Uma das enormes vantagens de morar em Portugal é a possibilidade de, num pulo, se teletransportar para um mundo completamente diferente. Um mundo tipo… o Marrocos.
Marrakesh é uma das cidades mais fascinantes que já conheci. Um caos absolutamente viciante onde carros dividem as ruas com cavalos, charretes, carrinhos de mão, motos e bicicletas tresloucadas e desafiam as leis da física praticamente ocupando o mesmo lugar no tempo e no espaço.
A medina, parte do centro histórico cercado de muralhas, é um labirinto de cores e cheiros surreais. O centro de tudo é a Praça Jemma-el-Fna, para onde tudo converge: vendedores, encantadores de serpentes, adestradores de macacos, músicos, mulheres que fazem tatuagens de henna, barracas de comida de rua.
Da praça saem os souks, os famosos mercados. De potinhos coloridos a colares, sapatos, lanternas e especiarias, passando por tapetes e artigos de couro, são uma festa para os olhos.
A arquitetura de Marrakesh é uma zona completa capaz de milagres. Do lado de fora é tudo meio bizarro. Do lado de dentro, verdadeiros oásis. Qualquer espelunca tem potencial de se transformar um rooftop delicioso ao alcance de um lance de escada (ou dois, ou quatro).
A comida é um capítulo à parte. Eu, que nunca abri mão do cuscuz, de repente me vi vidrada nos tajines. O Café des Epices serve um delicioso de frango com peras caramelizadas e sementes de gergelim. Juro que amanhã vou repetir antes de ir embora.
Marrakesh faz tempo que já não é um segredo para muita gente. Mas a vantagem de estar em Portugal é que qualquer dois dias já justificam a escapada. Eu, por exemplo, estou aqui por duas noites. Como já conheço os palácios, museus e jardins, estou só curtindo a piscina do riad (providencial para o calor de quase 40 graus), os restaurantes, o mercado.
E a bagunça, que eu a-do-ro.
A TAP opera voos diretos a partir de Lisboa que duram 1h40 e custam desde 100 e poucos euros. Quem tiver milhas da cia vai precisar de apenas 12.000 para ida e volta na baixa temporada (agora).
NOTA: durante o Ramadã, o mês sagrado do Islã que celebra a revelação do Corão ao profeta Maomé, os muçulmanos jejuam durante o dia e se abstêm de bebidas alcóolicas, cigarros e sexo – este ano ele termina agora no dia 24 de junho. Eles acreditam que a prática os aproxima de deus e estimula a generosidade entre as pessoas.
Verdade seja dita: isso não os impede de trapacear turistas o tempo todo. Fique de olho. Também não se encontra bebida alcóolica em canto algum.
Em compensação, o clima à noite é de festa de quermesse, com brincadeiras de rua com cara de antigamente e centenas de crianças brincando até tarde.