Club Med Cancún é resort all-inclusive sem badalação
O complexo, que ganhou novos blocos de quartos nos últimos anos, fica em um terreno privilegiado com quatro praias e tem vasto cardápio de atividades
A rede francesa de resorts Club Med foi uma das primeiras a aterrissar em Cancún. Quando abriu em 1976, época em que o turismo na região era quase inexistente, a hospedagem era totalmente voltada para casais. Houve uma virada de chave no início dos anos 2000 e desde então o Club Med Cancún brilha como uma das melhores opções para quem viaja com crianças e adolescentes. Ou simplesmente para quem busca uma hospedagem com atmosfera tranquila, o que era exatamente o meu caso, longe do clima de paquera e badalação que também são marcas fortes do destino.
O resort investiu na construção de novas alas e em rodadas de renovações (as últimas aconteceram em 2014 e 2017), mas áreas como a recepção, a piscina principal e os blocos de quartos que as cercam ainda pedem por uma repaginada. Por outro lado, o Club Med tem praias perfeitas, buffet de comida caprichadíssimo no sistema all-inclusive e, o que é a marca-registrada da rede, um cardápio variado de atividades, principalmente esportivas (mas ninguém é obrigado a nada e o resort é ótimo para quem busca somente relaxar).
A LOCALIZAÇÃO DO CLUB MED CANCÚN
O pioneirismo do Club Med lhe garantiu uma localização privilegiada no sul da Isla Cancún, bem onde ela faz a curva para se conectar ao continente. O resort possui quatro praias. Da principal delas, é possível avistar os demais resorts enfileirados que compõem a Zona Hotelera, mas a uma distância considerável do agito da mesma. São 20 minutos de carro do Aeroporto Internacional de Cancún e 30 minutos do centro da cidade.
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O MAPA DO RESORT
O Club Med Cancún fica em um terreno estreito e comprido, em formato de “C” invertido, que é margeado de um lado por uma lago e, do outro, pelo Mar do Caribe. Ele se destaca entre os seus colegas da Zona Hotelera: enquanto os demais resorts são, em sua maioria, grandes blocos de edifícios, o Club Med é composto por vários prédios espalhados e baixos, de dois ou três andares.
Por um lado, isso faz com que os hóspedes fiquem bem distribuídos e o hotel nunca pareça estar lotado. Por outro, é preciso caminhar entre 15 e 20 minutos para ir de uma ponta a outra – ou então pegar um dos carrinhos de golfe que circulam pelo resort. Se isso é uma desvantagem? Vai depender do bloco em que você está hospedado.
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Ao passar pelo portão de entrada do Club Med, surgem os primeiros blocos de quartos: o Aguamarina, de frente para a primeira praia, e o Jade. Cada um possui a sua própria piscina. Entre eles ficam as quadras de tênis, basquete e futebol; um playground infantil; o restaurante mexicano Taco Arte. A segunda praia vem logo em seguida, que é onde são realizadas atividades aquáticas como caiaque e stand up paddle.
Mais para frente estão os blocos Opalo, Ambar, Onice e Granate, de frente para a terceira praia que é perfeita para mergulhar com snorkel.
Até aqui eu ainda não tinha avistado qualquer sinal da recepção. Eu estava prestes para dar meia volta no carro achando que já tinha passado quando ela finalmente apareceu. Eis o coração do hotel, onde está não só a recepção como também o spa, a academia, a piscina principal, o restaurante argentino La Estancia e o restaurante em sistema de buffet La Hacienda. Essa parte fica diante da quarta e principal praia, que é também a maior e a mais bonita.
Mas ainda tinha terreno pela frente. Os blocos de quartos mais próximos dali são o Turquesa, Topacio, Obsidiana e Amatista, que juntos formam uma espécie de corredor que conduz até o clube infantil e a uma área cercada pelo lago onde estão atividades como arco e flecha, bocha e trapézio. Ali, há cercas mais altas e placas sinalizando a presença de crocodilos – vale ficar atento, sobretudo com as crianças.
AS ACOMODAÇÕES
Ainda sob a impressão de que o Club Med era uma cidade dentro de outra cidade, abri um sorriso quando vi que o meu quarto era bem no burburinho, mais exatamente no bloco Turquesa. Mas depois fui percebendo que cada bloco tem os seus prós e contras, que listo a seguir para ajudar na sua escolha:
O Turquesa, Topacio, Obsidiana e Amatista foram os primeiros blocos a serem construídos. É por isso que estão tão bem localizados, de cara para a praia mais bonita do complexo e no miolo onde tudo acontece. Mas também é por isso que eles estão um pouco datados na decoração, que mistura piso de cerâmica preta, sofá roxo, almofadas rosa pink, cortina azul-turquesa e paredes metade laranja, metade vermelha. Os quartos são bem espaçosos e têm layout que atende mais aos casais do que às famílias com crianças.
O Opalo, Ambar, Onice e Granate são da mesma categoria, mas estão um pouco mais distantes do coração do resort. Em um primeiro momento, achei esses quatro blocos os menos vantajosos para se hospedar, já que são antigos e não tão bem localizados, mas acredito que eles têm apelo para quem busca sossego — e ainda têm o bônus de estarem pertinho da praia onde acontece o snorkel, com faixa de areia menos disputada.
Já o Jade e o Aguamarina são blocos mais novos, indicados para casais e grupos de adultos. O Jade é quase um resort dentro do resort porque proporciona uma experiência mais exclusiva. Só hóspedes desse bloco podem acessar a piscina de borda infinita, o trechinho de praia privativa e o bar com bebidas premium. Há também mimos como café da manhã no quarto, champanhe no lobby às 18h, abertura de cama à noite e reserva prioritária no restaurante La Estancia (voltarei a falar disso em “Alimentação”).
Já o Aguamarina foi totalmente pensado para as famílias. Como estamos falando do bloco mais afastado da parte principal do resort, é preciso existir algo que faça com que a caminhada extra valha a pena. E existe: o tamanho e a disposição das acomodações. As mais básicas possuem dois dormitórios e as mais luxuosas têm ainda dois banheiros. Para compensar a distância, o resort também construiu ali uma piscina (que pode ser acessada por todos os hóspedes do complexo) e um playground infantil.
Tanto o Jade quanto o Aguamarina seguem a proposta de decoração colorida que caracteriza o Club Med Cancún, mas aqui as cores aparecem de forma bem mais harmoniosa e moderna: há toques bem dosados de turquesa nas paredes e o roxo, laranja e rosa aparecem nos detalhes.
ALIMENTAÇÃO
O Club Med Cancún funciona em regime all-inclusive, o que significa que todas as comidas e bebidas estão incluídas na diária. O café da manhã, o almoço e o jantar são servidos em sistema de buffet no gigantesco La Hacienda, que é de deixar qualquer um deliciosamente perdido com tanta opção. São várias estações diferentes com pratos saborosos e bem apresentados. No café da manhã, a estação de frutas e verduras tinha suco verde preparado na hora. Pais de crianças e bebês têm à disposição papinhas, mingau e leite em pó.
Além do La Hacienda, existem outros dois restaurantes no complexo. O Taco Arte, aberto o dia todo, é um buffet de comida mexicana que permite montar tacos e burritos do seu jeito. Senti falta do coentro, do cominho e da pimenta, talvez amenizados na tentativa de adaptar a culinária do país ao paladar dos franceses, que são maioria entre os hóspedes.
Já o La Estancia tem menu à la carte de gastronomia argentina no jantar, mas é preciso reservar com antecedência na recepção e as vagas são concorridas. Tentei fazer a minha reserva assim que cheguei, mas não havia mais disponibilidade para o resto da semana. Nesse sentido, se dão bem os hóspedes do bloco Jade, que têm preferência nas reservas.
Bares estrategicamente posicionados perto da praia e das piscinas servem cervejas e drinks coloridos — o mojito de maracujá, sugestão do barman, era ótimo e refrescante. Você mesmo busca a sua bebida e por vezes, como foi o meu caso, pode topar com uma pequena fila.
Anexo a ele fica o A Crêperie, que prepara na hora crepes salgados e doces. Ali também é possível pegar lanchinhos como wraps, bagels recheados e pipoca quentinha.
AS ATIVIDADES
O diferencial do Club Med Cancún são as atividades, que chamam atenção tanto pela quantidade quanto pela variedade. Depois do café da manhã, um hábito comum entre os hóspedes é parar alguns segundinhos diante dos televisores que ficam espalhados pelo complexo para ver a programação do dia organizada pelos G.O.s (gentis organizadores), como são chamados os monitores por aqui. Há atividades começando praticamente de hora em hora e até quatro opções acontecendo simultaneamente: vai da aula de salsa ao torneio de ping pong, passando por sessões de pilates e de alongamento.
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Paralelamente, há toda uma programação especial acontecendo para as crianças, que são divididas em duas faixas etárias: 4 a 10 anos e 11 a 17 anos. Algumas delas acontecem no enorme kid’s club, que tem playground, piscina rasinha e piscina com escorregadores.
Isso é ótimo para os pais que querem momentos de descanso, mas o Club Med está longe de ser o tipo de resort que separa os filhos dos pais o dia inteiro. Para quem quiser, há uma série de atividades pensadas justamente para serem feitas em família, como caças ao tesouro, torneios esportivos e competições de castelo de areia.
Mas o melhor exemplo é o entretenimento noturno. Entre o restaurante La Hacienda e a piscina principal é montado um palco ao ar livre onde rolam apresentações. Em uma das noites da minha estadia, teve música ao vivo seguido de um show de talentos de primeira, com números circenses e acrobacias — e algumas crianças que estavam hospedadas chegaram a subir no palco para mostrar o que tinham aprendido com os monitores nos últimos dias. Depois, ainda teve baladinha com o monitor guiando o pessoal nas coreografias.
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Os G.O.s, como é da filosofia da Club Med, são praticamente companheiros de viagem e ficam em constante contato com os hóspedes nas atividades e também nas refeições. Ao mesmo tempo, é uma proximidade que está longe de ser invasiva e você se sente à vontade para passar a estadia toda sem se envolver em qualquer atividade da monitoria se assim desejar. Opção bacana é o que não falta: dá para fazer snorkel, remar um stand up paddle, aprender a se pendurar no trapézio, brincar de arco e flecha ou fazer um tratamento no spa L’Occitane (pago à parte).
E também dá para só ficar de perna para o ar, é claro. É preciso dizer que o complexo de piscinas não é o ponto forte do Club Med Cancún. A piscina principal é antiga, funda e pouco convidativa e, talvez por isso, sempre estava vazia. Já a piscina do bloco Aguamarina é mais bonita e tem uma parte rasa para as crianças, mas por ficar no pedaço mais afastado do complexo também achei que era pouco frequentada. Mas, sinceramente, com quatro praias de águas quentes e calminhas à disposição, quem liga para as piscinas?
Nas faixas de areia, há guarda-sóis de taipa e espreguiçadeiras para esquecer da vida admirando o azul neon do mar — quanto mais ensolarado, mais bonita a cor da água. Como em quase todo o Caribe, o problema do sargaço também existe por ali, mas funcionários se encarregam de recolher as algas cedo da manhã. Assim, não resta nenhum empecilho que impeça você de flagrar a vida marinha: no meu primeiro dia, havia uma linda arraia nadando logo em frente ao resort. E eu só fiz entrar e mergulhar.
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SERVIÇO
As diárias no Club Med Cancún custam a partir de R$ 1.025 por pessoa em quarto duplo. Pelo site também é possível adquirir pacotes: cinco noites de hospedagem com traslados e voo de ida e volta saindo de São Paulo custam desde R$ 10.331 por pessoa.