Dinamarca: Aarhus com esticadas para Ebeltoft e Silkeborg

Por Adrian Medeiros Atualizado em 27 mar 2023, 13h03 - Publicado em 6 mar 2023, 10h09

Por Patrícia Figueiredo

A menos de três horas de trem de Copenhague, Aarhus é a segunda maior cidade da Dinamarca, mas em pouco lembra a capital. É que a universitária capital da Jutlândia Central tem uma atmosfera única, com um clima pacato de interior mesclado à efervescência urbana de uma cidade cheia de museus e restaurantes estrelados.

Ao caminhar pelas ruas de pedestres do centro, coalhadas de lojas, bares e cafés, é difícil acreditar que ali vivem só 330 mil habitantes. Nesse miolo, se destaca a Salling, uma loja de departamentos presente em todo o país e que, em Aarhus, tem sua unidade mais impressionante. O topo do prédio, chamado Salling Roofgarden, é composto de um labirinto de diferentes terraços ajardinados com arquibancadas onde rolam shows gratuitos, um restaurante que serve brunch diariamente e uma plataforma de vidro que avança sobre a rua e garante vistas incríveis de toda a cidade. 

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Inaugurado em 2017, o rooftop tem uma visão privilegiada da principal atração turística local, o museu ARoS. É fácil identificá-lo à distância graças à passarela circular “Your Rainbow Panorama”, do artista dinamarquês Olafur Eliasson, que coroa o prédio. Dentro dela, os visitantes veem o skyline mudar de cor conforme caminham entre as diferentes nuances que tingem o vidro do mirante. O ingresso do museu, que custa 160 coroas (ou € 23), dá acesso à passarela do último piso e aos outros nove andares de exposições que guardam obras como a escultura Boy, uma representação ultrarrealista de um menino agachado com impressionantes 4,5 metros de altura. A obra é do artista australiano Ron Mueck, que causou furor em São Paulo quando ganhou uma retrospectiva em 2014 na Pinacoteca.

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Outro representante da arquitetura contemporânea na cidade é o edifício DOKK1, que abriga biblioteca, teatro, repartições públicas e escritórios. Com entrada gratuita, o prédio foi um marco na renovação da região portuária da cidade e é rodeado de playgrounds coloridos que fazem sucesso com as crianças. No interior do edifício, uma curiosa escultura tubular de bronze vibra e faz barulho ao ser ativada, o que acontece toda vez que um bebê nasce na maternidade do Aarhus University Hospital.

Um contraponto à contemporaneidade do ARoS e do DOKK1 é o Den Gamle By, ou A Cidade Antiga, um museu a céu aberto que reúne 75 construções preservadas e transferidas de diversos locais da Dinamarca. A entrada, que custa de 125 a 190 coroas (de € 17 a € 26), dependendo da época do ano, permite ao visitante explorar as ruas e entrar em várias das casinhas restauradas. Elas são divididas em três áreas: na parte que retrata a vida antes de 1900 há moinhos, celeiros e até uma padaria em funcionamento. Os outros dois setores da cidade antiga contemplam os anos 1920 e a década de 1970. 

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As fachadas coloridas de estilo enxaimel do Den Gamle By se repetem, embora em menor número, no Latinerkvarteret, um dos bairros mais antigos de Aarhus. Pelas ruas de paralelepípedo da região se enfileiram bistrôs como o OliNico, que serve pratos do dia-a-dia dinamarquês por 65 coroas (cerca de € 8) no almoço, e cafés de especialidade como o La Cabra, que de tão popular já ganhou até filiais em Nova York, Bangkok e Dubai. 

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Perto dali, os prédios de tijolinho terracota característicos da Aarhus University se alastram por uma colina onde está o campus principal da universidade, que é aberto ao público. No topo dessa ladeira, o prédio Victor Albecks Vej guarda uma biblioteca cheia de jardins e chafarizes internos que, desde sua última reforma, em 2018, já foi reconhecida por diversos prêmios de arquitetura. 

Também é de responsabilidade da universidade a administração da estufa do Jardim Botânico de Aarhus, que tem entrada gratuita. Além de um pequeno café, a estufa guarda ainda reproduções fiéis de quatro biomas tropicais. Lá dentro há uma casa na árvore de onde é possível ver várias espécies de borboletas vivendo soltas e até um pequeno lago com vitórias-régias, plantas aquáticas típicas da Amazônia protegidas do rigoroso inverno dinamarquês graças a um eficiente controle de temperatura. 

Ebeltoft 

Ebeltoft, Dinamarca
Rua pitoresca em Ebeltoft. (stigalenas/Getty Images)

Saindo de Aarhus, a principal cidade da porção central da Dinamarca, é fácil explorar o interior do país com viagens de ônibus no estilo bate-volta. Com o passe diário da região da Jutlândia Central, que pode ser adquirido pelo app Midtraffik por 99 coroas dinamarquesas (cerca de € 14), dá para fazer viagens ilimitadas pelos ônibus intermunicipais e explorar cidades como Ebeltoft e Silkeborg, ambas a menos de uma hora e meia de Aarhus. 

Um bom ponto de partida, Ebeltoft tem só 15 mil habitantes, mas é um destino popular entre dinamarqueses durante o verão. Cheia de casas de veraneio, a cidade tem uma grande marina com cafés charmosos, restaurantes de frutos do mar e mercearias que vendem especialidades locais. Desde Aarhus, o ônibus intermunicipal 123 leva até o centro do vilarejo em 1h15min. 

Estacionada em um canto da marina, uma imponente fragata de guerra dinamarquesa construída em 1860 foi convertida em museu e atrai especialmente famílias com crianças. O tour pelo navio-museu Fregatten Jylland custa 140 coroas dinamarquesas para adultos (cerca de € 19), ou 90 coroas para crianças entre 3 e 17 anos (€ 12), e inclui uma gincana de caça ao tesouro para os pequenos. 

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Mais interessante para os adultos, o centro cultural Maltfabrikken, instalado em um antigo armazém de malte, é hoje um espaço multiuso com biblioteca, coworking, exposições, microcervejaria e mirante. A transformação do edifício, que estava abandonado e foi salvo por um grupo de moradores locais graças a um crowdfunding, virou exemplo de participação popular no país.  

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Outra atração turística no centro histórico é a antiga sede da prefeitura da cidade. O Det Gamle Rådhus é muito procurado por casais de toda a Dinamarca para oficializar o casamento civil em um cenário medieval. Como turista, é possível conhecer o pequeno museu municipal instalado na prefeitura em qualquer dia da semana, exceto aos sábados de manhã, quando os tais casamentos tomam conta de todo o espaço. 

Para além dessas escapadas, a verdadeira vocação turística de Ebeltoft está em flanar meio sem rumo entre o diminuto centro histórico e a marina, com paradas ocasionais para tomar um cafezinho – na região do porto, uma boa opção é o Apelgrens, tocado por uma sueca e um sul-africano que torram os grãos de café especial no próprio estabelecimento. 

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Silkeborg: o paraíso dos lagos da Dinamarca

østre Søbad, Silkeborg, Dinamarca
Østre Søbad, um dos lagos com estrutura em Silkeborg, no outono. (Thomas Dahlstrøm Nielsen/Wikimedia Commons)

Longe da costa, Silkeborg pode não ter praia, mas sobram lagos e trilhas que cumprem função parecida e rendem à cidade a alcunha de capital de atividades ao ar livre da Dinamarca. Para um bate-volta desde Aarhus é só comprar o passe de um dia no app Midtraffik e tomar o ônibus intemunicipal 124, que leva até a cidade em 50 minutos. 

A uma distância caminhável do centro, o Østre Søbad é um dos lagos mais famosos e tem boa estrutura para visitantes. Além do píer de madeira em formato de meia lua, que faz sucesso nos cliques para o Instagram, também há por ali uma filial do café Woodys, quadras de vôlei de praia e uma sauna pública. 

O costume local é se aquecer na sauna e, de lá, ir direto para o píer para um mergulho no lago. Ainda que seja mais popular nos meses mais quentes, o lago e a sauna também ficam cheios nos finais de semana do inverno. 

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No outono, as árvores do entorno se tingem de um tom intenso de amarelo, e as trilhas ao redor do lago ganham cara de cenário de filme. Uma delas, com menos de 1,5 quilômetro, leva até o Vestre Søbad, outro píer com estrutura de vestiário e piscinas naturais. 

Ainda que menos histórico do que o de Ebeltoft, o centro de Silkeborg também tem seu charme, e ganha pontos pela integração entre a natureza e elementos arquitetônicos modernos, como é o caso do teatro Jysk Musikteater, que fica bem em frente a uma cachoeira.

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COMO CHEGAR

Entre Copenhague e Aarhus o melhor meio de transporte é o trem, que é operado pela companhia nacional DSB. O site oficial, no entanto, não abre no Brasil, então é preciso comprar os bilhetes direto nas estações ou, com antecedência, no site internacional da ferrovia alemã Deutsch Bahn, que também emite passagens para alguns trechos na Dinamarca.

Para viagens entre Aarhus e as cidades do seu entorno é possível alugar um carro – a locadora Europcar tem várias unidades no centro – ou optar pelos ônibus intermunicipais. Com o app Midtraffik é possível adquirir um passe diário que permite viagens ilimitadas em toda a região da Jutlândia Central por 99 coroas dinamarquesas (cerca de € 14). 

ONDE FICAR

Em Aarhus, o BOOK1 é o representante da categoria hostel moderninho. Bem mais elegante, o Villa Provence tem clima de pousada e fica bem perto das principais atrações do centro da cidade. Busque outras opções de hospedagem em Aarhus pelo Booking.

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Informações ao viajante

Línguas: Dinamarquês,sendo que inglês e alemão são amplamente difundidos

Saúde: Não há exigências específicas

Melhor época para visitar: De abril a novembro, as temperaturas são agradáveis e muitas atividades e eventos ao ar livre são possíveis

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