Viajei de Edimburgo para Londres com a Lumo em março de 2022. Os trens partem da estação Edinburgh Waverley, que não poderia ter uma localização mais conveniente: fica em plena Princess Street, a principal rua comercial da capital escocesa. Cheguei com 30 minutos de antecedência, que é o recomendado para viagens de trem na Europa, e não precisei nem conferir no painel a minha plataforma. De cara identifiquei o comboio azulão, marca registrada da empresa.
Para passar pela catraca que dá acesso à plataforma, abri o bilhete eletrônico na tela do meu celular e apontei o QR Code para o leitor. Diferentemente de outras companhias ferroviárias, a Lumo não divide os seus vagões por classes. Por isso, embarquei esperando que todos os cinco vagões que compõem o trem tivessem aspecto de low cost, mas me surpreendi. Ainda que não tenham grandes luxos, eles passariam facilmente por primeira classe, graças à aparência bastante clean e moderna.
O trem estava relativamente vazio, então tive espaço de sobra para deixar a minha mala na área dedicada às bagagens, que fica logo no começo do vagão, e a mochila no compartimento acima da poltrona. Segundo o site da ferroviária, cada pessoa pode viajar com uma mala média (63cm x 41cm x 27cm) e uma pequena (que possa ir no seu colo ou no espaço embaixo do assento, se necessário). Achei o limite bastante razoável.
O passageiro pode reservar o assento ao comprar o bilhete ou deixar para escolher na hora, que foi o meu caso. Uma luz verde acima da poltrona sinaliza que o lugar está disponível e tive opções de sobra. Os assentos não reclinam e o espaço entre eles está longe de ser suficiente para esticar as pernas, mas eu e meus 1,66m de altura viajamos confortavelmente com uns dois palmos de espaço na frente dos joelhos. Para efeito de comparação, isso é bem mais do que eu tenho voando na classe econômica da maioria das companhias aéreas. Deu até para tirar um cochilo. Na falta de reclinação, os assentos possuem duas estruturas acolchoadas para encostar a cabeça, como aquelas de avião.
Outra grata surpresa foi a mesinha em frente ao assento que, além de ter um bom tamanho, aumentava ainda mais quando puxada. O espaço foi suficiente para abrir o meu notebook e digitar confortavelmente, então aproveitei para checar meus e-mails usando o wi-fi gratuito, que funcionou bem a viagem inteira, inclusive para enviar fotos e vídeos para a família pelo Whatsapp. O sinal também pode ser usado para acessar o serviço de entretenimento a bordo, igualmente free. Basta baixar o aplicativo LumoGo no celular e escolher entre os filmes, séries e programas de televisão. Se faltar bateria, há uma tomada e duas entradas USB que devem ser compartilhados com o passageiro vizinho. Quem preferir ler um livro encontra uma luz individual com duas opções de intensidade.
Em dado momento, bateu a fome. A empresa permite que os passageiros encomendem comidas e bebidas com antecedência pelo aplicativo. Basta escolher dentre os itens do menu, fazer o pagamento e aguardar o pedido ser entregue no seu assento logo depois da partida. Há sanduíches, wraps, saladas e alguns salgados assados. Os preços variam de £ 2,90 a £ 5,89, o que é mais ou menos o que você pagaria nas lojas da estação de trem. Quem não reservou o lanche pode comprar alguma coisa do carrinho que vai passando pelos vagões, mas as opções são limitadas a barrinhas de cereal, chocolates e salgadinhos. Peguei apenas um copo de chá quentinho para acompanhar o sanduíche que eu já estava levando comigo – e reparei que muitos passageiros também tinham trazido a sua própria farofa. Vale dizer que mesmo no final da viagem os banheiros ainda estavam bastante limpos: há um em cada vagão e todos eles são bem grandes.
O meu trem partiu de Edimburgo às 11h14 e chegou em Londres às 15h45. Fizemos apenas duas paradas, em Morpeth e Newcastle, de cerca de dez minutos cada. O tempo foi suficiente para alguns passageiros saírem para esticar as pernas, fumar um cigarro e até comprar um chá na estação. Em algumas saídas, o trem também para em Stevenage pouco antes de chegar em Londres (consulte a tabela de horários e paradas aqui). A paisagem nos janelões alterna entre campos e subúrbios urbanos, mas em geral é bastante monótona. Ainda assim, a impressão foi que as 4h30 de viagem passaram voando. O desembarque na London Kings Cross também é muito conveniente, visto que de lá pega-se o metrô para qualquer canto da cidade: em menos de 30 minutos eu já estava na porta do meu hotel.
Como comprar sua passagem para o trem Lumo
Os preços das passagens de trem no Reino Unido podem variar bastante de acordo com os horários e datas. Porém, a viagem entre Londres e Edimburgo feita pela companhia ferroviária estatal London North Eastern Railway (LNER) não sai por menos de £ 37,40 – e para encontrar esse preço é preciso reservar com meses de antecedência. Em cima da hora, o valor pode subir para até £ 112.
Por esse motivo, os novos trens low cost da Lumo, que cumprem o mesmo trajeto entre as capitais da Escócia e da Inglaterra, foram muito bem recebidos quando começaram a circular em 25 de outubro de 2021. As primeiras saídas foram vendidas pelo preço promocional de £ 14.90 e, obviamente, se esgotaram rapidamente. Mas não demorou muito para que os valores cobrados pelos bilhetes aumentassem.
Em junho de 2022, a empresa afirmava que 60% das passagens estavam sendo comercializadas ao preço fixo de £40 ou menos e, de fato, encontrei várias por £40 na simulação que eu fiz. Algumas chegavam a £69. Ou seja, a Lumo ainda costuma ser uma opção mais econômica que a LNER. De toda forma, antes de compras, vale comparar os preços no site ou aplicativo Trainline, que tem versão em português.
Trem ou avião: eis a questão
A vantagem de viajar de trem é sair do centro de uma cidade e chegar no miolo da outra, sem perder muito tempo com os deslocamentos e os trâmites de aeroporto. Porém, o trajeto entre Edimburgo e Londres leva 4h30 de trem e apenas 1h30 de avião. Além disso, não é raro que as companhias aéreas low cost vendam passagens a preços competitivos: encontrei bilhetes para junho de 2022 por £55 com a EasyJet (é preciso colocar nessa conta o tempo de deslocamento entre os aeroportos e as cidades e também o preço do ônibus ou trem). Por isso, vale sempre comparar os preços das passagens aéreas em sites como o Skyscanner, Kayak e ViajaNet.
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