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As viagens e a falsidade nas redes sociais

Um post-desabafo sobre como as nossas vidas são falsamente felizes nas redes sociais (principalmente o Instagram)

Por Ana Claudia Crispim
Atualizado em 7 abr 2017, 19h58 - Publicado em 5 nov 2015, 20h14

Deu o que falar! Uma blogueira teen – a australiana Essena O’Neill de 18 anos, de quem eu nunca tinha ouvido falar – teve uma epifania e depois de ganhar milhões em propagandas em suas redes sociais, contou a verdade: as imagens não eram espontâneas. Pá!

Hello-uowwww? A menina tinha 750 mil pessoas que a seguiam por suas poses perfeitas e situações invejáveis. Sério mesmo que alguém ainda achava que era tudo super natural? A gente segue, mas a gente sabe (ou deveria saber) que estamos seguindo um personagem, simples assim. Rede social, levada a sério neste nível, é negócio. Em 2015 é assim, quer você goste ou não. Então, nada de ingenuidade.

Quem, em sã consciência, acha que esta foto é espontânea? [Foto: Thinkstock]

Fato é que esta história me fez pensar na nossa própria exposição facebookiana, na exploração da perfeição que todos nós participamos – sim, você também – particularmente nos posts de viagens.

São infinitos check-ins em aeroportos, inúmeros cafés com espuminha perfeitamente desenhada, pés para cima relaxando em redes estrategicamente apontadas para vistas exuberantes, cenas gostosas em cidades ensolaradas e por aí vai. Deooos! Quantos mais copos suados de cerveja trincando de gelada? Taças fazendo a lágrima do vinho encorpado? Espumantes cujas bolinhas espocam no contra-luz do pôr-do-sol ao fundo? E não vai me dizer que nunca fez algo similar!

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Uma flor no pé, super natural, sempre faço. [Foto: Thinkstock]

Nas viagens das redes ninguém se dá mal, não há suor no meio das coxas até a pele assar, nunca chove ou neva a ponto de você não poder sair na rua, ninguém é roubado, ninguém come mal pra caramba e muito menos tem uma intoxicação alimentar. Ninguém quer expor suas frustrações, principalmente se foram pagas em dinheiros que valem mais que nossas depreciadas Dilmas.

Tudo bem, quem quer esta desgraceira desfilando em sua timeline? Eu não quero. A questão é que este comportamento se estende pro mundo real, na volta da viagem. Quem admite que sua viagem foi uma droga? Só conheço uma pessoa: eu.

A gente trinca os dentes mas não perde a pose! [Foto: Thinkstock]

Não precisa chegar a tanto, mas que tal dar aquela boa dica pro amigo que vai pro mesmo destino que aquela época, definitivamente, não é a melhor pra ir? Ou dar um toque que o restaurante fo-fo não é grande coisa ou o hotelzinho especial parecia muito melhor nas fotos do site.

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A foto que a gente nunca publica! [Foto: Thinkstock]

E, pelo amor de tudo que é sagrado: não deprecie a viagem do colega só porque ele não foi “naquele” lugarzinho que você adorou. Certamente ele foi em outros que ele adorou – ou odiou. Esta história de querer estar por cima da carne seca é coisa pra gente sub desenvolvida, vai por mim.

Viajar é: acertar e errar, turistar ou não, comprar ou não, ir em museu ou não. Não há regras. A coisa, certamente, foi feita pra proporcionar experiências, pra gente ir lá e ver como é, sem garantias de sucesso. Tente aproveitar aquela sensação boa de frio na barriga na hora de fechar a mala!

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