Mudanças climáticas já afetam nosso jeito de viajar
Fugir do calor e evitar potenciais catástrofes naturais estão se tornando prioridades na hora de planejar as férias
Incêndio devastador no Havaí; limitações de horário na Acrópole de Atenas devido ao calor extremo; enxurrada de gelo na Itália em pleno verão; temperaturas chegando perto de 50 graus Celsius no sul da Europa e nos Estados Unidos. Por essas e por muitas outras, o aquecimento global já está interferindo na forma como as pessoas viajam. E o que está rolando este verão no Hemisfério Norte é uma pequena amostra de como as mudanças climáticas podem ter um impacto no turismo global.
Em agosto do ano passado, visitei países que passam longe do estereótipo de destinos para o auge do verão no Hemisfério Norte: Letônia, Estônia, Finlândia e Suécia. Fiquei impressionada com a quantidade de espanhóis, italianos e outros povos do sul da Europa passeando por aquelas bandas do mar Báltico. E caiu a ficha: muita gente das áreas mais quentes do mundo já está aproveitando as férias para dar um tempo de tanto calor.
Uma pesquisa recente publicada pela Comissão Europeia de Viagens, entidade que reúne 35 agências nacionais de turismo, revelou que o número de europeus dispostos a viajar para a área do Mediterrâneo de junho a novembro caiu em 10% com relação ao ano passado. Ou seja, pouco a pouco, o que costumava a ser o sonho de consumo para o verão começa a se tornar um lugar a ser evitado. “Outros destinos mais frescos e que tradicionalmente não têm sido os mais escolhidos durante o verão começam a se beneficiar, como a Irlanda, Dinamarca, Bulgária… Isso não significa que as pessoas não vão viajar para Espanha, Itália ou Grécia, mas que estão começando a pensar em outros lugares por questões climáticas”, explicou Eduardo Santander, diretor da Comissão Europeia de Viagens, ao jornal El País.
Embora o impacto em números ainda seja relativamente sutil, a tendência é que as consequências das mudanças climáticas tenham cada vez mais peso nas decisões. No caso de viagens a Europa, por exemplo, acho sinceramente que, usando o bom senso, dá para considerar que certos destinos já são extremamente arriscados no verão. Se por um lado as ondas malucas de calor podem afetar qualquer lugar em algum momento — a exemplo de Londres a mais de 40 graus Celsius no verão do ano passado — destinos como o sul da Espanha, Madri, Atenas, Grécia continental, sul da Itália, Malta, entre outros, já estão ficando inviáveis em grande parte dos dias em julho e agosto.
Por outro lado, as temperaturas mais altas também estão esticando a temporada em destinos de praia que antes só eram indicados no verão. Para quem quer curtir as ilhas gregas e espanholas, por exemplo, o outubro é o novo setembro e, com sorte, dá para pegar um calorzinho até o comecinho de novembro. O importante, diante de tantas mudanças assustadoras, é se informar e dançar conforme a música.