As imagens da neve caindo nas serras gaúcha e catarinense na semana passada povoaram os sonhos dos viajantes de plantão. Mas, se algum destes sonhos for esquiar em Bariloche ou no Valle Nevado, melhor nem fazer as malas. A saudade das montanhas, do peso das botas, do frio na barriga, dos tombos – enfim, do aprendizado – vem desde 2019, quando a temporada de esqui no hemisfério sul teve que ser mais curta devido à escassez de neve. No ano seguinte, ironicamente, a neve caiu aos montes sobre os Andes, mas ninguém pôde aproveitar o cenário perfeito para as descidas porque as pistas estavam fechadas devido à pandemia. Esse ano, algumas estações de esqui estão abertas, mas os turistas brasileiros devem ficar longe delas pelo segundo ano consecutivo.
A poucas horas do Brasil, acessível com um simples RG e simpática ao portunhol, Bariloche não será “Brasiloche” em 2021. A cidade patagônica – assim como as suas carnes, vinhos, cervejas e chocolates – ficará restrita a moradores locais enquanto durarem as medidas sanitárias. A estação de Cerro Catedral disse que está se preparando para a abertura tão logo o governo argentino permitir, inclusive com melhorias nas pistas e nos serviços, mas o surgimento da variante Delta torna o cenário pessimista para a entrada de estrangeiros. Por determinação do presidente Alberto Fernandéz, as fronteiras entre a Argentina e o Brasil estão fechadas.
A situação se repete no Chile, onde a entrada de brasileiros segue vetada. Outro destino de neve queridinho entre os brasileiros, o resort Valle Nevado reabriu nesta quarta-feira (30) com pistas, teleféricos e aulas de esqui liberados para um público de no máximo 1.500 visitantes por cada dia. Todos devem apresentar uma declaração de saúde e usar máscara dentro do complexo, que permanecerá fechado aos finais de semana. As medidas de segurança adotadas pelo Valle Nevado não são à toa.
Apesar das pistas ficarem em ambientes ao ar livre, onde geralmente há grande distanciamento entre os esquiadores, as estações também são suscetíveis a surtos de Covid-19. As últimas temporada de esqui no Hemisfério Norte são prova disso. Um surto de coronavírus em uma estância de esqui em Tirol, na Áustria, foi responsável por contaminar turistas do mundo inteiro durante o início da pandemia, entre fevereiro e março de 2020. Mais recentemente, em março de 2021, a disseminação da variante brasileira levou ao fechamento forçado do canadense Whistler Blackcomb, um dos maiores resorts de esqui no mundo. Moral da história: os esquis podem (e devem) esperar pela próxima temporada, quem sabe.