Se tem um bicho que alcança a quase unanimidade no quesito fofurice é a tartaruga marinha. Presente em um generoso trecho de nosso litoral, desde o Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte, passando por Fernando de Noronha, cinco espécies dos quelônios procuram, durante à noite, praias presumidamente desertas para montar seus ninhos.
Presumidamente porque nem sempre a praia escolhida é a mais indicada, entrando em cena os biólogos do Tamar para remover os ninhos para uma faixa de areia mais sossegada, sinalizando com estacas. Aliás, o calor da areia é fundamental para o desenvolvimento do embrião.
Entre setembro e março é a época em que as tartarugas deixam seus ninhos e rumam para o mundo desconhecido. Quem deseja ver esse emocionante espetáculo, as bases do Tamar de Regência (ES), Praia do Forte (BA), Pirambu (SE) e Fernando de Noronha (PE) organizam abertura de ninhos com a comunidade e os turistas. Geralmente dispostos em duas linhas laterais com as crianças na frente, os biólogos abrem os ninhos e soltam a centena de bichinhos.
Para elas, as areias parecem mais as dunas do Saara. Rastejam, rastejam, rastejam até que chegam no mar. Aí vem o mais triste da história: só um ínfimo grupo sobrevive ao primeiro contato marítimo, virando presas fáceis para aves, polvos e peixes. Mas se sobreviverem, ninguém segura elas.