Vem pra Nova York

Rogéria Vianna é publicitária e vive em Manhattan há mais de 10 anos, onde faz produção executiva para programas de TV como o "Entre Mundos com Pedro Andrade", na CNN. Aqui ela não vai poupar sola de sapato nem MetroCard para provar que Nova York é muito mais do que a Times Square
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Comidas que são a cara de Nova York em 16 endereços tradicionais

Hot dog, pizza, hambúrguer, bagel, donut e outros clássicos que valem (ou não) a fama que têm

Por Rogéria Vianna
Atualizado em 24 out 2023, 18h33 - Publicado em 5 set 2023, 16h05

Nova York é uma cidade que não para de se reinventar. Tem sempre o mais novo restaurante, a mais nova atração, o mais novo prato, a mais nova sensação do momento. Mas nem só de novidades vive a Big Apple. Existem também os clássicos, especialmente gastronômicos, que vivem no imaginário e na lista de viagem de qualquer turista que aterrissa por aqui. Mas será que eles valem mesmo a fama que têm? É isso que vou tentar desvendar agora.

HOT DOG

Nathan’s, Papaya King e Papaya Dog

O cachorro-quente surgiu nas ruas da cidade de Nova York na década de 1860, quando era vendido por imigrantes alemães e se chamava “salsicha de dachshund”. Em pouco tempo, os carrinhos vendendo esse sanduíche tubular se espalharam por toda a cidade e transformou-se no street food raiz da Big Apple. Hoje, eles competem com outros carrinhos e food trucks que vendem uma imensa variedade de comidas nas esquinas mais agitadas da cidade. É bem fácil identificar os que vendem hot dog: eles geralmente possuem um guarda-sol azul e amarelo. 

Quem está acostumado com o dogão brasileiro, que leva purê de batata, ervilha, milho e até ovo de codorna, pode ficar um pouco decepcionado com a simplicidade do cachorro-quente americano, composto apenas por salsicha (que aqui é algo entre a salsicha e a linguiça brasileiras), ketchup e mostarda. Para incrementar, no máximo um relish, que é uma conserva de pepino ralado.

Entre os lugares mais tradicionais para experimentar o verdadeiro american hot dog está o Nathan’s, criado em 1916 por um imigrante polonês que usou a receita secreta de temperos de sua esposa. Hoje, o ele é  tido como o cachorro-quente mais famoso do mundo, com restaurantes em todo o globo. 

É na sua loja original de Coney Island (veja na foto abaixo) que todo ano, no feriado de 4 de julho, acontece o concurso anual dos maiores comedores de cachorro-quente (falei mais sobre isso nessa matéria com os melhores programas no verão em Nova York). Joey Chestnut, o atual campeão, estabeleceu um novo recorde mundial de 76 cachorros-quentes em apenas 10 minutos em 2021. Em 2023, abocanhou a vitória e seu 16º prêmio de forma mais modesta, mandando 62 cachorros-quentes para dentro. A recordista mundial feminina, Miki Sudo, já matou 48,5 cachorros-quentes em 10 minutos, mas esse ano garantiu o título com “apenas” 39,5.

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Outra rede tradicional é o Papaya King. Fundada em 1932, ela há pouco tempo fechou sua icônica loja na esquina da 86th Street com a 3rd Avenue, mas já reabriu ali mesmo, do outro lado da rua. O Papaya Dog segue o mesmo estilo e pertence a um dos ex-sócios do Papaya King. 

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Ambos levam, além de mostarda, ketchup e chucrute, um molho de cebola vermelha – uma mistura picante à base de tomate misturada com vinagre. E você deve estar se perguntando a origem do nome: ela vem do espumoso suco de mamão vendido no Papaya King que se tornou uma marca registrada do local.

Se esses dogs valem a fama? Olha, eles estão longe de ser o melhor street food da cidade, mas vão matar a sua fome entre uma turistada e outra.

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PIZZA

Artichoke’s, Joe’s Pizza e $ 1 Dollar Slice

Podem falar o que quiserem, mas, para mim, não existe pizza melhor do que a do Brasil. Com isso dito e deixando as comparações de lado, prepare-se para conhecer as pizzas estilo New York. 

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A Artichoke’s é famosíssima e conta com quase dez lojas na cidade. O nome veio do ingrediente inusitado que virou o carro-chefe da marca: a alcachofra. A fatia é gigantesca (pode servir até duas pessoas de apetite moderado), coberta com um espesso creme de queijo e alcachofra (veja na foto abaixo). Muita gente torce o nariz só de ouvir, mas saiba que vai ser uma das coisas mais deliciosas que você pode comer por aqui. Vale demais a fama que tem (tanto que encaixei a pizzaria no meu roteiro de 36 horas em Nova York). 

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A Joe’s Pizza, fundada em 1975 e com três lojas em Nova York, poderia ser só mais uma pizzaria na metrópole, mas foi catapultada para a fama ao se tornar “a pizza do Homem-Aranha”. No filme Homem-Aranha 2 (2004), Peter Parker trabalha na Joe’s Pizza como entregador, mas é demitido devido aos constantes atrasos e excessivos contratempos nas entregas (afinal, estava ocupado salvando a cidade). 

O cardápio é simples, geralmente há três opções: muçarela, siciliana e, às vezes, pepperoni. A pizzaria pode ter ganho notoriedade desde sua aparição no filme, mas é tão boa que não precisava de nenhum super-herói para provar isso. Vale a fama.

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Já as fatias de pizza de apenas um dólar, as tais “$ 1 Dollar Slice Pizza”, podem ser encontradas por toda a cidade e são a opção de comida mais barata. Entre as redes mais populares estão a 2 Bros Pizza e a 99 Cents Fresh Pizza.

A fatia acaba de ser inflacionada para US$ 1,50 (em alguns poucos lugares você ainda pode encontrar pelo preço antigo), mas o título permanece. Não vai ser um queijo de ótima qualidade ou um molho de tomate da mamma e muito menos a melhor pizza da sua vida , mas vai estar quente, o que ajuda a enganar o paladar. Devore como um real new yorker: com as mãos, com a fatia dobrada no sentido longitudinal.

BAGEL

Murray’s e Russ & Daughters

Tudo indica que os bagels foram trazidos pelos judeus quando eles imigraram para cá a partir do final do século XIX. O pãozinho logo foi adotada pelos nova-iorquinos e se tornou um dos símbolos da cidade. Hoje, ele pode vir em diferentes sabores: sem nada, com gergelim, com cebola e o everything (uma combinação de diversas sementes). Eu não sou muito fã desse pão de consistência pesada, mas a combinação com cream cheese e salmão defumado me conquista de vez em quando.

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Um dos especialistas em bagels desde 1996 é o Murray’s, localizado no Greenwich Village. As filas podem ser um pouco caóticas, mas o bagel… Vale a espera e a fama.

Já no Lower East Side, o Russ & Daughters serve seus famosos bagels há mais de 100 anos. O salmão defumado é outra estrela da casa, então o seu clássico sanduíche cream cheese and iox (que ainda vem com alcaparras e cebola) é algo que beira a perfeição. Vale a fama, a viagem, tudo. 

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SANDUÍCHE DE PASTRAMI

Katz’s Delicatessen

Acredita-se que a história do pastrami nos Estados Unidos começou com os imigrantes romenos judeus, que chegaram entre 1881 e 1914. Ele é feito com peito de boi salgado por vários dias (um processo conhecido como corning) e macerado com uma mistura de especiarias. O produto é a joia da coroa das delicatessens judaicas de Nova York e o lugar que faz o melhor e mais famoso sanduíche de pastrami é, sem dúvida, a Katz’s

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Fundada em 1888 e frequentada por artistas e celebridades, prepara um pastrami sandwich enorme e cheio de recheio, dá até pra dividir. O filme Harry e Sally (1989) (um dos meus preferidos da vida, sei até as falas) ajudou a promover ainda mais o lugar. É lá que acontece a lendária cena em que a atriz Meg Ryan simula um orgasmo na mesa enquanto janta com Billy Crystal. E a tal da mesa está lá até hoje. Só não recomendo repetir a cena. O pastrami vale a fama? Oh, yes, yes, yes…

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DONUT

Krispy Kreme

As rosquinhas que a gente vê nos filmes — devoradas por policiais junto com um copo de café — podem ser chamadas de donuts ou doughnuts e são realmente amados por aqui. Apesar do Dunkin’ Donuts ter ajudando a torná-los famosos internacionalmente, eles não são nem de longe a melhor opção aqui.

Um clássico é o Krispy Kreme. O fundador da rede comprou uma receita secreta de um chef francês de Nova Orleans e começou a produzir seus donuts em julho de 1937 na Carolina do Norte. O resto é história. Apesar do cardápio de sabores ser amplo, o mais popular é o básico glazed, com cobertura açucarada, bem old school. Na Times Square fica a maior loja da rede do mundo, aberta 24 horas, onde é possível acompanhar a produção das rosquinhas. É gostoso, macio e tal, mas, na minha opinião, a fama é mais pelo legado da marca do que pelo donut em si.

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Então, se quiser um donut diferenciado e bom pra valer, aposte suas fichas — ou melhor, seus dólares — no Dough Doughnut, The Doughnut Project, Peter Pan Donut & Pastry Shop ou Supermoon Bakehouse.

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HALAL FOOD

Halal Guys 

Existem muitas comidas de rua em Nova York. Mas o food truck mais tradicional deles é, sem dúvida, The Halal Guys. As filas se formam constantemente, dia e noite, por pessoas que aguardam para degustar as comidas típicas do Oriente Médio e do Mediterrâneo. 

Pioneira em halal food, a marca começou com seus carrinhos em 1990. O sucesso foi tão grande que hoje eles também têm restaurantes e marcam presença em outros pontos do país. Há duas opções, o prato e o sanduíche, e ambos podem ser nos seguintes sabores: frango, beef gyro, combo (frango e beef gyro) e falafel, para quem não quer carne. 

Em todos eles vai o molho branco especial, cuja receita é guardada em segredo pelos “caras”. A comida é boa e saborosa, pode confiar. O preço também contribuiu para o sucesso: o prato bem servido (que pode ser suficiente para duas pessoas de apetite moderado) e o sanduíche custam cerca de US$ 10. Vale a fama.

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HAMBÚRGUER

Shake Shack e Five Guys

Qual é o melhor hambúrguer de Nova York? Essa é a pergunta que não quer calar. Não sei se um dia vou chegar a essa resposta, mas a busca tem sido uma delícia. Todo dia se ouve falar em um novo candidato, mas há dois clássicos que seguem firmes e fortes no topo das pesquisas. 

O Shake Shack, comandado pelo chef Danny Meyer, surgiu como uma simples barraca no Madison Square Park, em 2001. O sucesso foi meteórico e hoje a rede possui mais de 260 unidades nos Estados Unidos, sendo 20 apenas em Nova York. É um hambúrguer com carne de altíssima qualidade, um delicioso pão de batata que fazem dele um sanduíche quase gourmet que, sim, vale a pena você experimentar.

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Já o Five Guys é uma rede fundada em 1986 que segue uma linha tradicional, desde a decoração de suas lojas aos seus sanduíches. O hambúrguer tem um jeitão de feito em casa e tem 15 opções de coberturas, todas grátis, para deixar o seu sanduíche ao seu gosto. É o meu preferido, então vou te poupar da redundância de dizer se vale ou não a pena a fama que tem. 

Nessa matéria, eu listo os pontos fortes e as características marcantes de cada uma das redes

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COOKIES

Levain Bakery

Já vou começar abrindo meu coração: não sou a maior fã de cookies do mundo. Por isso, para me convencer a comer um deles, só sendo muito bom, o que para mim significa ser úmido e massudo (pois aqui eles costumam ser um pouco secos e fininhos). 

O mais famoso deles tem justamente essas características: o célebre cookie da Levain Bakery é motivo de longas filas e me convence a deixar a minha birra de lado. Vale, e muito, toda a fama que tem. 

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Dica extra: se você gosta de cookies como os do Levain, vale conhecer também os do Chip City Cookies, que têm o mesmo estilo, porém em sabores mais criativos que variam toda semana. Aliás, eu prefiro estes aos da Levain.

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CHEESECAKE

Junior’s Restaurant

Não existe sobremesa no mundo que eu goste mais do que cheesecake (talvez apenas pudim de leite condensado). Pode ser com ou sem cobertura – esse último é chamado New York Cheesecake, mais basiquinho. Por isso, faço questão de experimentar todos os que vejo pela frente, inclusive o do Junior’s Restaurant, que é considerado o mais famoso da cidade.

O cheesecake dessa rede de restaurantes, fundada em 1950, continua sendo o preferido de algumas famílias por gerações e gerações. É possível encontrá-lo até em supermercados. Mas, na minha humilde opinião de consumidora, acho uma fama exagerada. É um bom cheesecake, não vou negar, mas nem de longe considero o melhor de Nova York e confesso que não entendo esse auê todo por causa dele. 

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Pra mim, o melhor cheesecake da cidade, de longe, é o da Eileen’s Special Cheesecake, no SoHo. A loja é minúscula, mas os cheesecakes são macios, levinhos e vêm com uma cobertura generosa (o meu favorito é o de blueberry, da foto abaixo).

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CUPCAKE

Magnolia Bakery

Quando se fala em cupcake em Nova York, o primeiro nome que nos vem à mente é Magnolia Bakery. A padaria ganhou fama depois que seus cupcakes apareceram na terceira temporada da série Sex and the City, no ano 2000. Durante o episódio “No Ifs, Ands, or Butts”, Carrie e Miranda sentam-se em um banco do lado de fora da loja original da Magnolia Bakery na Bleecker Street, no West Village, conversando sobre Aidan, a nova paixão de Carrie, enquanto comem seus cupcakes. 

Em 2007, a Magnolia decidiu homenagear o programa que ajudou a torná-la famosa, criando um cupcake em homenagem a Carrie Bradshaw, que é igual ao que ela come na TV: baunilha com creme de manteiga rosa pastel. Ele foi relançado recentemente em homenagem ao lançamento da série And Just Like That…, continuação da saga das amigas na Big Apple — veja na foto abaixo (e confira um roteiro pela Nova York de Sex and The City).

Apesar da série ser a minha preferida, cupcake definitivamente não é o meu doce preferido. Mas, de acordo com os especialistas no assunto, o da Magnolia é macio e aerado e o vanilla buttercream icing (cobertura de creme de manteiga) é mais leve do que os da concorrência. Sendo assim, vale a fama que a série e a qualidade lhe deram. E, aproveitando que está por lá, não deixe de provar outro best seller da casa, tão famoso quanto os cupcakes: o banana pudding, que são pedacinhos de bolo misturados em um espesso creme de banana. Delícia.

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CRONUT

Dominique Ansel Bakery

Nova-iorquino adora uma fila. E se você vir uma na porta dessa padaria no Soho, pode apostar que é por causa de uma criação chamada cronut. Na primavera de 2013, o mestre confeiteiro francês Dominique Ansel revolucionou o mundo da confeitaria ao juntar dois clássicos: o croissant e o donut. Assim nasceu o cronut, um donut feito com massa de croissant.

Essa combinação fez tanto sucesso que as pessoas se aglomeram na calçada desde às 6h da manhã, antes mesmo da Dominique Ansel Bakery abrir, para garantir seus cronuts, que esgotam em questão de minutos. A fornada diária é de cerca de apenas 200 unidades, com sabores rotativos a cada mês. Padeiros de todo o mundo já tentaram reproduzir a receita, mas o melhor é sempre o original. Vale a fama, mas se você não estiver disposto a acordar cedo e encarar a longa fila, não estará deixando de comer a última bolacha do pacote.

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