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Você pode planejar, mas o seu Caminho de Santiago vai ser único

Paula Abreu passou muito tempo planejando o Caminho de Santiago. A viagem não correu conforme o esperado, mas como tinha que ser

Por Paula Abreu
Atualizado em 11 abr 2017, 13h59 - Publicado em 10 abr 2017, 16h56

Antes de partir para o Caminho de Santiago de Compostela, eu tinha lido a autora Shirley MacLaine dizer que você não faz o Caminho, mas que o Caminho faz você.

Ainda assim, fiz muitos planos. Comprei vários guias. Assisti a vídeos e tutoriais. Participei de fóruns online em que se debatia qual era o melhor tipo de calçado (já adianto: é impossível tirar uma conclusão).

Comprei muitos itens que alguns diziam ser indispensáveis. Consegui outros emprestados de amigos. Carregador solar para equipamentos eletrônicos, par de walkie-talkies, repelente de mosquito, canivete suíço, meias e adesivos antibolhas, e por aí vai.

E, mais uma vez, eu caí na armadilha do planejamento…

Acontece que o Caminho de Santiago não está nem aí para os seus planos, assim como vários lugares que já visitei, como a Índia, o Deserto do Saara (onde consegui pegar um dos cinco dias de chuva do ano), a Amazônia, o Camboja.

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Na verdade, você pode se preparar à vontade que o Caminho não é como você quer, mas como tem que ser.

No primeiro dia, minha superbota me deixou quase aleijada, apertando demais os meus tornozelos. Acabei comprando um tênis Nike – que carinhosamente chamo de Mike, porque decerto era falsificado, dadas as circunstâncias, o preço e o local em que o comprei: uma lojinha de sapato de senhora em uma cidade minúscula na Galícia.

O Mike aliviou meus tornozelos, mas me rendeu seis bolhas. Pois é, as meias e os adesivos antibolhas não foram de grande utilidade.

Já a agulha – que muitos haviam me recomendado para furar bolhas, mas que eu não tinha levado porque, ora ora, eu não teria bolhas com as minhas supermeias, adesivos e bota intergaláctica -, essa eu consegui comprar por uns poucos centavos numa farmacinha em Pontevedra. E foi a atendente que furou as ditas.

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No Caminho de Santiago, assim como na vida, devemos nos preparar, fazer planos, mas depois entregar ao universo, confiando que a sabedoria do Caminho nos trará as lições que precisamos aprender.

(Paula Abreu/Arquivo pessoal)

 

 

Paula Abreu é coach, autora do livro Escolha Sua Vida (editora Sextante) e apresentadora do Tá Tudo Bem, no Youtube

Publicado na edição 257 da revista Viagem e Turismo (março/2017)

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