Eram quase 5 horas da manhã quando eu desci do Uber na orla de Copacabana, bem em frente à estátua de Carlos Drummond de Andrade. Achei que a praia estaria deserta (e amedrontadora), mas me deparei com uma orla vivíssima, mesmo que ainda fosse noite. Atletas praticando todo tipo de esporte já estavam às dezenas na calçada, na areia e no mar: corrida, canoagem, ciclismo, natação e, em maior volume, stand up paddle, ou simplesmente SUP, que era o meu objetivo naquela madrugada de abril.
Algumas barracas oferecem o passeio para assistir ao nascer do Sol com saídas do comecinho de Copacabana – onde as ondas são mais calmas. O SUP, não custa lembrar, consiste em remar de pé sobre uma prancha parecida com a de surfe. Eu fechei o passeio com a Garritano SUP, por indicação de uma amiga, mas há outras barracas que oferecem o passeio ao longo do mesmo trecho.
Antes de subir na prancha
O passeio acontece todos os dias, com início marcado sempre às 5 horas da manhã. É tudo muito organizado: na tarde anterior, a equipe adiciona todos os participantes em um grupo do WhatsApp, onde são fornecidas informações importantes como horário, ponto de encontro e algumas dicas de segurança. Tudo bem explicadinho. Por isso, eu estava tranquila quando cheguei na barraca rosa neon e fui recebida pelos instrutores.
Dentro da barraca, há vários guarda volumes, fechados com zíper. Não é preciso pagar nenhum valor à parte para deixar os pertences ali – embora a recomendação seja não levar nenhum objeto de valor. A Garritano oferece capinhas de celular à prova d’água sem custo, o que é maravilhoso. Tudo o que eu não queria era virar um meme do perrengue chic vendo meu celular mergulhando no mar.
Todos à postos e, na sequência, os instrutores, muito carismáticos e prestativos, juntam os participantes em uma roda. Éramos em torno de 40, com gente vinda de vários cantos do Brasil e do mundo. Após uma breve apresentação, os instrutores passam instruções de segurança importantes e ensinam a ficar de pé na prancha, a forma ideal para segurar o remo e as melhores formas de executar os movimentos.
Até por isso, o passeio é ideal para iniciantes: saber nadar não é um requisito e várias pessoas no grupo nunca tinham praticado o stand up paddle antes. Tem colete salva-vidas para todo mundo, mas o uso não é obrigatório – embora muito recomendado.
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Com as recomendações básicas apresentadas e após um breve aquecimento, é hora de pegar os coletes e escolher as pranchas. Os instrutores orientam a prancha e remo ideais para cada um, já que as maiores e mais pesadas são recomendadas para pessoas mais altas. Eu, com meu 1,60 m de altura, fiquei com uma das menores, o que foi ótimo, já que fica mais leve para remar.
Todos posicionados, com prancha e remo na areia. Os instrutores levam cada prancha de duas em duas para o mar, para ajudar cada um a subir na prancha e começar a remar. Eu fui uma das últimas e, quando entrei, já conseguia avistar um esboço do lindo degradê do nascer do Sol.
No mar
A minha expectativa era de que, ainda sendo noite, a água do mar estivesse congelante. Fiz todo o preparo psicológico, mas me surpreendi no melhor sentido ao colocar os pés na água: estava geladinha e bem suportável. Logo já subi na prancha e não tive mais contato com a água. Por já ter praticado o stand up paddle algumas vezes, a subida foi tranquila, mas vi várias pessoas levando caldos nas pranchas vizinhas – o que é super normal.
Mesmo assim, ficar de pé é um desafio, principalmente quando bate um ventinho. Os instrutores ficam de olho e dão algumas dicas para ajudar a no equilíbrio, como manter os joelhos flexionados e subir o tronco de uma vez só. Mas para quem quiser só curtir a brisa, dá para ficar sentado na prancha e remar tranquilamente.
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Remamos até chegar em alto-mar – depois de certo ponto, os instrutores indicam a não ir mais adiante, mas cada um vai até onde a coragem permitir. No dia que fiz o passeio, havia uma névoa cinza na linha do horizonte, e achei que atrapalharia a visibilidade. Mas, quase tímido, o Sol abriu espaço devagarinho entre a névoa, quando marcava seis horas e nove minutos. O cenário é fabuloso, daqueles que a gente até tenta, mas não consegue traduzir nas fotos.
Quem rouba a cena são as constantes revoadas de pássaros que riscam o céu em meio ao nascer do Sol. Ao fundo, emoldurando a paisagem, os morros do Rio, como o Pão de Açúcar, formam o enquadramento perfeito. Até mesmo olhar para trás, para a orla de Copacabana com seus prédios charmosíssimos, é um espetáculo.
Mesmo levando o celular, os instrutores também fazem algumas imagens e vídeos dos participantes como cortesia. Isso veio muito a calhar, já que eu fiz o passeio sozinha. Também passam alguns drones zunindo acima durante o passeio. As fotos são todas adicionadas em um Drive e disponibilizadas no grupo do WhatsApp após o passeio.
Por volta das 6h30, os instrutores avisaram que era hora de voltar. Remamos de volta e desembarcamos aos poucos na areia. Todos em terra firme, foi a vez da foto do grupo e uma saudação final. E na minha mente, só vinha o refrão: “o Rio de Janeiro continua lindo”.
Serviço
A Garritano SUP está no posto 5 de Copacabana, bem em frente à estátua de Carlos Drummond de Andrade (inclusive, é a referência que usei como destino para o carro de aplicativo). Os passeios acontecem diariamente, e é preciso agendar com antecedência pelo WhatsApp.
Os passeios custam R$ 100 de terça a quinta e R$ 120 de sexta a segunda. A única forma de pagamento aceita é Pix e o agendamento só é confirmado após o envio do comprovante. Se chover, o passeio é cancelado.
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