Imagem Blog de Mochila São 65 litros de histórias, encontros, emoções e aventuras. Com seu pequeno universo agarrado às costas em forma de mochila, Diego Macedo nunca volta o mesmo que partiu!
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Quanto custa aquele mochilão dos sonhos?

Talvez o que você precisa não seja de mais dinheiro e sim saber como gastar melhor o dinheiro que você tem

Por Diego Macedo
Atualizado em 6 mar 2019, 19h24 - Publicado em 5 mar 2019, 14h41
A difícil arte de economizar dinheiro para viajar (kitzcorner/iStock)
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Bem, antes que você se sinta enganado com o título deste post, vou lhe dar o spoiler: R$ 10.000,00. Você pode fazer um belo mochilão com muito menos do que isso, você pode precisar de um pouco mais, mas vamos combinar que R$ 10.000 para se gastar em uma viagem é um verdadeiro luxo.

Agora fica aquela pergunta: mas de onde você acha que vou tirar toda essa grana?

Para viajar precisamos de dinheiro e, basicamente, existem duas formas de se obter dinheiro: ganhar mais ou consumir menos. Como ganhar mais é algo que não está apenas em nossas mãos, vamos seguir o caminho “mais fácil”, o de consumir menos.

Mais fácil entre aspas mesmo, pois gastar menos dinheiro nem sempre é algo possível e, mesmo quando é, pode ser um verdadeiro desafio. Nem todo gasto é desnecessário ou supérfluo, mas existem também aqueles pequenos luxos que nos permitimos, inclusive para termos mais tempo livre e liberdade para nós mesmos. Gastamos mais para satisfazer alguns desejos, afinal de contas, nós merecemos.

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Cordillera de la Sal
Road Trip pelo Chile: 12 meses de aluguel dividido com amigos. (Diego Macedo/Arquivo pessoal)

Nós merecemos! É aí que começamos a cair nas armadilhas dos pequenos luxos: ao buscar uma vida mais fácil e tentar a todo custo satisfazer nossos desejos, muitas vezes frutos de pressões sociais, compramos e acumulamos coisas que não necessariamente precisamos, acabamos nos tornando reféns de bens materiais e, eventualmente, gastamos mais tempo com preocupações e novos hábitos para manter tudo isso.

Vamos dar uma olhada no clássico natalino: “Mas você vai comprar o seu carro quando?”. Na minha geração, sempre houve uma pressão pela compra do primeiro carro, tirar a habilitação aos 18 anos era quase que uma obrigação. Isso vem mudando, que bom!

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O modelo mais barato do carro mais vendido do Brasil em 2018 custava, em 05/03/2019 no site de sua montadora, R$ 46.290,00. Vamos usar esse valor e o meu perfil (homem entre 30 e 35 anos, morador da cidade de São Paulo) como referência para fazer algumas contas.

Muitas vezes não consideramos que a felicidade de se comprar um carro vem acompanhada de gastos que estarão conosco enquanto tivermos nosso companheiro automotivo ao nosso lado.

Se como eu, você mora no estado de São Paulo, seu IPVA corresponde a 4% do valor do seu carro, neste caso, estamos falando de cerca de R$ 1.850,00 de IPVA. Levando em consideração o valor do patrimônio, pode ser uma boa ideia fazer um seguro para ter noites de sono mais tranquilas. Com o meu perfil, de acordo com a cotação que realizei, eu pagaria cerca de R$ 1.250,00 de seguro.

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Existem também alguns “custos invisíveis”, como é o caso da depreciação. Ao longo do tempo, com a obsolescência e desgaste natural, nosso veículo vai perdendo valor no mercado.

Usando valores da tabela FIPE como referência (tabela de preços médios dos veículos no mercado nacional, elaborada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), nosso amigo sobre rodas terá uma desvalorização aproximada de R$ 6.900,00 no primeiro ano de uso.

Assim, apenas para manter nosso carro parado e em segurança, precisamos desembolsar R$ 10.000 em um ano, valor suficiente para fazer o mochilão dos seus sonhos.

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Não estou colocando na conta os valores gastos com combustível, juros de financiamento, revisões, manutenções e outros imprevistos. Não estou colocando na conta custos de estacionamento e a comodidade de poder tomar minha cervejinha com a consciência tranquila de quem não dirige sob efeito de álcool. No meu caso, que vivo em uma grande cidade, não estou colocando na conta as horas e horas de vida que perderia no trânsito. Se você parar para fazer as contas, com esses outros valores não discriminados, você certamente consegue pagar um mix de transporte público e carros de aplicativos/táxi que atenderá sua demanda mensal por transporte.

O metrô pode estar lotado, o ônibus abafado e, nos dias de chuva, você certamente olhará pela janela invejando aquela pessoa que está seca e plena ouvindo música no carro ao lado.

Está sonhando com aquelas férias de poucos dias, alguns finais de semana na praia ou com aquele bate-volta mensal para um lugar legal? Você não precisa trocar de celular todos os anos, talvez você já tenha roupas e calçados suficientes, umas noites em casa com amigos podem ser tão divertidas quanto bares e baladas

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Corcovado, Rio de Janeiro
Alguns dias no Rio: dois anos seguidos com o mesmo celular no bolso. (Diego Macedo/Arquivo pessoal)

São escolhas, não existe certo ou errado, mas para nós mortais, que não podemos ter tudo ao mesmo tempo, elas são necessárias. Faça suas escolhas e seja feliz com elas, isso é o que importa.

Só não me venha reclamar que nunca sobra dinheiro para ir para lugar nenhum ou achar que todo mundo que viaja tem dinheiro sobrando! E fica tranquilo, sei que não é fácil, todo mundo olha para a grama do vizinho e vê um gramado mais verdinho! 😉

E aí, você trocaria o sonho do carro próprio por um ônibus lotado e um mochilão para a Namíbia?

Mais histórias e fotos no Instagram: @dms.macedo

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