A direção do Museu de Arte de São Paulo (Masp) divulgou em 20 de agosto detalhes sobre o projeto de expansão de um dos ícones da capital paulista. A proposta é transformar o antigo prédio residencial Dumont-Adams, que fica logo ao lado, em um anexo que será ligado ao edifício principal por meio de uma passagem subterrânea.
O túnel ficará sob a Rua Otávio Mendes, onde passará a funcionar a bilheteria. Dessa forma, o acesso ao museu poderá ser feito tanto pela Avenida Paulista quanto pela Alameda Casa Branca, liberando totalmente o vão do Masp. A mudança atende um dos antigos desejos da arquiteta Lina Bo Bardi, que visualizava o espaço como uma espécie de praça pública coberta.
A ocupação do prédio vizinho, que está desabitado há anos, permitirá que o museu amplie a sua capacidade de público e acervo: 7 andares receberão exposições temporárias e os outros 7 serão usados para cursos, eventos, laboratórios de restauração e armazenamento de obras da reserva técnica. O restaurante A Baianeira, que atualmente fica no segundo subsolo do Masp, também será transferido para o piso térreo do novo anexo.
Isso abrirá espaço para que uma das construções mais icônicas da Avenida Paulista consiga se dedicar inteiramente ao seu próprio acervo: das mais de onze mil obras que pertencem ao Museu de Arte de São Paulo, pouco mais de mil estão expostas ao público. As obras aumentarão em 66% a capacidade expositiva do museu, que passará de uma área de 10.485 m² para 17.680 m².
Para se integrar ao Masp, o Dumont-Adams passará por uma mudança estrutural e visual: além de receber iluminação por LEDs, a fachada do prédio será envidraçada e revestida por uma chapa metálica perfurada, que diminui as oscilações térmicas do lado de dentro.
Essa alteração é importante para que o espaço possa receber exposições com pinturas a óleo. A primeira, dedicada ao pintor anglo-irlandês Francis Bacon, já está programada para 2024. No ano seguinte, o novo anexo deve receber as obras do impressionista Claude Monet, atual tema de uma mostra imersiva no Shopping Pátio Higienópolis.
A expectativa é que as obras sejam concluídas até janeiro de 2024 a um custo de R$ 180 milhões, doados à instituição por pessoas físicas. O projeto foi assinado por Júlio Neves, ex-diretor do Masp, em coautoria com o escritório Metro Arquitetos,
Quando tudo estiver pronto, o anexo será rebatizado de Pietro Maria Bardi, nome do primeiro diretor artístico do museu, enquanto o prédio principal se chamará Lina Bo Bardi, em homenagem à arquiteta que o projetou. Os dois, vale dizer, eram um casal e ajudaram o jornalista e empresário Assis Chateaubriand a fundar o Museu de Arte de São Paulo, em 1947.
Um pouco de história
A história do Museu de Arte de São Paulo começou com o desejo do jornalista Assis Chateaubriand de montar uma das maiores galerias de arte do mundo no Brasil. O espaço ele tinha: havia reservado um andar inteiro no prédio da antiga sede do Diários Associados, na Rua Sete de Abril, em São Paulo. Dinheiro também não era problema: Chatô era um magnata das comunicações e uma das pessoas mais influentes do país. O que ele precisava era de alguém que organizasse a galeria e apontasse quais obras valiam ou não o investimento. Eis que entra na história o crítico de arte Pietro Maria Bardi e a sua esposa e arquiteta Lina Bo Bardi, que conheceram Chatô durante uma exposição no Rio de Janeiro.
Pietro foi convidado para ser o diretor artístico e Lina, a arquiteta responsável por adaptar a sala onde os quadros ficariam expostos. E assim, em 2 de outubro de 1947, foi inaugurado o Masp. Ele ficou no centro da capital paulista até 7 de novembro de 1968, quando foi finalmente transferido para o prédio da Avenida Paulista. O projeto ficou novamente sob a responsabilidade de Lina, que impôs a condição de que o prédio não poderia obstruir a vista para a cidade.
Nascia assim a ideia para a criação do famoso “vão do Masp“, um espaço aberto de 74 metros de comprimento que se tornou um marco na história da arquitetura do século 20. Hoje, o museu contempla o mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul, com mais de 11 mil pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos, que abrangem a produção europeia, africana, asiática e americana.
No meio dessa história toda, o Dumont-Adams sempre esteve ali ao lado. Construído nos anos 1950, o prédio era de uso residencial, mas foi sendo totalmente desocupado ao longo dos anos. A sua história começou a virar em 2005, quando foi adquirido pelo Museu de Arte de São Paulo através de um financiamento obtido com a empresa de telefonia Vivo. Naquela época, a ideia de Júlio Neves, então presidente do museu, já era usar o prédio como um anexo. Porém, o projeto original previa a construção de um mirante no topo, o que desagradou o Conpresp.
Além do parecer desfavorável do órgão que protege patrimônios tombados, houve diversos problemas judiciais entre os representantes do museu e a Vivo, que acabaram mantendo a ideia no papel por mais de 15 anos. Agora, as partes envolvidas finalmente concordaram com o novo plano de expansão, apresentado pelo escritório Metro Arquitetos. O vídeo abaixo mostra um esboço do projeto:
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