É sempre primavera na Ilha da Madeira; veja o que fazer por aqui
No Atlântico, a ilha tem clima ameno, vinhos, paisagens incríveis e aquele sotaque português
Um dito popular que corre a Ilha da Madeira diz que é ali que a primavera passa o inverno. Como todo ditado que se preze, trata-se da mais pura e clichezuda verdade. A ilha tem tapetes de flores endêmicas espalhados por sua extensão – e olhe que são 741 quilômetros quadrados, quase oito vezes a área de Lisboa.
Junto com outras plantas levadas pelos colonos ao longo dos séculos, elas deixam a paisagem colorida, linda, acolhedora. E, assim que chegam à pista de pouso do aeroporto que quase invade o Atlântico, os turistas notam que a primavera não só foi passar o inverno na Madeira como resolveu ficar por lá.
Lugar de clima ameno, com uma brisa permanente e termômetros sempre na casa dos 20°C, a Madeira é destino de viajantes em fuga de temperaturas severas – grande parte de europeus.
É tanta gente que o turismo é o principal ramo de negócios por ali. Mas, se Portugal foi (re)descoberto pelos brasileiros recentemente, a ilha ainda é pouco explorada por nós.
“A maioria dos brasileiros vem em cruzeiros, a caminho do continente europeu. E sempre diz que queria ficar mais…”, vaticina Carlos Teixeira, há cinco anos guiando turistas pelo local.
Funchal, a capital em que ele vive, é uma das principais paradas dos grandes navios que passam pelo Atlântico. No fim de dezembro, chega a ter congestionamento de transatlânticos, lotados de visitantes curiosos pra ver uma das mais famosas queimas de fogos de Réveillon na Europa. A baía do Porto de Funchal é a Copacabana deles.
Muito além do espetáculo pirotécnico, a Ilha da Madeira tem atrativos em pencas. Uma visita boa mesmo precisa de, no mínimo, cinco dias e de uma certa programação.
As distâncias são um pouco puxadas – são 57 quilômetros de extensão de leste a oeste e 23 de norte a sul. As estradinhas são íngremes e cheias de curvas. O melhor jeito de desbravar o lugar é alugando um carro ou contratando um motorista versado nos seus macetes.
Para você entender a vibe de Funchal
Ponto de partida e de chegada dos tours exploratórios pela Madeira, Funchal tem uma vibe bem diferente do resto da ilha. O forte ali são a cultura e a gastronomia.
A Zona Velha do Funchal, com ruas de paralelepípedo (fotos acimas), é um pouco da colonização portuguesa que começou em 1425, mantida em conserva. Tem restaurantes e bares que servem lapas, os moluscos locais, para tomar com cerveja ou poncha – bebida feita de aguardente de cana.
Para experimentar uma infinidade de rótulos, o melhor é ir ao Mercado dos Lavradores, antigo prédio na Zona Velha. Aproveite para experimentar as cerejas amareladas e deliciosamente doces.
E há opções mais exóticas, como a pera-abacate, o tabaibo (ou figo-da-índia) e a anona, espécie de maçã-verde de casca texturizada. No Mercado, há ainda artesanato, peixes e, claro, flores, muitas flores – o símbolo madeirense.
A poucos metros dali, a Blandy’s, uma das mais antigas vinícolas da ilha, oferece visitas guiadas ao Wine Lodge, edificação de 1840. Ótima oportunidade para aprender sobre o especialíssimo vinho da ilha, feito com uvas autóctones.
Da Zona Velha, sai o teleférico de Funchal. Não é nenhum passeio esplendoroso, mas permite ver bem a cidade, que tem 112 mil habitantes (em toda a Madeira, há pouco mais de 150 mil).
Também por ele chega-se ao Monte, uma das freguesias mais altas do lugar. Ali, condutores preservam uma tradição e levam moradores e turistas em carrinhos de madeira e vime ladeira abaixo até o Centro.
O cesto percorre mais de 2 quilômetros de rampas sinuosas, a quase 50 km/h. É bom, mas dá frio na barriga.
As cidades imperdíveis nos arredores de Funchal
A partir de Funchal, lá se vão as estradinhas que levam a lugares fabulosos, boa parte deles na encosta de paredões rochosos. É literalmente pelas beiradas que a Ilha da Madeira vai encantando os visitantes.
O Cabo Girão, a 15 minutos da região central de Funchal, é a mais alta parede rochosa da Europa. São 580 metros debruçados sobre o oceano, uma imponência que pode ser sentida lá do alto, em um miradouro com piso transparente. Dá vertigem, é preciso dizer.
A atração fica em Câmara de Lobos, pequeno município que tem a população mais jovem da Madeira e um centrinho animado. Nas noites de sexta e sábado, os bares ficam lotados. Já durante o dia, dezenas de barquinhos atracam na enseada, levando um pouco de cor à paisagem de casinhas brancas e areia de cascalho cinza.
A enseada ficou mundialmente conhecida por ter sido retratada em um quadro pintado por Winston Churchill, que adorava passar férias na ilha.
Perto dali, o Fajã dos Padres é a enseada aonde se chega pegando um elevador envidraçado e depois caminhando pelo cascalho até colocar os pés no mar gelado.
A área pertenceu aos padres da Companhia de Jesus, que viveram lá estudando, pescando e cultivando frutas, como maracujá e uva – a região é uma das melhores para a malvasia, casta utilizada para fazer o reconhecido vinho local.
Mais para o meio da ilha, o Curral das Freiras, a 20 minutos de Funchal, é uma pequena vila com 25 quilômetros quadrados, rodeada por montanhas.
O nome é uma alusão às freiras que deixaram o Convento de Santa Clara para escapar de corsários franceses e passaram dias se embrenhando na área até encontrar esse vale. Nada bobas, as freirinhas. O lugar é lindo.
O jeito imbatível de ver o Curral é de um dos pontos mais altos da ilha, o Miradouro da Eira do Serrado.
Na parte noroeste, e a uma hora do vilarejo, outra pérola: o pequeno município de Porto Moniz, com piscinas naturais nas rochas vulcânicas. Nos dias de sol, é lugar perfeito para um mergulho.
Para adeptos de esportes, a Madeira é uma meca do trekking, que pode ser feito pelas “levadas” – como são conhecidas as trilhas locais abertas a partir do século 15.
Os canais de irrigação chegam a 1400 quilômetros, e dão acesso, mata adentro, até a paisagens raras como a Laurissilva, uma preservada floresta considerada Patrimônio Natural Mundial pela Unesco.
As agências locais orientam turistas e oferecem guias. Lindas vistas, comida boa, bons vinhos. Motivos suficientes para fazer como a primavera – e fincar bases por lá.
Pratos típicos da Ilha da Madeira que você deve provar
A Madeira tem poderosa tradição culinária, evidente em pratos como o tenro e saboroso peixe-espada com banana. Uma das melhores versões é a flambada, do Dona Amélia – restaurante familiar numa casinha simpática no Centro de Funchal, com vista para as construções brancas e para o mar.
O bolo de caco, um tipo de pão de origem árabe feito com farinha e em forma de disco, é acompanhado de manteiga de alho e ervas. A espetada madeirense é uma carne servida no espeto, temperada com alho e cozida na brasa, parecida com o nosso churrasco.
Cristiano Ronaldo, habitante mais famoso da Ilha, já deixou suas marcas aqui
O Aeroporto Internacional da Madeira foi rebatizado em março de 2017. O novo nome? Aeroporto Cristiano Ronaldo. O governo local anunciou: é um presente da ilha a seu filho mais ilustre.
Como se não bastasse, o craque também tem um museu dedicado as suas conquistas, o Museu CR7, que fica na Praça do Mar, em Funchal. O jogador também escolheu a capital para abrir o hotel Pestana CR7.
Prepara
Quando ir
Por causa do clima subtropical, as temperaturas na Ilha da Madeira são amenas o ano inteiro, mas as chuvas são frequentes entre outubro e fevereiro. Por isso, a estação seca, que vai de maio a setembro, costuma ser a mais procurada pelos turistas. Na primavera, de março a junho, as flores estão em seu ápice ” mas ainda há chances de chuva.
Dinheiro
Euro.
Língua
Português.
Fuso
+3h
Documentos
O passaporte deve ter validade superior a 3 meses quando da saída do espaço Schengen.
Saúde
Nenhuma vacina especifica é necessária para entrada.
Busque hospedagem na Ilha da Madeira
Errata: a reportagem dizia que a Ilha da Madeira era o maior arquipélago pertencente a Portugal. A informação não é correta: a área do arquipélago dos Açores é maior.