Possuídos pelo ritmo de “Conga”, hit das paradas de 1985 interpretada por Gloria Estefan, meus ombros dançavam à medida em que a explosão do Big Bang me lançava de costas rumo à formação do universo. Apesar dessa aparente descontração, minhas mãos seguravam bem firme na barra que me mantinha presa ao carrinho – e denunciavam a boa dose de adrenalina provocada pelo primeiro lançamento reverso em uma montanha-russa da Disney. A verdade é que Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind coleciona outros superlativos: é também a primeira montanha-russa do Epcot, a primeira atração da Marvel no Walt Disney World de Orlando e também a maior montanha-russa indoor dos Estados Unidos. Para ser exata, o brinquedo possui mais de 20 mil m², o que significa que ali dentro caberiam quatro Spaceship Earth, a “bola” que é símbolo do parque. Além disso, a maior dentre as suas gigantescas telas de alta resolução é do tamanho de um campo de futebol americano.
A nova montanha-russa de “Guardiões da Galáxia” será aberta ao público no dia 27 de maio, mas já foi apresentada para a imprensa na quinta-feira (5) – e a VT estava lá! Posso dizer que saí da atração incrédula: durante os três minutos de duração, a sensação é de realmente estar voando no espaço sideral, com direito a “orbitar” a Lua e a Terra. Distraída pelos carrinhos que giram 360º e pelas projeções cinematográficas, não cheguei a sequer ver os trilhos na primeira vez que andei no brinquedo. Digo primeira porque acabei indo oito vezes! Lá pela terceira vez, constatei que é realmente difícil ver os trilhos se você estiver sentado na segunda fileira, o que torna a experiência ainda mais impressionante. Porém, recomendo também tentar sentar na nona fileira, onde os trilhos são mais visíveis, mas a sensação de vácuo causada após o lançamento reverso é ainda mais forte. Independente de onde estiver, é praticamente impossível sentir os trilhos, já que quase não há fricção entre eles e os carrinhos.
Outro motivo para voltar várias vezes na Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind é a trilha sonora, composta apenas por músicas dos anos 1970 e 1980, assim como nos filmes (os CDs estão divididos em Guardians Of The Galaxy: Awesome Mix Vol. 1 e também Guardians Of The Galaxy Vol. 2: Awesome Mix Vol. 2). São seis hits que tocam aleatoriamente a cada saída e, depois de ir na montanha-russa tantas vezes, eu consegui a façanha de ouvir cada um deles: “Conga” de Gloria Estefan (1985), “One way or another” de Blondie (1978), “I Ran” de A Flock of Seagulls (1982), “September” de Earth, Wind & Fire (1978), “Disco Inferno” de The Trammps (1976) e “Everybody wants to rule the world” de Tears for Fears (1985). O “experimento” é interessante porque as músicas transformam a experiência a bordo. “Conga” me fez gargalhar e, como já contei, dançar com os ombrinhos enquanto o caos se desenrolava na minha frente. “September”, por outro lado, proporcionou um gostoso passeio pelo espaço, enquanto a jornada ao som de “One way or another” foi mais divertida e energética. O lado negativo é que a música pode acabar tirando a atenção das boas piadas que os personagens vão fazendo ao longo do percurso.
Os fãs dos filmes da Marvel devem sair mais do que satisfeitos da nova montanha-russa. Como se tornou comum nas atrações da Disney, a fila do brinquedo por si só já é uma atração: ali fica o Galaxarium, uma enorme cúpula que projeta imagens de planetas e galáxias, e a Xandar Gallery, com objetos, fotos e gravações do longínquo planeta de Xandar. O caminho conduz até a Phase Chamber, onde os visitantes são recebidos por uma mensagem de vídeo da Nova Prime Irani Rael, interpretada por Glenn Close. Na sequência, há uma aparição surpresa de Terry Crews, que nunca participou dos filmes de “Guardiões da Galáxia”, mas faz o papel do oficial Centurion Tal Marek, criado especialmente para o brinquedo. Na sala seguinte, um truque com luzes piscantes e paredes que somem durante um apagão quase me fizeram acreditar que eu realmente tinha sido teletransportada do Epcot para a nave Nova Corps Starcharter. O problema é que o gerador utilizado para esse teletransporte é roubado pelo celestial Eson – e é aí que são acionados os personagens mais icônicos da franquia: Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax, Rocket e Groot. Já a bordo do carrinho, você vê os Guardiões da Galáxia recuperando o objeto, mas o tiro sai pela culatra e todos são mandados em uma viagem no tempo, de volta para o Big Bang.
Se o parágrafo anterior pareceu grego, não se preocupe: os espaços que antecedem os carrinhos em si dão um bom panorama da história e a atração garante diversão mesmo se você não for um aficionado pela saga. E a montanha-russa também é democrática em outros sentidos: com altura mínima de 1,07m, Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind não possui loopings ou quedas abruptas. Isso é um alívio para quem foge de atrações muito radicais. Mas também não chega a desagradar os viciados em adrenalina, que já vão encontrar boa dose de emoção no lançamento reverso e nos giros inesperados. Em tempo: mesmo indo no brinquedo oito vezes seguidas, não senti enjoo ou tontura em nenhum momento. Mas, se você for mais sensível a esse tipo de atração, a dica é ficar em um dos carrinhos do meio.
Veja no vídeo abaixo a minha primeira, das oito vezes, na Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind:
Novidades no Epcot
O lançamento de Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind no dia 27 de maio é parte das comemorações dos 50 anos do Walt Disney World, que vão até março de 2023, e da repaginação pelo qual o Epcot está passando. No ano passado, houve a estreia do novo show noturno HarmonioUS, a inauguração da nova atração de “Ratatouille” na área temática da França e a abertura do restaurante Space 220. Outros espaços passaram por reformulações e estão de cara nova. Esse é o caso do Club Cool, famoso pelas torneiras de refrigerantes de diferentes lugares do mundo, da Creations Shop (ex-Mouse Gear), que é a maior loja do parque, e da Spaceship Earth, construção esférica que é cartão-postal do Epcot e ganhou uma nova iluminação. Ainda estão em construção e sem data prevista de abertura o Journey of Water, brinquedo inspirado na animação “Moana”, e o Play Pavillion, pavilhão interativo voltado para as crianças pequenas.