O Primeiro Ministro da Itália, Mario Draghi, em conjunto com os ministros da Infraestrutura, da Cultura, do Turismo e do Meio Ambiente tomaram uma decisão muito reivindicada pelos moradores de Veneza: proibir a circulação e parada de navios de cruzeiro no canal de Giudecca, área central e histórica de Veneza. A medida passou a valer em 31 de março e vai de encontro à preservação do patrimônio cultural e ambiental da cidade.
Temporariamente, as embarcações deverão atracar no porto industrial de Marghera, a oeste de Veneza, e não dividirão mais espaço com gôndolas e outras embarcações menores no centro histórico. O embargo, no entanto, não é definitivo e tem validade até 31 de maio. Nesse meio tempo, autoridades portuárias farão uma consulta pública para encontrar portos alternativos para o desembarque de turistas e mercadorias.
Os problemas causados pelos cruzeiros em Veneza
A presença de embarcações na parte central da cidade já vinha sendo alvo de protestos em razão da poluição e danos causados ao solo. Além de trazerem hordas de turistas, o fato dos cruzeiros transitarem e ancorarem na parte histórica de Veneza também ocasionava erosões, o que pode resultar em inundações ainda mais drásticas que as que acontecem durante a Acqua Alta, época em que a maré invade a cidade, principalmente a Praça São Marcos.
Veneza é um arquipélago formado por uma ilha maior e 117 menores, algumas conectadas por pontes. Para construção das casas e palácios os venezianos fincavam troncos de madeira nos pequenos pedaços de terra para dar solidez. As estacas, quando entravam em contato com a água salgada e a camada mais funda dos canais, ficavam sólidas como pedras.
Os alicerces que sustentam a cidade passaram a correr risco à medida que barcos de grande porte começaram a circular em sua área central. O trânsito formado pelas embarcações era outro problema e chegou a ocasionar um acidente em 2019, quando um cruzeiro MSC colidiu com um barco menor e deixou cinco feridos. O ministro da Cultura Dario Franceschini afirmou no Twitter que a decisão é justa e segue o que já havia sido solicitado pela UNESCO.
Una decisione giusta e attesa da anni: il Consiglio dei ministri approva un decreto legge che stabilisce che l’approdo definitivo delle Grandi Navi a #Venezia dovrà essere progettato e realizzato fuori dalla laguna, come chiesto dall’@UNESCO. pic.twitter.com/Gdv5PYZLKW
— Dario Franceschini (@dariofrance) March 31, 2021
A pandemia ocasionou um esvaziamento de Veneza, causando impactos econômicos em uma cidade acostumada a receber mais de 30 milhões de turistas por ano. Por outro lado, a ausência de pessoas possibilitou que seus canais ficassem cristalinos pela total ausência de embarcações, que antes dominavam os cursos d’água.