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Governadores do Nordeste proíbem festas de Réveillon

Estados montam esquema para tentar conter reuniões clandestinas. As viagens pela região, ainda assim, devem acontecer como nos tempos pré-pandemia

Por Da Redação
Atualizado em 23 dez 2020, 10h30 - Publicado em 10 dez 2020, 20h12

Uma semana antes do primeiro turno das eleições municipais, o Brasil começou a ver um aumento do número de novos casos da covid-19, mas foi somente após o segundo turno, em 29 de novembro, que governadores e prefeitos tomaram iniciativas práticas para impedir que as contaminações voltassem aos números preocupantes de julho e agosto. Agora que o fim do ano se aproxima, diversos estados do Nordeste anunciaram o cancelamento de comemorações e a proibição de festas públicas e privadas. 

Na Bahia, o governador Rui Costa anunciou que está vetado qualquer tipo de comemoração, independentemente do número de participantes. Um decreto instituindo as regras foi publicado no Diário Oficial no dia 4 de dezembro e terá validade até 17 de dezembro, com indicativo de renovação. Rui Costa pediu empenho da Secretaria de Segurança Pública para inibir qualquer tipo de aglomeração. “Passei para o Secretário de Saúde e vou pedir agora para o Secretário de Segurança que faça o monitoramento das redes sociais para qualquer bar, qualquer barraca, qualquer estabelecimento comercial que esteja chamando para festas nos meses de dezembro e janeiro”, disse o governador. Na internet e em grupos de WhatsApp, anúncios de festas privadas circulam a todo momento, principalmente em Trancoso.

O show que aconteceria na virada do ano em Salvador, com presenças confirmadas de Ivete Sangalo e Gusttavo Lima, assim como as tradicionais festas em Porto Seguro, Arraial D’Ajuda, Trancoso e Caraíva foram todos suspensos. Um boletim da prefeitura de Porto Seguro divulgado na tarde da quarta-feira (9) diz que todos os 30 leitos de UTI para covid nos hospitais da região estão ocupados.

Mesmo que festas na Bahia tenham sido canceladas, a temporada deve acontecer como de costume e, para evitar que a situação no estado se agrave, o governo lançou na segunda-feira (7) uma cartilha com orientações e cuidados direcionada a hotéis, barracas de praia, agências de passeio e turistas. Veja o material completo aqui.

Cerco em Pernambuco

Em Pernambuco, festas de fim de ano estão terminantemente proibidas. “Com base no atual momento epidemiológico, estamos proibindo a realização de shows e festas de Natal e Réveillon, incluindo os realizados em espaços públicos, condomínios, clubes, hotéis e estabelecimentos afins, com ou sem cobrança de ingresso”, anunciou André Longo, Secretário Estadual de Saúde de Pernambuco em coletiva para a imprensa. Longo também anunciou que a fiscalização será intensificada: “Se continuarmos a ver a recorrência do descumprimento de protocolos, ações mais severas poderão ser adotadas nesses setores de lazer e entretenimento nos próximos dias e semanas”, alertou.

No Ceará, o prefeito de Fortaleza já havia anunciado em novembro que o Réveillon na capital está “totalmente descartado” e que permissão para festas privadas ainda seriam avaliadas. Em Jericoacoara, os hotéis do vilarejo já atingiram a ocupação máxima permitida de 80% neste fim de ano. “Não serão feitas grandes festas na cidade, mas as pessoas poderão curtir mais ao longo do dia, nos bares, nas pousadas, fazendo passeios”, disse Ricardo Gusso, secretário de turismo de Jijoca de Jericoacoara.

Em Alagoas, 95% da população depende do SUS

A tradicional queima de fogos na orla de Maceió e grandes festas privadas que costumam acontecer em São Miguel dos Milagres e Barra de São Miguel também foram canceladas. Contudo, eventos com até 300 pessoas estão permitidos. O Secretário de Estado da Saúde de Alagoas, Alexandre Ayres, alertou em coletiva no dia 3 de dezembro para o risco de colapso do sistema de saúde. “As pessoas virão de fora para curtir os eventos e voltarão para as suas cidades, enquanto aqui em Alagoas 95% da população depende do SUS. As pessoas daqui ficarão contaminadas e precisarão de tratamento”, ponderou o secretário.

No Rio Grande do Norte, a situação ainda é incerta. O Ministério Público do estado recomendou na quarta-feira (9) que os municípios de São Miguel do Gostoso e Touros instituam decreto ou ato administrativo que proíba reuniões com mais de 50 pessoas. Na Praia da Pipa, uma das mais famosas do estado, uma grande festa privada programada para durar seis noites segue com ingressos à venda. Em Natal, as comemorações que estavam agendadas foram canceladas. (Atualização 23/12/2020: São Miguel do Gostoso e Praia da Pipa mantiveram suas festas de fim de ano. O Ministério Público do Rio Grande do Norte tentou inutilmente barrar na Justiça a festa de Gostoso, que já vendeu 2 500 ingressos. Em Pipa, a determinação do cancelamento do Réveillon também foi em vão e por decisão do desembargador Amaury Moura Sobrinho, para quem o cumprimento do decreto municipal basta à sua autorização, a festa até o momento está de pé. Os organizadores de ambas exigirão teste RT-PCR realizado até 72 horas antes do início. O Rio Grande do Norte registrou 107 mil pessoas confirmadas para Covid-19 e mais de 2,8 mil mortes. Até a manhã do domingo (20), a taxa de ocupação de leitos de UTI na rede pública estava em 62%.)

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O mais novo Ministro do Turismo, Gilson Martins, empossado na madrugada desta quinta-feira (10) após a exoneração de Marcelo Álvaro Antônio, comunicou em uma rede social que o setor do turismo não aguentaria mais um lockdown. “Sabemos que o nosso maior ativo é o capital humano. Por ser, também, um operador do turismo, sei especialmente disso. Nós não teremos apenas uma recuperação econômica. Teremos a melhor recuperação econômica possível por causa do turismo. Para isso, faço este apelo: não podemos fechar o trade novamente”. 

 

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