“Vinicius de Moraes costumava dizer que São Paulo era o túmulo do samba. Ele e outros amigos cariocas brincavam que cordão de paulista era cordão de isolamento, que bloco de paulista era bloco de cimento, que grupo de paulista era grupo escolar.” Aos 75 anos, o ator, sambista e hoje um dos diretores da Associação das Bandas Carnavalescas de São Paulo (Abasp) Carlos Costa, ou apenas Carlão, fala com a maior empolgação sobre sua história no Carnaval de São Paulo. Ao lado do dramaturgo e entusiasta do samba Plínio Marcos (1935-1999), Carlão fundou em 1972 a Bandalha, “uma banda para acabar com a tiração de onda”. Ainda hoje há quem compartilhe da opinião de Vinicius, mas os blocos de rua da cidade ganharam força e chegam a atrair mais de 10 mil foliões por onde passam.
Um dos mais tradicionais de São Paulo, o de Plínio e Carlão foi rebatizado, em 1974, como Banda Redonda, em homenagem ao extinto Bar Redondo, localizado na esquina da Avenida Ipiranga com a Rua da Consolação. Formada por 30 músicos, que se dividem entre instrumentistas de sopro e percussionistas, a banda faz um Carnaval à moda antiga, tocando apenas marchinhas e sambas de décadas passadas. “Em 2010, iniciamos a marcha carnavalesca com 6 mil seguidores. Ao fim do percurso já eram 11 mil foliões”, diz Carlão.
Em outros bairros da cidade, longe das alegorias do Sambódromo do Anhembi e com o mesmo cunho boêmio, outros blocos também fazem a festa. Sem vender abadá nem cobrar ingresso, eles se multiplicam. Pelo menos 15 (confira os principais) garantem o ziriguidum até 4 de março, dia em que começam os desfiles das escolas paulistanas.
É o caso do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, fundado em 2010 no reduto alternativo paulistano que dá nome ao bloco. Ale Youssef – proprietário da badalada casa noturna Studio SP e espécie de cicerone partidário da região – criou a banda, que, em seu ano de estreia, levou mais de 5 mil foliões à Rua Augusta, número que deve ser quadruplicado em 2011. Entre os integrantes, Simoninha, filho de Wilson Simonal, é o puxador oficial de samba-enredo; Marisa Orth, a rainha da bateria; e Marcelo Rubens Paiva, o porta-estandarte.
Em outro ponto hypado de São Paulo, na Vila Madalena, os festejos começam na Praça Rafael Sapienza, ao lado do Bar e Mercearia São Pedro. É o Cordão Carnavalesco Confraria do Pasmado (CCCP), que começou em 2005, com os integrantes da roda de samba Confraria do Pasmado, formada por jornalistas, cineastas e músicos amadores. Hoje, o CCCP aconchega em seus cordões mais de 5 mil pessoas. Neste ano, o grupo homenageia o deputado estadual Tiririca. Para o cineasta Gustavo Mello, “o objetivo é ficar o mais próximo possível ao espírito do Carnaval de rua e o mais longe do modelo de escola de samba”. Bloco de cimento? Cordão de isolamento? “O Carnaval paulistano tem raiz e faz a alegria do povo”, diria Carlão aos amigos cariocas.
SIGA AQUELE BLOCO!
Bantantã
Data: 25/2
Concentração: 16 horas
Onde: Avenida Valdemar Ferreira, esquina com a Rua Desembargador Armando Fairbanks, no Butantã
Ressaca
Data: 26/2
Concentração: 14 horas
Onde: Largo do Cambuci, no Cambuci
Acadêmicos do Baixo Augusta
Data: 27/2
Concentração: 14 horas
Onde: Rua Bela Cintra, 461, no centro
Cordão Carnavalesco Confraria do Pasmado (CCCP)
Data: 27/2
Concentração: horário não divulgado
Onde: Praça Rafael Sapienza, na Vila Madalena
Fuxico
Data: 27/2
Concentração: 10 horas
Onde: Largo do Arouche, no centro
Kolombolo Diá Piratininga
Data: 27/2
Concentração: 17 horas
Onde: Rua Belmiro Braga, 164, na Vila Madalena
Banda Redonda
Data: 28/2
Concentração: 19h30
Onde: esquina das avenidas Ipiranga e Consolação, no centro
Candinho
Data: 2/3
Concentração: 17 horas
Onde: esquina das ruas Santo Antônio e 13 de Maio, no Bixiga
Ilú Obá De Min
Data: 4/3
Concentração: 19 horas
Onde: Rua Major Quedinho, na Bela Vista
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