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A situação das praias do Nordeste atingidas pelas manchas de óleo

Mais de 700 locais foram afetados, inclusive do Sudeste. Consumidor que comprou pacote para os destinos atingidos pelo óleo pode remarcar a viagem sem multa

Por Giovanna Simonetti
Atualizado em 29 jun 2021, 19h15 - Publicado em 16 out 2019, 11h57
Manchas de óleo chegaram na Praia de Carneiros, em Pernambuco, no dia 18 (Clemente Coelho Júnior/Divulgação)
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Atualizada em 25/11/2019, às 19h05

A contagem oficial, feita pelo Ibama, é implacável: 764 localidades em 124 municípios e 11 estados – todos os nove do Nordeste, o Espírito Santo e Rio de Janeiro – foram atingidas por manchas de petróleo. Em extensão, é o maior derramamento de petróleo da costa brasileira nos últimos 30 anos – e maior acidente ambiental da história do nosso litoral. De acordo com a Marinha, mais de 4 mil toneladas de óleo já foram recolhidos. Testes confirmaram que o petróleo não é brasileiro e a mais recente hipótese divulgada pela Polícia Federal é de que o derramamento teve origem em um navio grego

As primeiras manchas apareceram na Paraíba, em 30 de agosto, mas se espalharam tanto para o norte quanto para o sul por conta do movimento das marés e dos ventos – o que continua a acontecer, principalmente em direção ao Sudeste. Os blocos de petróleo percorrem o litoral de maneira desigual e imprevisível, e alertas seguem aparecendo em pontos distintos.

De acordo com o relatório mais recente do Ibama, 21 localidades estão com manchas de óleo, 459 têm fragmentos e 284 estão classificadas como “limpas” – já que a substância não foi mais observada. São, portanto, 480 locais oleados (em grande ou pequena quantidade) neste momento. Entre as notícias mais recentes, as manchas chegaram Sudeste: os estados do Rio de Janeiro e o Espírito Santo foram os primeiros da região a serem atingidos pelo vazamento, com vestígios de piche encontrados nos seus litorais.

O estado baiano é o mais atingido, com 215 localidades com registro do material atualmente. Entre os demais estados com óleo, o número de localidades afetadas está distribuída da seguinte forma: Maranhão (8), Piauí (11), Ceará (7), Rio Grande do Norte (14), Paraíba (1), Pernambuco (20), Alagoas (46), Sergipe (68), Espírito Santo (89) e Rio de Janeiro (1).

O conceito de localidade, de acordo com o Ibama, “se restringe a uma área de um quilômetro ao longo da costa” – ou seja, uma praia com uma faixa de areia com 10 quilômetros possui 10 localidades.

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Manchas de óleo no Nordeste
(Adema/Governo do Sergipe/Divulgação)

Segundo a Marinha, em levantamento divulgado no dia 24 de novembro, os estados do RJ, ES, PI, CE, RN e PB estão com as praias limpas. Já entre as praias que tem vestígios de óleo, mas o processo de limpeza está em andamento, estão: Araioses, no MA; Barreiros, Ipojuca, Paulista e Tamandaré, em PE; Japaratinga, Barra de São Miguel, Feliz Deserto, Jequiá da Praia e Piaçabuçu, em AL; Estância e Itaporanga, em SE; Ilhéus, Igrapiúna e Cairu, na BA.

Em suas publicações periódicas sobre a situação das praias, o Ibama as classifica em três categorias: “Não observado”, “Oleada – Manchas” e “Oleada – Vestígios/Esparsos”. Nos relatórios anteriores, havia a categoria “Em limpeza”, que indicava locais em processo e higienização. A classificação foi removida e não existem mais dados oficiais sobre isso nas atualizações mais recentes. 

    • Não observado: não foi visto nenhum vestígio de óleo, o que pode significar que ele foi eliminado de maneira natural.
    • Oleada – Manchas: a porcentagem de cobertura de óleo no local varia de 11% a 50%. É a categoria mais grave.
    • Oleada – Vestígios/Esparsos: a porcentagem de cobertura de óleo pode ser menor que 1% e no máximo 10%. 
    Manchas de óleo no Nordeste
    (Adema/Governo do Sergipe/Divulgação)

    A seguir, confira um resumo da situação das praias em cada estado. Você pode acessar o relatório completo aqui.

    Rio de Janeiro

    No dia 22 de novembro, pequenos vestígios (cerca de 300 gramas) de óleo foram encontrados pela Marinha na Praia de Grussaí, em São João da Barra. Análises confirmaram a compatibilidade entre esse petróleo e o retirado das praias do Nordeste e Espírito Santo. No relatório do Ibama, a praia está classificada como “com vestígios”, o que vai de encontro com o que o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou após realizar uma vistoria, no dia 23, no local. Novos pontos de contaminação não foram encontrados, apenas pequenos fragmentos.

    No dia 24, mais três cidades fluminenses tiveram traços de óleo encontrados: nas praias de Santa Clara e Guriri, em São Francisco de Itabapoana, a praia do Barreto, em Macaé e do Canal das Flechas, em Quissamã. Nessa última localidade, dois quilos de petróleo foram coletados.

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    Ao todo, até o momento, cinco locais de quatro cidades do litoral norte fluminense foram atingidos.

    Espírito Santo

    Desde o dia 7 de novembro, as manchas de óleo ultrapassaram a região Nordeste e chegaram ao Sudeste, sendo o Espírito Santo o primeiro estado afetado. O Ibama confirmou que os fragmentos são os mesmos encontrados nas praias nordestinas. De acordo com o mais recente relatório, não existem praias registradas com manchas, e sim vestígios. São, no momento, 89 pontos afetados, entre eles a Praia de Guriri, do Bosque, Barra Nova, Itaúnas, Regência, Barra Seca e Pontal do Ipiranga.

    Bahia

    De acordo com o relatório do Ibama, a Bahia é o estado mais afetado. 

    No sábado, dia 2 de novembro, pequenos fragmentos de petróleo foram identificados no Parque Nacional de Abrolhos, importante santuário de conversação marinha do país que abriga a maior biodiversidade oceânica do Atlântico Sul. Visitas ao parque foram suspensas no dia 4, mas o local já foi reaberto. No relatório mais recente do Ibama, o local continua classificado com vestígios.

    No dia 31 de outubro, as manchas de óleo avançaram ainda mais ao sul do litoral baiano e chegaram ao município de Porto Seguro, atingindo junto as praias de Trancoso. No momento, a Praia de Caraíva está com manchas e as praias do Taipedos Coqueiros, ItapororocaTaperapuã, de Arakakaí, do Mutá, dos Pataxós e do Corumbau estão com vestígios.

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    Na capital, Salvador, os registros do Ibama mostram que óleo não foi mais observado no momento. No dia 16 de outubro, mais de 22 toneladas de petróleo foram retirados das praias da capital em oito horas, de acordo com a prefeitura.

    Na madrugada do dia 22 de outubro, grandes manchas de petróleo foram vistas na praia de Morro de São Paulo, grande destino turístico do estado. Foi o primeiro registro de vazamento de maior quantidade no litoral sul baiano. Traços menores de óleo também foram identificados nas paradisíacas praias de Cueira, em Boipeba, e na Ponta do Quadro, na vila de Garapuá. Funcionários e voluntários mobilizaram, limparam as praias e elas foram liberadas para os banhistas.  Óleo não foi mais registrado nessa região nos relatórios mais recentes do Ibama.

    Manchas no morro de são paulo
    Manchas de óleo atingiram o Morro de São Paulo no dia 22 de outubro (Guardiões do Litoral/Divulgação)

    Ainda no litoral sul, o óleo invadiu jóias turísticas como Ilhéus Itacaré. Entre as localidades em Ilhéus, a Praia dos Milionários, Batuba, de Back Door, do Sul e do Cristo estão com vestígios. A Praia de Itacaré está com manchas.

    Em Canavieiras, a Praia da Costa está com manchas e as praias Barra do Albino, Atalaia, do Peso e do Puxim, com fragmentos menores. A ilha de Comandatuba também está nessa última categoria.

    No dia 17 de outubro, o óleo chegou à Baía de Todos-os-Santos, maior baía do Brasil e segunda do mundo. Pedaços de óleo foram observadas nas pedras na região do Farol da Barra (ainda em quantidade menor), em Salvador, e na cidade de Vera Cruz, na ilha de Itaparica – mas relatórios mais recentes do Ibama informam que o vazamento de petróleo não foi mais identificado na região.

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    A Praia do Forte, que antes estava classificada na categoria mais grave (manchas), já passou por processo de limpeza e substâncias não foram mais observadas. Mais acima, a Praia de Imbassaí não tem mais óleo. No extremo litoral norte do estado, próximo a Sergipe, a região da cidade da Jandaíra era uma das mais afetadas, mas vestígios de piche agora só foram observados em Mangue Seco. Nas proximidades, o município de Conde tem manchas na Barra Da Siribinha.

    O estado da Bahia decretou estado de emergência, com o objetivo de auxiliar de forma mais eficiente os locais afetados pelo vazamento. O governo baiano estima que, até agora, 155 toneladas de óleo foram retirados de todos os municípios afetados. 

    Sergipe

    Entre as praias atingidas, Jatobá e do Porto (ambas na Barra dos Coqueiros) estão com manchas e Caueira (Itaporanga D’Ajuda), do Saco e Abais (Estância), com vestígios. Antes atingida de forma mais severa, óleo não foi mais observado na Foz do Rio São Francisco – ao contrário do Mangue de Itaporanga d’Ajuda, com vestígios.

    Em Aracaju, as praias de Tecarmo, dos Artistas, Atalaia, Aruanãda Cinelândia, Mosqueiro, ViralSarney e a Ilha dos Namorados foram classificadas com vestígios de petróleo.

    Manchas de óleo no Nordeste
    Manchas de óleo espalhadas por praia do Sergipe (Adema/Governo do Sergipe/Divulgação)

    Alagoas 

    Em Maceió, foram observados vestígios nas praias de Guaxuma e Angra de Ipioca. Não houveram mais registros, até o momento, de vazamento nas praias de Pajuçara, Ponta Verde e Ipioca. Mais ao sul do litoral alagoano, na famosa Praia do Gunga foi constatado trações de óleo, assim como na Foz do São Franciscoe, Piaçabuçu.

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    Na direção contrária, ao norte de Maceió, a praia da Barra do Santo Antônio e a Ilha da Croa estão classificadas com manchas e vestígios, respectivamente. No litoral norte, os paradisíacos municípios de Maragogi (nas praias de Maragogi,  Barra Grande, do Salgado e São Bento) e Japaratinga também foram atingidos por fragmentos menores. O Pontal do Boqueirão está com manchas. O município de Maragogi decretou estado de alerta máximo por conta do vazamento

    Pernambuco

    As manchas de óleo chegaram na Praia de Carneiros, mas rapidamente um mutirão de limpeza organizado por voluntários e pela prefeitura de Tamandaré retirou os blocos de petróleo da faixa de areia. No relatório mais recente do Ibama, a praia ainda está classificada como “óleo não observado”.

    Praia de Carneiros com manchas de óleo
    A Praia de Carneiros amanheceu no dia 18 de outubro assim (Associação dos Moradores de Muro Alto/Divulgação)

    Nas proximidades do município de Ipojuca, outras praias também estão com vestígios, caso da Praia da Nossa Senhora do Ó, da Praia do Cupe e Saupe. Em Porto de Galinhas, petróleo foi encontrado, mas em quantidade bem menor do que em Carneiros – mas a região continua com vestígios de piche, de acordo com a classificação do Ibama.

    Recife e Olinda também tiveram traços do óleo, em praias como da Boa Viagem e Del Chifre, mas não foram mais observados nas últimas análises.

    Paraíba

    O único local oleado do estado é a praia de Tramataia, com vestígios. Antes afetadas, as praias de Tambaba (a primeira oficial de nudismo do país), GramameTabatinga, do Amor e Jacumã, todas no município de Conde, não têm mais óleo no momento.

    Em João Pessoa, o fenômeno não foi mais observado nas praias de Tambaú e do Cabo Branco. Bem próximo da capital, em Cabedelo, as praias do Poço, de Camboinha e Intermares também não tiveram traços do material identificados. A famosa Praia Bela, no litoral sul, não foi atingida.

    Rio Grande do Norte

    Entre os lugares com traços de petróleo estão a praia das Minas, em Tibau do Sul, a Ponta de Maracajaú e Barra de Maxaranguape (ambas no município de Maxaranguape), a Praia do Sagi (Baía Formosa) e a Praia da Barreta e da Tabatinga, em Nísia Floresta.

    Em Natal, as praias da Via Costeira e Alagamar estão com indícios de óleo. As icônicas Praia da Pipa, do Amor e do Giz, em Tibau do Sul, a Barra do Cunhaú e Praia de Perobas, em Touros, também não têm registros das manchas. 

    Ceará 

    Não foi encontrado petróleo na Praia da Malhada, no cobiçado destino de Jericoacoara. Em Fortaleza, a Praia do Futuro chegou a ser interditada por estar imprópria para banho, mas também foi salva por um mutirão de limpeza.

    Vestígios do óleo foram encontrados na Praia do Cumbuco, na Praia de Lagoinha e na Praia de Sabiaguaba (Fortaleza). O vazamento não foi mais observado na Praia da Prainha, em Aquiraz, na Barra de Sucatinga e em Morro Branco, em Beberibe – previamente afetadas.

    Piauí

    Os locais atingidos por vestígios de óleo são a Praia do Pontal (Ilha Grande), Atalaia (Luis Correia), Pedra do Sal e Axixá, ambas em Parnaíba, e o Delta do Parnaíba. Na Praia de Luís Correia, do Arrombado e do Coqueiro, o fenômeno não foi observado.  

    Maranhão

    Santo Amaro do Maranhão, a Praia dos Lençóis Maranhenses, Arpoador, Paracuru estão com vestígios. Na capital São Luís, o trecho da Avenida Litorânea foi atingida por fragmentos. Felizmente, o destino paradisíaco da Praia Canto do Atins (em Barreirinhas) não foi afetado até o momento. 

    Confira todas as praias afetadas aqui

    Atenção

    É altamente recomendável evitar o contato com as manchas. De acordo com o Procon, consumidores que tiverem comprado um pacote de viagem ou hospedagem para as praias atingidas pelo vazamento têm o direito de cancelar ou remarcar a reserva, sem multa, conforme matéria publicada pela Agência Brasil.

     

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