Como é a hospedagem no Nannai resort, em Muro Alto
O resort pernambucano é famoso pelos bangalôs suspensos sobre piscinas privativas, mas surpreende muito no serviço afinadíssimo e na gastronomia
O processo de desacelerar o corpo começou logo no check-in, onde água de coco e espumante estavam à espera para refrescar e brindar o início da estadia no Nannai. Ao fundo, o visual da Praia de Muro Alto acompanhou a curta caminhada até um dos bangalôs suspensos sobre piscinas privativas, que são marca-registrada do resort e acrescentam altas doses de romance a qualquer estadia. Fui recebida com flores e folhas que formavam bonitos desenhos sobre a cama e a pia do banheiro, uma surpresa delicada que se repetiria a cada vez que meu quarto recebia a visita da camareira — às vezes, acompanhada ainda de um chocolatinho.
Coberto por um bonito paisagismo, o terreno é amplo (são 12 hectares) e ao mesmo tempo boutique. Em um país repleto de resorts que exigem longas caminhadas para ir de um ponto a outro, o Nannai é prático e compacto. Em frente à recepção estão a piscina, o restaurante principal, o recém-inaugurado restaurante a la carte TiaTê e, um pouco mais adiante, a praia. À esquerda, no canto mais afastado do mar, está o spa, as quadras esportivas e o kids club. À direita fica a maior parte dos bangalôs e também o bloco de apartamentos.
Por todos os lados, o sossego predomina: música alta na piscina e atividades de recreação não existem por ali. A proposta do Nannai, que se autodenomina um “slow resort”, é proporcionar momentos de descanso, relaxamento e contemplação. A gastronomia de primeira é outro foco da hospedagem, que funciona em regime de meia pensão (café da manhã e jantar) e também oferece aos hóspedes um completíssimo chá da tarde servido às 17h no gramado da piscina.
Essa longa lista de atributos já é bastante conhecida e atrai principalmente casais e grupos de adultos, ainda que as famílias com crianças também sejam muito bem recebidas (conto sobre isso mais para o final da matéria). A minha surpresa foi constatar que, dentre tantos predicados, o ponto forte é mesmo o serviço. Tudo o que eu vi foram sorrisos sinceros e que me fizeram perguntar qual seria o segredo. E, no fim, é simples: é ótimo ter a carteira assinada pelo Nannai, que inclusive recebeu o selo internacional Great Place to Work em 2022 e 2023.
Pude constatar isso com meus próprios olhos durante um tour pelos “bastidores” do Nannai, onde descobri existir quase um resort dentro do resort, sob a filosofia de que tudo que é bom para o hóspede deve ser bom também para a equipe. Há refeitório com chef e nutricionista, áreas de descanso com pufes e redes, jardim com horta comunitária, salão de beleza e academia com personal trainer. Sem falar de remuneração, bônus e premiações: os funcionários fazem viagens para conhecer restaurantes e hotéis de luxo em São Paulo e no Rio de Janeiro. O resultado é um serviço acolhedor e sem bajulação.
LOCALIZAÇÃO E COMO CHEGAR
O Nannai fica na Praia de Muro Alto, 10 km ao norte de Porto de Galinhas. Do aeroporto de Recife, são cerca de 60 km percorridos em menos de uma hora.
Empresas como a Pontual Receptivo fazem o transporte até o resort, além de passeios de lancha para a Praia dos Carneiros. Para visitar a vila de Porto de Galinhas, basta pedir um táxi na recepção.
O nome da Praia de Muro Alto deriva de uma formação de recifes que corre paralela à faixa de areia. Na parte sul, à esquerda de quem olha para o mar, o paredão está muito próximo da orla e por isso é preciso atenção para não pisar em pedras pontiagudas e em siris que se escondem por ali. Mas justamente na frente do Nannai a orla recua e forma uma piscina natural deliciosa.
BANGALÔS E APARTAMENTOS
O Nannai é a hospedagem brasileira que mais se assemelha aos resorts da Polinésia Francesa por conta dos seus 49 espaçosos bangalôs, todos com muita madeira e teto revestido de piaçava. A diferença é que, enquanto nos arquipélagos da Oceania as construções ficam sobre o oceano, aqui os quartos estão suspensos sobre espelhos d’água e piscinas privativas.
Espalhados pela propriedade de forma que todos tenham um pouco de privacidade, os bangalôs são voltados para um jardim tropical (diárias a partir de R$ 4.315 para duas pessoas) ou então para a praia (a partir de R$ 5.100).
A exceção é a colossal “Suíte Villa”, de 90m² (a partir de R$ 6.557). Ótima opção para quem não quer ver e nem ser visto, ela possui um enorme quintal com piscina e está totalmente cercada por muros.
Mas nem só de bangalôs vive o Nannai. Em um edifício comprido no centro da propriedade ficam os 42 apartamentos (a partir de R$ 2.875) — menos glamurosos, é verdade, mas ainda assim bem espaçosos e confortáveis, munidos de gostosas varandas com rede para balançar. Enquanto os bangalôs possuem um apelo óbvio para casais, os apartamentos acabam sendo buscados principalmente para quem viaja com crianças e famílias numerosas.
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ATIVIDADES
No trecho da Praia de Muro Alto onde está o Nannai, as águas são calmas o suficiente para os hóspedes remarem caiaques e stand-up paddles, disponibilizados pelo resort. A maré nunca cobre totalmente a faixa de areia, mas mesmo quando ela está baixa o espaço para colocar espreguiçadeiras e guarda-sóis é limitado. Isso não chega a ser um problema: o hotel, que fica um pouco acima do nível da praia, também possui uma porção de convidativas daybeds de frente para o mar.
Quando não estão ali curtindo momentos de contemplação, em geral os hóspedes estão dentro da piscina, linda e enorme, que se espalha de forma orgânica em direção ao mar. Mesmo quem tem uma piscina para chamar de sua, como foi o meu caso, acaba frequentando. É difícil resistir. E quem estiver hospedado no bloco de apartamentos pode nem sentir falta de ter uma piscina privativa: há sempre um cantinho livre e sossegado para chamar de seu.
A única disputa é pelas quatro hidromassagens com paredes de vidro, inauguradas em agosto de 2023, que eu nem consegui chegar perto. Durante a minha estadia, havia um grupo numeroso que clamava o território logo pela manhã e só saía tarde da noite, depois de muitas garrafas de espumante. Quem sou eu pra julgar?
A proposta do Nannai é justamente essa: relaxar sem ver a hora passar, em um ambiente tranquilo onde as caixas de som só tocam brasilidades em volume ameno e não há recreadores endorfinados propondo atividades mil. Como eu já mencionei, a proposta é ser “slow”.
Os monitores estão por lá, mas não abordam os hóspedes e ficam a postos caso alguém queira um parceiro para jogar futmesa, tênis ou beach tennis. O hotel disponibiliza todos os equipamentos.
Ao lado das quadras fica a academia, uma loja com ótima curadoria de marcas de moda praia (grande o suficiente para renovar todo o guarda-roupa de verão) e um spa assinado pela L’Occitane.
Quem faz um dos tratamentos (não incluídos na diária) tem direito a usar a piscina, a única aquecida do complexo e com jatos d’água que massageiam o trapézio, a lombar e os pés.
Mas eu fui conduzida direto para uma espaçosa sala de tratamento com banheira de hidromassagem na varanda. Depois de selecionar o aroma dos sais que seriam utilizados, fui deixada a sós para um banho demorado. Precisar não precisava, mas depois ainda teve uma massagem relaxante de uma hora e meia, que utilizou os cheirosíssimos produtos da linha Verbena da L’Occitane, para soltar os poucos nós que restavam no meu corpo. Aprovadíssima.
Ao cair da noite, outra ótima opção de atividade paga à parte é o “Mesa do Bartender”. A experiência é conduzida pela simpática Karine, que demonstra como preparar drinques clássicos enquanto conta a origem de cada um. É uma verdadeira aula e, de quebra, Karine ajuda a compreender melhor o seu paladar etílico. Esteja preparado para beber: na minha noite, teve Bamboo, Clover Club (que a bartender ensina a deixar sem gosto de ovo), Cosmopolitan e um providencial Espresso Martini para despertar depois de tantas taças.
É bem provável que você nem sinta vontade de sair do resort, mas a um pulo dali está a vila de Porto de Galinhas, repleta de lojas e restaurantes, de onde saem passeios de bugue pelas praias da região e de jangada (veja aqui um guia completo de Porto de Galinhas). O mais comum é que os hóspedes do Nannai optem por passeios em lanchas privativas até a Praia dos Carneiros com empresas como a Pontual Receptivo.
GASTRONOMIA
O Nannai funciona em regime de meia pensão, com café da manhã e jantar, mas a sensação é quase a de estar em um resort all-inclusive.
Servido em sistema de buffet no restaurante principal, a primeira refeição do dia deixa qualquer um deliciosamente indeciso diante dos diferentes tipos de pães, frios, iogurtes e bolos, além de espumante à vontade. Todo aberto, o salão é arejado e não raro recebe a visita de macaquinhos.
Depois que o café da manhã se encerra, às 10h30, não demora muito para que os garçons comecem a circular pela área da piscina com petiscos de cortesia — às vezes um caldinho, um escondidinho, um canapé, um risoto, um dadinho de tapioca, um sorvete… E assim você vai engando a fome até que, às 17h, um sino toca. É o sinal de que está servido o chá da tarde, outra cortesia do hotel que vale por uma refeição inteira.
Mesas e cadeiras são espalhadas no jardim em frente à piscina, onde são montados buffets com bebidas quentes, sucos, bolos, quiches, tortas (a de frango estava divina) e até uma estação que prepara tapiocas na hora. E não para por aí. Garçons passam servindo pães de queijo quentinhos e em cada mesa é deixada uma torre no estilo chá da tarde inglês, com sanduíches e docinhos que variam a cada dia.
É um dos momentos mais gostosos de estar hospedado no Nannai: se deliciar vendo o céu mudar de cor à medida que o sol se põe depois de um dia na praia é uma daquelas lembranças que ficam.
Os hóspedes costumam aparecer para o jantar no restaurante principal mais tarde da noite, alguns com looks caprichados, e se demoram à mesa (a refeição é servida das 19h30 às 23h). Isso porque é bastante agradável ficar por ali: durante a refeição, há sempre música ao vivo, geralmente voz e violão.
No buffet, o feijão inexiste, enquanto lagosta é coisa comum. As opções variadas surpreendem pela apresentação e também pelo sabor.
Há também estações de massas e pizzas, de carnes e peixes grelhados e de sushis, em que você pode montar o seu “combinado” do jeito que quiser.
Ou seja, apesar do almoço não estar incluído na diária, as demais refeições são tão fartas que é até possível descartá-lo. Porém, pelo menos um dia vale fazer um “esforço” para almoçar no restaurante à la carte TiaTê (aberto das 12h às 16h), inaugurado bem ao lado da piscina em novembro de 2022.
Dentre as entradas, o arancini de moqueca e o sanduíche de camarão e polvo no brioche são de aplaudir de pé. As opções de pratos incluem clássicos como arrumadinho e uma impecável moqueca que vem com lagostim.
De sobremesa, tem cartola na brasa (sobremesa típica pernambucana que leva banana, queijo de manteiga, canela e açúcar) e o melhor beijo caboclo que você vai provar na vida. Parecido com um pudim, ele leva leite condensado, leite de coco, coco ralado e ovos. Eu, que não gosto de pudim e menos ainda de coco, raspei o prato e quase pedi mais um.
NANNAI COM CRIANÇAS?
As crianças não são o foco do Nannai, mas ainda assim são muito bem recebidas. Para começar, todos as categorias de bangalôs e apartamentos podem acomodar até três adultos e uma criança. Para cada hóspede adicional, cobra-se mais 30% do valor da diária. Nos apartamentos, existe a possibilidade de pedir quartos conjugados.
Ao lado do restaurante principal há uma copa baby com leite em pó, frutas e outros lanchinhos para os pequenos. O café da manhã, variado, atende bem as crianças. No jantar, pode ser que haja poucas opções para o paladar infantil — não vá esperando uma seção de menu kids com arroz, feijão, nuggets e batata frita, como acontece em outros resorts. Mas notei que as famílias se viravam bem pedindo um macarrãozinho simples na estação de massas, complementado por alguma carne e legumes no vapor.
Na praia, baldinhos e pás são fornecidos para as crianças construírem castelos de areia e elas aproveitam muito o mar calminho em frente ao hotel. A garotada que já sabe nadar também se esbalda na piscina principal, que fica funda em alguns trechos.
Pensando nos hóspedes que viajam sem filhos e querem sossego, o Nannai construiu o kids club na ponta mais afastada do seu terreno. Ali há uma piscina rasa e outra um pouco mais funda (cada uma com um escorregador), um bonito playground de madeira sob a sombra das árvores e uma área coberta com mesas de pingue pongue, pebolim e sinuca.
Para os menorzinhos, há uma sala climatizada com brinquedos, livros e televisão passando desenhos infantis.
Os recreadores ficam por lá e organizam brincadeiras e oficinas de manhã e à tarde, com um intervalo para os pequenos almoçarem com a família. A partir dos quatro anos, é permitido ficar desacompanhado no kids club, sob o cuidado dos “tios”.
Quem tem crianças com três anos ou menos vai gostar de saber que o hotel oferece gratuitamente, uma vez na estadia, a possibilidade de deixar o pequeno com um dos monitores enquanto você curte algumas horas despreocupado. O serviço é chamado de “Baby Dream”, mas bem que poderia ser “Mommy Dream”.
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