As casinhas coloridas, a molecada jogando bola, a igrejinha centenária com suas bandeirinhas farfalhando ao vento… Trancoso não seria o que é se não tivesse o Quadrado. Debruçada sobre uma falésia com vistas vertiginosas ao mar, a praça mais charmosa do Brasil é a comissão de frente do vilarejo que a Vogue americana definiu como “a resposta brasileira a Tulum”, praia mais hypada do México. Ficar hospedado lá, portanto, é o equivalente a dormir numa das casinhas de Little Venice, em Mykonos, ou no portinho antigo de Saint Tropez.
No lado esquerdo do Quadrado de quem olha para o mar, bem ao lado da loja Divinus, a Casa do Seu João Alves foi meu lar por cinco dias em Trancoso. Branquinha e com as janelas pintadas de azul, ela parece apenas mais uma casinha da praça. Mas, por trás da fachada singela, esconde-se um oásis com decoração rústica #sóquenão, assinada pelo designer holandês Wilbert Das (ex-diretor criativo da Diesel, ele fundou o hotel Uxua e vive feliz para sempre em Trancoso). Suas marcas registradas desfilam pelos cômodos, com magníficos móveis de madeira restaurados, banheiros que se abrem para o jardim, luminárias feitas com troncos… Nada, absolutamente nada destoa da tal simplicidade elegante que Trancoso transformou em produto para exportação.
Quem olha de fora até pode supor que se trata de uma casinha minúscula. Mas, assim como vários imóveis do Quadrado, a Casa do Seu João Alves tem um terreno compriiiiiido que – surpresa! surpresa! – entrega uma espetacular vista para o mar de seus terraços dos fundos. Sim, no plural. No andar de cima, há um deque com ducha, jardim e espreguiçadeira. E, descendo por uma escadinha, chega-se até o céu: um lounge sombreado que parece estar a quilômetros do agito do vilarejo, com vista para uma densa vegetação e a praia. Deu vontade de ficar só ali. Forever.
Mas não é só a décor ou a localização absurdamente boa que fazem a diferença. Ficar numa casa do Quadrado é uma experiência. A sala se abre diretamente para a praça e a interação com a atmosfera pulsante dos arredores é constante. Dei muita risada com os curiosos, nada tímidos, que se debruçam na janela para ver o que rola e só arredam o pé quando se dão conta de que não se trata de uma loja ou de um hotel. Já as duas suítes e terraços, ficam isolados da sala e da cozinha por uma porta de madeira, totalmente à prova de bisbilhoteiros.
A casa ainda tem uma mesa em pleno Quadrado, onde dá para tomar café da manhã ou jantar olhando o imparável vaivém. Vez ou outra, ela também acaba sendo usada por gente que passa, seja para descansar, tomar um sorvete ou conversar. Certa noite, ao voltar do jantar, nos deparamos com “nossa” mesa ocupada por uma turma de jovens do vilarejo, tocando violão e cantando maravilhosamente. Nos juntamos a eles e embalamos a madrugada conversando e até jogando “Eu Nunca”. Certamente tivemos a bênção de seu João Alves, o antigo morador. Figura mítica no vilarejo, ele reunia multidões nos seus domínios para festas que só acabavam com o sol raiando.
Clique aqui para ver a Casa Olava, outra casa linda no Quadrado, das mesmas donas a Casa do Seu João Alves.