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Check-list em tempos de Covid: como escolher uma hospedagem?

Os protocolos que todo hotel deveria adotar e os cuidados que o viajante precisa ter antes de fechar uma reserva

Por Giovanna Simonetti
Atualizado em 2 jul 2021, 15h05 - Publicado em 8 jul 2020, 00h19

Mesmo com um cenário ainda incerto em relação ao controle da pandemia, destinos turísticos ensaiam aberturas e o setor hoteleiro vem se preparando para a retomada gradual das atividades. Uma coisa é certa: escolher onde se hospedar exigirá atenção redobrada. Isso porque, até que exista uma vacina, as prioridades na hora de planejar uma viagem estarão centradas em uma questão crucial: segurança.

Os hotéis que melhor transmitirem segurança serão os preferidos entre os viajantes, afirma Debora Cordeiro, professora do curso de Turismo da USP. “Não importa se o hotel é de luxo ou não, mas a maneira como os protocolos sanitários e de higiene foram adotados – e isso deve ser feito tanto por redes internacionais quanto por pousadas pequenas. O estabelecimento que melhor divulgar as ações sairá na frente”, ela diz. 

Mas como saber se o hotel está preparado? A especialista em gestão de saúde Miriam Maciel, que prestou consultoria junto ao hospital Sírio-Libanês no plano de reabertura dos hotéis do grupo GJP, aponta alguns aspectos que qualquer hospedagem deve adotar para minimizar o risco de contaminação.

O que é preciso saber antes de fazer a reserva

Miriam cita perguntas fundamentais que os viajantes precisam fazer ao estabelecimento antes de fechar a hospedagem. São elas:

Eis a mãe de todas as perguntas. Alguns estabelecimentos reabrem e anunciam que estão “tomando todos os cuidados necessários”. Certo, mas que cuidados são esses? Peça para o hotel detalhar suas principais medidas de proteção ou encaminhar um material oficial com seus planos de ação. Muitos deles também já estão disponibilizando essas informações nos sites ou canais de comunicação. É preciso dar atenção especial ao imprescindível: distanciamento, higienização pessoal e limpeza dos espaços.

Os procedimentos de segurança precisam ter amparo científico, recomendados pelos órgãos de saúde. Não adianta ter um plano de ação se ele não está de acordo com as orientações das autoridades médicas e sanitárias.

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A limpeza é o item fundamental, uma vez que o novo coronavírus é transmitido pelo contato com secreções contaminadas e expelidas pela saliva, tosse ou espirro. Em lugares com maior circulação de pessoas, os objetos e espaços devem ser higienizados com alta frequência – e com os materiais certos, indicados pela Anvisa. Segundo Miriam, entre os produtos desinfetantes recomendados estão o álcool 70%, detergentes com quaternário de amônia e soluções de hipoclorito de sódio. É improvável que um hóspede entre na despensa e cheque os rótulos, por isso o hotel precisa se antecipar e anunciar os procedimentos adotados.

Protocolos de segurança e higiene recomendados 

Na hora de selecionar sua hospedagem, confira se as medidas a seguir estão sendo postas em prática. Os cuidados valem para estabelecimentos de qualquer porte, sejam eles grandes redes internacionais ou pequenas pousadas no interior – a diferença poderá estar na maneira como os procedimentos funcionarão, podendo ser mais ou menos tecnológicos. 

→ Uso obrigatório de proteção individual: é crucial que o hotel tenha o uso de máscara nas áreas de convivência como regra básica de conduta, válida tanto para hóspedes quanto para funcionários. Profissionais que tenham maior contato com os visitantes, como recepcionistas e garçons, também podem usar face shields (protetores faciais com visor). 

→ Limpeza das mãos: o hotel deve disponibilizar pontos com produtos de higiene pessoal por todas as suas dependências, com álcool em gel ou água e sabão. Quanto maior o número de pias e tubos de álcool espalhados pelas áreas comuns, melhor.

→ Distanciamento: é indicado que uma distância de 1,50m, no mínimo, seja sempre mantida entre os presentes. Para cumprir esta orientação, o hotel pode restringir o número de pessoas nas áreas de uso comum, além de reorganizar a disposição de sofás, mesas, espreguiçadeiras e cadeiras, de modo que eles estejam suficientemente afastados. Espaços kids não devem funcionar por conta da dificuldade de garantir o distanciamento seguro entre os pequenos e é melhor que atividades nas academias ou spas, por exemplo, aconteçam mediante agendamento prévio. Também é recomendado que apenas pessoas do mesmo convívio social usem os elevadores juntas. 

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→ Medição de temperatura: recomenda-se que, logo na chegada, a temperatura de cada hóspede seja aferida. Somente pessoas com temperatura até 37,8ºC devem ser autorizadas a entrar. 

→ Menos contato físico possível: o mais seguro é que procedimentos como o check-in sejam feitos virtualmente, sem a necessidade de interação. Alguns estabelecimentos, inclusive, já desenvolveram aplicativos para facilitar a realização destes serviços, como é o caso da rede Marriott e o GJP Hotels & Resorts. Pelo celular, hóspedes poderão fazer check-in, check-out, pedir refeições ou solicitar ajuda com bagagens. O Whatsapp também pode ser uma ferramenta útil nesta hora. Outra opção é instalar barreiras físicas (como as feitas de acrílico ou vidro) na recepção e demais áreas de atendimento, para separar funcionários e clientes. 

→ Desinfecção dos espaços comuns e dos quartos: locais de maior circulação de pessoas (tipo o saguão) ou itens de uso compartilhado (como os interruptores, chaves do quarto ou botões dos elevadores) devem ser higienizados constantemente. Durante a estadia, o ideal é evitar que os funcionários entrem todos os dias no quarto para limpar – nos hotéis da rede Hilton, por exemplo, a frequência do serviço será definida pelo cliente. Entre um hóspede e outro, tudo o que estiver no cômodo deverá ser trocado ou desinfectado e o intervalo ideal para que um novo hóspede seja acomodado em um mesmo quarto é de 72 horas.

→ Alimentação: os hotéis estão aconselhados a priorizar pedidos por cardápio (e também por aplicativos via QR code). Caso o estabelecimento opte pela continuação dos buffets, proteções de acrílico devem impedir o contato do hóspede com as travessas. Na hora de servir, um funcionário devidamente protegido com máscara e face shield deverá colocar a comida no prato do hóspede. Quanto ao serviço de quarto, o ideal é que aconteça sem contato físico e que a refeição chegue embalada.

Para saber mais sobre os cuidados e recomendações para o setor hoteleiro, confira o protocolo lançado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, com base em informações de órgãos oficiais de saúde, como o Ministério de Saúde, OMS e a Anvisa.

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Quais cuidados tomar nos deslocamentos? 

Não importa qual seja o meio de transporte – carro, ônibus ou avião –, os cuidados são praticamente os mesmos: o mais importante de tudo, segundo a especialista em gestão de saúde Miriam Maciel, é usar corretamente a máscara e ter álcool em gel sempre à disposição. A única diferença é o fato da proteção ser obrigatória durante toda a viagem de ônibus ou avião e, no carro, seu uso só é necessário ao interagir com pessoas fora do seu convívio social (como cobradores de pedágio ou frentistas, por exemplo).

Mas para se proteger com eficácia, é essencial prestar atenção em certos detalhes. Primeiro, colocar a máscara na posição certa, cobrindo totalmente o nariz e a boca (nada de máscara no queixo ou cobrindo apenas a boca). Já durante o uso, nunca mexer no rosto com as mãos sujas. “Depois de colocar a máscara, você só deve mexer no pescoço pra cima – seja para mexer no cabelo, coçar o rosto, arrumar os óculos ou a máscara – se primeiro higienizar as mãos. Não adianta colocar a máscara, botar a mão em todo lugar e depois no rosto. Por isso é preciso ter álcool em gel sempre à mão”, ensina Miriam. Tirar a máscara também deve ser feito sempre com as mãos limpas – e apenas pelas cordas nas laterais, sem encostar no tecido.

Como exemplo da forma ideal de agir, a consultora detalha qual deve ser a conduta do motorista ao chegar em um pedágio na estrada. “Antes de chegar à cabine para pagar, coloque a máscara. Depois de dar o dinheiro (e eventualmente receber o troco), passe novamente o álcool em gel nas mãos e só então retire a máscara”. A função se aplica a todas as situações em que é preciso interagir com outra pessoa, seja no aeroporto, no posto de gasolina ou para andar de táxi ou carro de aplicativo: use máscara e desinfete as mãos. 

“É preciso estar atento a estas pequenas coisas, porque a tendência é a gente se distrair. Com esses cuidados e a distância segura, a probabilidade de se contaminar é bem menor. E trata-se de uma situação dominó: se você se cuidar, consequentemente vai estar cuidando do outro”, finaliza Miriam.

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