Os cinemas de rua mais incríveis de Paris
Os cinemas que as personagens Amélie Poulain e Emily “frequentavam”, o que a Catherine Deneuve decorou e até um hotel-cinema para aquela exibição privê
Uma das experiências imersivas possíveis em Paris é fazer a programação dos moradores. Ver um filme no cinema é uma delas. Em um mundo saturado de streamings, ir a um cinema de rua não é apenas um programa romântico, é um ato de resistência e uma forma de preservar um patrimônio ameaçado. Sem falar da experiência incomparável da sala escura. Aqui vai uma lista dos cinemas mais emblemáticos de Paris.
Ah, não custa lembrar: filme francês na França, claro, não tem legenda. Aliás, alguns têm: de tempos em tempos o programa Lost in frenchlation dá uma mãozinha aos anglófonos. Para além disso, é possível escolher um filme americano ou espanhol, aí sim legendados. Mas eu recomendo que você aposte num filme francês, suspenda a vontade de querer compreender tudo e entregue-se às salas escuras de Paris que fizeram a história do cinema.
Le Champollion
Ainda que seja um dos cenários de Emily em Paris, talvez o Le Champo não seja a escolha ideal para um fã fervoroso desta série ultracomercial. A histórica sala do Quartier Latin é especializada em filmes clássicos tipo old Hollywood e cinema de autor, nada mais oposto à Netflix. Lugar assiduamente frequentado por grandes diretores franceses, era o preferido de um dos ícones da nouvelle vague, François Truffaut. O Champo também recebe películas antigas recém restauradas e foi um dos cenários da recente campanha de Primavera 2023 da Chanel, estrelada por Kristen Stewart (dê o play no vídeo abaixo). Fique atento à programação Les Nuits du Champo, com sessões à meia noite. Saiba mais.
Studio 28
Decoração lúdica, clima da Montmartre antiga e ponto de encontro dos cinéfilos do bairro, o Studio 28, aberto em 1928, é um dos mais antigos cinemas da cidade e a primeira sala dedicada à avant-garde, tendo inclusive recebido exposições dos surrealistas Max Ernst, Man Ray, Juan Miró e Salvador Dalí. Original em tudo, o Studio 28 tem uma cenografia kitsch imaginada pelo artista Jean Cocteau, com os Irmãos Marx esculpidos como gnomos de jardim, e luminárias de latão em formato de cogumelos amanita. Como se não bastasse, era o refúgio da heroína do filme Amélie Poulain, personagem moradora de Montmartre. O cinema também tem um café aconchegante com um jardim de inverno para uma prosa inspirada antes e depois das sessões. Saiba mais
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L’Arlequin
O cinema que pertenceu ao comediante Jacques Tati é especializado em filmes estrangeiros (com legendas em francês) e fica no 6º arrondissement, entre Saint-Germain des Près e Montparnasse. No período soviético, o Arlequin ficou conhecido como Le Cosmos por ser a principal vitrine do cinema russo (representado pela distribuidora Cosmos), com exibições de cineastas como Andrei Tarkovski. Depois da queda do regime, o cinema se expandiu e hoje acolhe inúmeros festivais de diferentes países, incluindo o anual Festival du Cinéma Brésilien. Saiba mais
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Cinema du Panthéon
Fica em pleno quartier da Sorbonne e ao lado do Panthéon, monumento histórico onde estão sepultados os heróis da pátria francesa. O cinema tem 4 salas de exibição e um amplo café bar com cara de mercado das pulgas dos anos 1980, conferida pela decoração afetiva realizada por ninguém menos que Catherine Deneuve, uma habitué deste que é um dos cinemas de bairro mais aconchegantes da cidade. Além de Deneuve, um dos frequentadores assíduos do Panthéon foram os célebres escritores Jean-Paul Sartre e Jacques Prévert. Junto ao foyer-bar de Deneuve, o Panthéon dispõe de uma biblioteca e livraria só com títulos dedicados à sétima arte. Saiba mais
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Le Louxor
Construído na época em que ir ao cinema era sinônimo de glamour, a sala em estilo arquitetônico suntuoso dos anos 1920 tem influências orientais futuristas e do Art Déco, com enormes mosaicos em azul e dourado e outros detalhes inspirados no templo de Luxor, no Egito. O cinema hoje é um bom programa pelo conjunto da obra: do lugar, passando pela variedade de filmes (de clássicos a blockbusters), até o entorno próximo ao artístico quartier de Montmartre. Aproveite a varanda com vista para a Sacré Coeur, muito frequentada pela juventude do bairro. Só redobre o cuidado porque o Luxour é vizinho do quartier de Barbés, região onde vivem imigrantes em situação precária e por isso mais passível de assaltos do que a média em Paris. Aliás, a vida no quartier é retratada na comédia com Isabelle Huppert, A dona do barato, a anti-heroína que é vista na entrada do Luxour entre um trambique e outro. Saiba mais
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Le Grand Rex
Saudado em sua inauguração como “o mais belo templo jamais construído à glória do cinema”, o Le Grand Rex continua monumental e incomparável. O maior e o mais glamouroso de Paris, é um palácio suntuoso de cristal e veludo, super conservado e com capacidade para até 3300 pessoas! – e que recebe também concertos. Há 60 anos o gigante se notabilizou por popularizar Charles Chaplin. O lugar também é kids friendly e segue a tradição de exibir o mais recente filme da Disney durante a época de Natal. Saiba mais
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La Pagode
Arquitetura oriental e espírito underground, o La Pagode foi construído para ser uma mansão dada de presente a uma baronesa durante a Belle Époque. A arquitetura reflete a época na qual o japonismo e o orientalismo eram moda na capital. A arquitetura reproduz fidedignamente um templo budista, com direito a uma luxuosa casa de chá. A má notícia é que ainda não reabriu (está em reforma, com previsão de abertura este ano). A boa é que se for ao magazine Le Bon Marché é possível ver o prédio por fora e visitar a Cine Images, a loja de posters de filmes que fica em frente e sobre a qual eu falei aqui.
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Cinémathèque Française
O lugar, projetado pelo famoso arquiteto Frank Ghery, reúne muitos pesquisadores e cinéfilos de carteirinha. Além das salas de projeção, a Cinémathèque tem um museu com exposições temporárias (Romy Schneider e Cinema e Espionagem foram algumas das exibições recentes), uma cineteca e uma biblioteca completas, além de cursos de formação sobre a história da sétima arte. Fica na Rive Droite, no mesmo arrondissement do (bosque) Bois des Vincennes, o maior espaço verde parisiense. As sessões noturnas na segunda quinta-feira de cada mês são gratuitas para quem tem entre 18 e 25 anos. Saiba mais
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Lucernaire
No coração do 6º arrondissement, este centro cultural foi um ponto de encontro de Montparnasse desde os anos 1920. Bem mais informal que os demais, a Lucernaire é um espaço cultural alternativo com três salas de teatro, uma galeria de exposições, uma pequena livraria, um restaurante, um bar e três salas de cinema. Le Lucernaire organiza também concertos, leituras de teatro e poesia, debates sobre política e livros. Nunca um programa cinema mais barzinho foi tão animado. Saiba mais
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Hôtel Paradiso
No 12º arrondissement, o Paradiso é o hotel perfeito para um cinéfilo que prefere combinar encasulamento (o tal cocooning) com streamings. O primeiro cine-hotel de Paris é o lugar ideal para um date ou um programa diferente com amigos. Os quartos são munidos de projetores, equipamento de som profissionais de última geração e um menu recheado com muitos canais para a melhor experiência de cine-privé da vida inteira. Além disso, o Paradiso promove um dos melhores programas para as noites de verão: cinema a céu aberto no terraço com espreguiçadeira e cocktails, mais uma vista irretocável de Paris. Saiba mais
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