Buenos Aires: as parrillas mais amadas pelos portenhos
Endereços fora do circuito turístico portenho onde o preparo da carne importa mais do que o ambiente ou a apresentação
Se existe algo que os brasileiros compartilham com os argentinos é a paixão pelo churrasco. Não é à toa que os dois países estão entre os maiores consumidores de carne do mundo: segundo relatório de 2018 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o brasileiro consome 77,2 quilos de carne por ano, enquanto o argentino chega a comer 89,9 quilos.
Mesmo com diferenças entre os cortes e o modo de preparo do churrasco argentino, comer uma boa parrilla é quase passeio obrigatório ao viajar pela Argentina – e o brasileiro adora. O que não falta pelo país, especialmente em Buenos Aires, são casas de carne.
Mas entre tantas opções, qual escolher? Em uma breve busca pelo Google, você consegue descobrir as parrillas mais famosas da capital. Tipicamente localizados nos bairros de Puerto Madero e Palermo, nomes como La Cabrera, La Carniceria, Cabañas Las Lilas, Siga La Vaca e Don Julio – este que, inclusive, foi classificado como o 34º melhor restaurante do mundo de 2019, na lista dos 50 best – facilmente aparecem.
Essas parrillas são de fato boas – ótimas! – mas, querendo ou não, estão no circuito turístico manjado. E as parrillas roots, autênticas? Conhecidos e amados pelos locais, esses restaurantes são para os viajantes que querem ter uma experiência portenha mais tradicional e ainda comer uma bela parrilla. O jornal argentino El Clarín selecionou as cinco mais autênticas e amadas por multidões. Não vá esperando algo gourmet.
E antes de listá-los, para não dizer que não avisamos, vá com (muita) fome e paciência. Essas parrillas são conhecidas pela fartura e pelas filas, e não será raridade ter que esperar uma ou duas horas para conseguir uma mesa. Acredite: será uma experiência e tanto!
Parrilla El Tano
Essa parrilla é o típico restaurante familiar, em que o dono é figura conhecida pelos frequentadores e bota a mão na massa quando precisa. Sua popularidade entre os portenhos vem justamente do boca a boca e, mesmo localizado em uma região afastada do centro de Buenos Aires, continua sempre cheio. Conhecida pela fartura e variedade de carnes, a Parrilla El Tano é uma ótima opção para quem quer comer bem e não gastar tanto. Com sistema de parrilla libre, parecido com o do rodízio brasileiro, o cliente tem incluso as carnes, refrigerante, sobremesa e café por um preço fixo.
Endereço: General Güemes 567, Avellaneda.
Los Talas del Entrerriano
Aberta desde 1985, o Los Talas celebra a culinária argentina nativa. Com todo tipo de público, de executivos a grandes famílias, o local faz questão de manter um estilo country, bem rústico. Além dos clássicos argentinos, como o assado de tira, morcilla e chouriço, uma das especialidades da casa é o leitão assado – a peça inteira é assada por horas no fogo de chão, assim como as costelas bovinas. O salão funciona com o sistema à la carte e outro espaço é reservado para retirada de pedidos.
Endereço: Avenida Brigadier de Rosas 1391, José León Suárez.
Lo de Beto
Para quem adora casas de show e quer comer uma boa parrilla, o Lo de Beto é o melhor dos dois mundos. Toda sexta e sábado um grupo musical diferente se apresenta no local e, durante o número, a parrilla é servida. As apresentações são normalmente de cumbia, gênero musical tradicionalmente colombiano, mas que também é popular em outros países latinos. No sistema de parrilla libre, a sequência começa com empanadas ou sanduíches de vitela, seguido das típicas achuras (miúdos argentinos, como chinchulínes e riñones) e, ao término do show, são servidas as carnes. O local tem capacidade para 500 pessoas e o preço, que já combina a apresentação e o jantar, varia de acordo com o grupo musical da noite.
Endereço: Avenida Presidente Hipólito Yrigoyen 3251, Lanús.
Lo de Charly
Depois de uma noitada, por que não comer uma parrilla? Ou no café da manhã? Na parrilla Lo de Charly, você pode comer carne a qualquer momento do dia, já que eles funcionam 24 horas, de segunda a segunda. E, por mais inusitado que seja, o dono garante que o maior movimento acontece ao amanhecer. Com porções generosas de chinchulínes, mollejas, assado de tira, chorizo, ojo de bife e outras carnes, o local também tem opções de sanduíches (como o choripán, feito de linguiça) e entradas, como a típica provoleta (queijo provolone assado na brasa) e as empanadas. O cliente paga um preço fixo para comer a parrilla. Mas fique de olho, porque sempre existem promoções e combos que valem a pena.
Endereço: Avenida Álvarez Thomas 2101, Villa Ortùzar
El Ferroviario
O fato de servir comida boa, farta e com preços convidativos fez com que essa parrilla se tornasse um grande sucesso entre os portenhos. Não é à toa que esse seja um dos estabelecimentos mais cheios dessa lista – a espera pode ser de até duas horas -, mas a comida promete valer a espera. O local, dentro de um clube ferroviário, é rústico e consegue acomodar até 290 pessoas. Entre os pratos mais famosos do El Ferroviario, estão as costelas inteiras e as milanesas gigantes. A parrilla funciona tanto no sistema de parrilla libre por um preço fixo quanto à la carte. Pelo tamanho dos pratos, recomenda-se ir em grupo, já que eles servem de duas a três pessoas.
Endereço: Av. Reservistas Argentinos, 219, Liniers
Glossário da parrillaAlguns cortes de carne têm nomes diferentes no Brasil e na Argentina. Outros nem são conhecidos por aqui. Confira os principais pratos do churrasco argentino para não se perder na hora de fazer seu pedido Assado de tira: costela bovina, cortada na transversal Vacío: fraldinha Bife de chorizo: parte traseira do contrafilé Bife ancho: parte dianteira do contrafilé Ojo de bife: miolo do contrafilé Lomo: filé mignon Cuadril: alcatra Tapa de cuadril: picanha argentina |
Matambre: capa da costela do boi, que pode ser servido assado ou, mais tipicamente, recheado, em forma de rocambole
Chorizo: tipo de linguiça Morcilla: linguiça de sangue de porco Molleja: glândula (timo) do boi Chinchulínes: tripas Riñones: rins Pontos da carne: jugosa é malpassada, al punto é ao ponto e cocida é bem-passada |
Busque hospedagem em Buenos Aires