Dia 1
Cactos gigantescos dão as boas-vindas a quem chega à capital do Arizona, como se fossem peças cenográficas pelas calçadas e pelos jardins. Porta de entrada a parques incríveis ao norte do estado, Phoenix tem 1,6 milhão de habitantes, uma vida agitada, com restaurantes e bares modernos, e um charme próprio graças ao clima de deserto, à cultura indígena e à proximidade com a fronteira mexicana.
No calor de 40 graus do verão, passeios noturnos e festas nas piscinas dos hotéis são populares entre junho e setembro. Para aproveitar o melhor da cidade e conhecer algumas novidades arquitetônicas, alugue um carro – e siga a nossa rota.
8h: Ioga na feira
Comece o dia numa feira de rua para tomar seu café da manhã, conhecer produtores locais e, quem sabe?, até fazer uma sessão de ioga gratuita. No Uptown Farmers Market, mais de 100 vendedores se encontram nas manhãs de quarta-feira e sábado. Há produtores de mel e chocolate, muitos tipos de queijo, pães e sucos, além de doces gregos e molhos italianos. Entre junho e agosto, o mercado fica indoors e com ar-condicionado, um alento por causa do calor escaldante. Um grupo de ioga se reúne aos sábados, às 10 horas, com tapetes e bloquinhos para quem precisar. Todos os níveis são bem-vindos – a doação de 3 dólares, idem.
10h: Aula de arquitetura
Um navio abstrato num oceano morto. Essa é a definição do consagrado arquiteto Frank Lloyd Wright (1867-1959) para a casa de inverno Taliesin West, que ele projetou e onde morou até morrer, aos 91 anos – suas cinzas foram espalhadas ali. Isolado em pleno deserto na cidade de Scottsdale, a 40 quilômetros de Phoenix, o complexo ainda é uma escola de arquitetura e terreno de experimentações.
Lloyd Wright foi o principal expoente da chamada arquitetura orgânica, que tem como preceito a integração com o ambiente natural. O espaço organiza sete tipos de visita, incluindo uma noturna e outra para crianças (agendamento é recomendado).
No Insights Tour (1h30 de duração), é possível conhecer o salão de festas com teto de vidro, onde há também um piano e móveis modernosos ainda que réplicas dos originais. É o lugar em que os visitantes se sentam para ouvir as histórias do guia. A casa principal lembra um barco escondido na paisagem, feito de pedras rústicas, cimento e madeira, cercado por cactos e vegetação seca.
Por todo o passeio, é possível ver influências asiáticas, uma das paixões do arquiteto, seja na decoração de uma porta, seja nas esculturas de dragão, seja no Buda que decora a entrada de um salão de conferências. Encantado pelos mistérios do deserto, o americano fez da Taliesin West seu laboratório, com a ajuda de dezenas de alunos que viviam no local. Em seu escritório pessoal, uma cama de casal é separada ao meio por uma madeira: se ele estivesse dormindo de um lado, os aprendizes podiam acordá-lo com qualquer dúvida; se do outro lado, era para deixá-lo em paz.
13h: Orgânicos e tikis
Na volta a Phoenix, pare para almoçar no centro histórico de Scottsdale. Para quem quiser algo saudável e orgânico, o The Herb Box (7134 E Stetson Drive) fica ao lado do canal, e tem saladas com abacate, sanduíches de frango e grelhados. Para os mais etílicos, o Hula’s (7213 E 1st Avenue) criou uma versão moderna dos bares tikis, aqueles com decoração tropical, servindo pratos tão estilosos quanto os seus mai tai e bloody mary.
15h: Nação indígena
Mais de um quarto do território do Arizona é ocupado por reservas indígenas, e o estado tem a segunda maior população nativa do país (perde só para o Alasca). Para conhecer a história e a cultura dos navajos, apaches e hopis, além de outras dezenas de tribos, visite o Heard Museum, no Centro, com um acervo de 40 mil objetos. Em exposição permanente estão joias, roupas, bonecas, pinturas e cerâmicas desde a pré-história até os dias de hoje. A loja é um paraíso para presentes e lembrancinhas, com jaquetas e tapetes originais e livros sobre o assunto.
18h: Velozes e furiosas
O roller derby é um esporte sobre patins inventado nos Estados Unidos, bastante popular nos anos 1940 e 1950. Em 2001, foi revitalizado com novas regras e virou febre, liderado por equipes de mulheres. No Hall of Dames, é possível ver a modalidade na pista inclinada, parecida com um velódromo, que é a casa da liga Arizona Derby Dames, fundada em 2005 e hoje com cinco times. A temporada tem início em setembro – fique de olho nas datas no site.
Pelas regras do jogo, dois times disputam pontos feitos por suas atacantes. A patinadora tem dois minutos para rodar a pista o mais rápido que puder, se desviando das bloqueadoras rivais. Cada ultrapassagem, 1 ponto. Tombos homéricos e pancadas violentas são inevitáveis (e nada ensaiados).
22h: Balada pós-jogo
Ainda sob efeito da adrenalina, as jogadoras da Derby Dames costumam encontrar fãs e amigos no Third Space (1028 Grand Avenue), um bar bem típico e descontraído da cidade, com um grande pátio, banda ao vivo e vários tipos de cerveja e comidinhas.
Dia 2
8h: Café turbinado
Não faltam lugares bacanas para começar bem o dia em Phoenix. A Snooze tem menu extenso de pratos com ovos, incluindo seis tipos de beneditino, com salmão, presunto ou só vegetais. Capuccinos competem com mimosas (suco de laranja e espumante) e chás picantes masala chai, com rum. A loja do Town and Country Shopping Center (há outras três na cidade) fica a céu aberto, ao lado de pesos pesados do consumo, como os ótimos supermercados Whole Foods e Trader Joe’s e a loja de eletrônicos Best Buy.
10h: Utopia no deserto
O arquiteto e filósofo italiano Paolo Soleri (1919-2013) foi um pupilo de Frank Lloyd Wright na Taliesin West antes de começar a erguer a experimental Arcosanti, uma comunidade alternativa para 5 mil pessoas no meio de deserto. Em construção desde 1970 e hoje só com 60 moradores, o local fica a 110 quilômetros de Phoenix e recebe visitantes para tours guiados pelos próprios habitantes.
É possível também passar a noite em acomodações modestíssimas. Soleri, que foi enterrado ali, criou o conceito de “arcology”, mistura de arquitetura com ecologia. Os prédios de concreto com linhas futurísticas são cercados por uma natureza inóspita. Uma fábrica de sinos de bronze e cerâmica funciona em dois estúdios a céu aberto. Nas noites de verão, a Arcosanti recebe, em seu anfiteatro ao ar livre, eventos como festivais de jazz e peças de Shakespeare.
11h30: Castelo de pedras
A 50 quilômetros ao norte da Arcosanti, outra formação arquitetônica atrai turistas. O Montezuma Castle, um “castelo” de cinco andares e 20 quartos escavado no alto de um paredão de pedras, foi possivelmente construído entre 1110 e 1350. É um parque nacional, mas pequeno, e se consegue visitá-lo em menos de uma hora. O castelo só pode ser visto de longe, e uma trilha curta traz informações sobre os índios que o habitaram. A entrada custa 10 dólares.
14h: Cidade universitária
Phoenix não escapou da moda das cervejas artesanais, e uma boa é a Pedal Haus Brewery (730 S Mill Avenue), na simpática cidade de Tempe, a 18 quilômetros de Phoenix, cheia de estudantes, bares e restaurantes baratos.
17h: Jardins noturnos
Os impressionantes e variados cactos do Arizona são as estrelas do Desert Botanical Garden, área gigantesca ao lado de Tempe. Para fugir do calor, visite ao final do dia ou à noite, quando acontecem os passeios com laterna chamados Flashlight Tours (entre maio e setembro). Cinco trilhas temáticas convidam os visitantes a conhecer as 5 mil plantas que só existem no deserto, além das flores de cactos que surgem no verão. A lojinha é uma perdição para quem gosta de jardinagem.
Busque hospedagens em Phoenix no Booking.
[googlemaps https://www.google.com/maps/d/embed?mid=1Oyan6ijkvHQJdA2PAaIT4ogLSns&w=640&h=480%5D
Publicado na edição 262 da Revista Viagem e Turismo.