Achados

Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Teste: o menu de 27 euros do Hisop (uma estrela Michelin), em Barcelona

O visual ultraminimalista do Hisop Passei as últimas semanas procurando maneiras de divertir-se com a desgraça alheia. A vida é assim: quando uns estão perdendo, outros estão ganhando. E neste exato momento ganha quem tem dinheiro para gastar na Europa em crise. Hotéis, restaurantes e lojas estão com descontos incríveis, principalmente nos países mais afetados […]

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h47 - Publicado em 12 jul 2012, 15h39

O visual ultraminimalista do Hisop

Passei as últimas semanas procurando maneiras de divertir-se com a desgraça alheia. A vida é assim: quando uns estão perdendo, outros estão ganhando. E neste exato momento ganha quem tem dinheiro para gastar na Europa em crise. Hotéis, restaurantes e lojas estão com descontos incríveis, principalmente nos países mais afetados pelo terremoto econômico: Espanha, Portugal, Irlanda e Grécia. O dossiê com as melhores pechinchas europeias você verá na matéria de capa da Viagem e Turismo de agosto. Até lá, detalho aqui alguns achados.

 

Enquanto você paga uma fortuna para comer em qualquer restaurantezinho mais ou menos de São Paulo, neste exato momento 21 restaurantes espanhóis com estrelas no guia Michelin estão servindo menus completos (aperitivos, entrada, prato principal e sobremesa) por menos de € 40 – R$ 100. Vale dizer que, nos tempos pré-crise, era impossível comer em qualquer um deles por menos de € 80.

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O mais radical é o Hisop, que serve dois aperitivos, entrada, prato principal, sobremesa e um coquetel por inacreditáveis € 27 (R$ 68). E não só na hora do almoço (como grande parte das refeições a preços promocionais), mas também no jantar, de segunda a quinta. Quinta passada eu fui conferir.

 

Não espere pompa. A julgar pelas instalações do restaurante, a estrela do Hisop é mérito exclusivo da cozinha do jovem (e belo, cá entre nós) chef Oriol Ivern Bondia, um especialista na cozinha catalã contemporânea, a base de produtos regionais e reinterpretações de receitas tradicionais. O lugar leva o minimalismo ao pé da letra: paredes absolutamente brancas (não há um quadro sequer), outras de madeira clara, e mesas redondas com cadeiras ultrabásicas enfeitadas com um arranjo de flores austero. E só.

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O chef Oriol Ivern

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Minha primeira sensação foi de déjà vu. O lugar (e também a filosofia) é parecidíssimo com outro restaurante estrelado que está em promoção, o Alkimia (mais detalhes na matéria da VT). As mesmas mesas redondas, os mesmos tipos de copos, o mesmo minimalismo – ainda que o Alkimia seja um tiquinho mais estiloso. O staff é jovem, simpático e informal. Frescura zero, coisa que eu adoro. Mas arriscaria dizer que a maitre demorou um pouquinho além da conta para nos atender e trazer as cartas. O menu de € 27 não está no papel. Mas não tive que perguntar, ufa. Ao final das explicações iniciais ela cantou os pratos do dia, com duas opções para a entrada e o principal. Meu namorado e eu pedimos um de cada, para provar de tudo.

 

Começou com uma aperitivinho de mexilhões com sorvete de alface. Gostosinho, mas não memorável (o sorvete de alface não tinha gosto de nada, constava só pelo geladinho). Na sequência, começou a melhorar: sardinhas com amêndoas naturais e em creme. Então chegou a entrada, e soltei os primeiros fogos de artifício por causa da cavala defumada, absolutamente deliciosa, com ovas de peixe e folhas verdes fresquíssimas. Os peixes e frutos do mar são a grande especialidade do Hisop. E àquelas alturas isso ficou claríssimo. Meu namorado pediu um arroz caldoso de queijo azul com jamón ibérico, também irretocável. Como principal, eu fui de robalo com verdurinhas, de chorar – menção honrosa para o ponto de cocção e para a casquinha crocante. O magret de pato do meu namorado também estava divino, com destaque para um purezinho de nabo, surpreendentemente gostoso e diferente, com certo gosto de doce de leite. Antes da sobremesa, um mojito com infusão de poleo menta, espuma de gin fizz e hierbabuena, levinho, para limpar o paladar (incluído no menu). Terminei com uma degustação de cinco queijos diferentes (espanhóis, italiano e francês) e ele com um surtido de texturas de chocolate com azeite. A bela cava que tomamos para acompanhar custou módicos € 21. Conta, já com o imposto e a bebida: € 40 euros por cabeça, o equivalente a R$ 100.

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Peço desculpas pela ausência das fotos dos pratos. Esqueci a câmera e as do celular ficaram sofríveis.

 

 

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