperatura de todos que passam por ele.

O uniforme dos funcionários recebeu algumas peças adicionais, como luvas e máscaras, aventais descartáveis para serem usados sobre a roupa e um visor transparente para proteger os olhos. A constante utilização de desinfetantes também passou a fazer parte da rotina. Já os passageiros são convidados a utilizar máscaras e luvas tanto no check-in quanto no voo.

Dentro da aeronave, a rotina também foi alterada. Passageiros que não viajam juntos serão alocados em assentos intervalados. As refeições agora vêm dentro de caixas. As revistas de bordo e panfletos, que normalmente são guardadas no bolsão, foram retirados. E as bagagens de mão se limitaram ao mínimo, sendo liberado apenas notebook, bolsa, maleta de mão e itens necessários para um bebê de colo. Segundo informativo da companhia, “todos os outros itens precisam ser despachados e a Emirates adicionará a tarifa de bagagem de cabine à franquia de bagagem do cliente”.

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Solução para o futuro?

Medidas como a da Emirates apontam caminhos sobre como a atividade aérea poderá ser retomada. O setor sofre a pior crise de todos os tempos. Segundo o relatório da consultoria Oliver Wyman sobre os impactos na aviação por conta do coronavírus, o cenário atual é pior do que na época do 11 de setembro, da epidemia da SARS, em 2003, e do colapso da economia, em 2008. 

Na primeira semana de abril, a capacidade do setor estava reduzida em 59%. Entre as regiões que mais sofrem estão Europa, América do Sul e Oceania, com 74%, 73% e 70% de voos a menos do que o normal, respectivamente. Pensando apenas em Brasil, os desdobramentos são ainda piores, com uma redução de 92% dos voos. Atualmente, estão sendo realizadas viagens consideradas essenciais para apenas 46 destinos nacionais.

O contexto atual traz muita preocupação para o setor, que reforça a necessidade de receber recursos do governo a fim de evitar falência. Por isso a importância da volta de voos, mesmo que feita de maneira extremamente restritiva como fez a Emirates. Ações como a da aérea dos Emirados Árabes são fundamentais para que atividade econômica seja retomada, mas ainda há outros fatores que precisam ser estudados, como a reabertura de fronteiras e o “passaporte de imunidade”.

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