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Austrália volta a receber estudantes com o visto em dia

A demora no processo de emissão e renovação de vistos tem feito brasileiros trocarem o país pelos Estados Unidos

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 15 abr 2024, 18h26 - Publicado em 14 dez 2021, 18h28

Atualização: A Austrália anunciou a reabertura de suas fronteiras para viajantes internacionais vacinados do mundo inteiro a partir de 21 de fevereiro. Saiba mais aqui.

Fechada desde maio de 2020, a Austrália dará o primeiro passo em direção à reabertura de suas fronteiras no dia 15 de dezembro, quando voltará a permitir a entrada de estrangeiros que tenham algumas categorias de visto, como o de estudante e o de trabalho válidos (veja a relação completa aqui). A Associação de Agências de Intercâmbio (Belta) ressalta, no entanto, que os intercambistas brasileiros ainda devem demorar para embarcar rumo ao país, já que não há uma previsão de quando serão retomados os serviços de emissão de vistos novos e de renovação dos documentos que tinham sido concedidos antes do início da pandemia.

Alexandre Argenta, que é presidente da Belta e proprietário da agência de intercâmbio TravelMate, disse à VT que as viagens só devem voltar a acontecer entre abril e maio de 2022, considerando o melhor dos cenários. Isso porque, mesmo antes da pandemia, o processo de obtenção do visto australiano já era demorado e costumava levar em torno de três meses. Ele sugere ainda mais cautela dependendo do tipo de programa desejado. “Na minha agência, não estamos trabalhando com matrículas para o Ensino Médio na Austrália a partir de julho de 2022 porque entendemos que vai ser quase impossível isso dar certo. O mais realista é se planejar para 2023″, exemplificou.

Dessa forma, são pouquíssimos os brasileiros que realmente conseguirão viajar para Austrália a partir deste mês. “De modo geral, a grande maioria dos estudantes deve ficar refém da retomada dos serviços da embaixada porque será necessário atualizar as datas do visto ou tirar um visto novo. Só deve conseguir embarcar quem já possuía um visto de duração mais longa, como os de graduação, que valem por quatro ou cinco anos”, explicou Argenta.

Brasileiros trocam Austrália por Estados Unidos

A Belta, que representa 75% das agências de intercâmbio existentes no Brasil, realizou uma pesquisa ao longo de agosto e setembro de 2021 com mais de mil pessoas da América Latina interessadas em estudar no exterior. 88% delas respondeu que um dos principais fatores que influencia a decisão de investir em um intercâmbio é a liberação do destino para receber estudantes do seu país de origem. A consequência é óbvia: muitos desistiram de viajar para a Austrália e optaram por destinos que reabriram suas fronteiras antes.

“Com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, praticamente todos os países que são mais procurados pelos brasileiros para estudar já estão abertos: Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda… Com isso, o mercado voltou a aquecer e a expectativa é que as agências de intercâmbio alcancem números similares aos pré-pandêmicos no segundo semestre de 2022″, afirmou o presidente da associação. Nesse sentido, o país que mais vem se destacando é os Estados Unidos.

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“O processo de emissão de vistos de estudante dos Estados Unidos ainda está um pouco mais demorado que o normal, é verdade. Porém, uma vez que você consegue um agendamento no consulado, o documento está sendo emitido em apenas uma semana. Como o serviço foi retomado em maio, em agosto já conseguimos embarcar uma série de intercambistas a tempo do início do ano letivo no Hemisfério Norte. Em janeiro de 2022, mais uma leva grande deve embarcar. Com um desempenho tão positivo, muita gente trocou Austrália pelos Estados Unidos“, relata Argenta.

O presidente da Belta também apontou para um crescimento na procura por Dubai, nos Emirados Árabes. “Durante a pandemia, o emirado se tornou parte do dia a dia das agências de intercâmbio. Como suas fronteiras foram reabertas relativamente cedo, houve uma demanda pelos cursos de inglês, pelos programas de educação superior e até pelos pacotes de viagem voltados a grupos de adolescentes, com passeios. Isso foi uma novidade: Dubai era muito pouco procurada até então”, conta.

Possibilidade de trabalhar deve impulsionar intercâmbios para Austrália

Assim que a situação se normalizar, porém, a tendência é que a Austrália volte a ser um destino bastante atrativo para os brasileiros. “Os estudantes latinos geralmente têm a necessidade de manterem uma fonte de renda durante o período do intercâmbio. A Austrália acaba sendo uma opção muito popular porque é um dos poucos países, junto com a Nova Zelândia e a Irlanda, que permite que os estrangeiros trabalhem legalmente enquanto estiverem estudando”, explica.

Segundo a pesquisa da Belta, 38% dos estudantes latinos entrevistados pretendem fazer um intercâmbio que una curso de idioma com trabalho temporário. A lei australiana estabelece que o curso deve ter duração mínima de 12 semanas e a carga horária de trabalho não pode ultrapassar as 20 horas semanais. Por isso, o mais comum é encontrar empregos no setor de serviços, como garçom, babá e afins. Quanto mais fluente for o seu inglês, maiores as chances de conseguir um emprego mais qualificado – e melhor remunerado.

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Também continuam compensando o alto custo de vida e o elevado preço das passagens aéreas para a Austrália o bom nível de ensino – apesar do sotaque aussie – e o clima semelhante ao do Brasil.

Regras de entrada

Os brasileiros que possuem um visto de estudante ou de trabalho válido também devem apresentar comprovante de vacinação completa há pelo menos sete dias com Pfizer, AstraZeneca, Moderna, Janssen, Coronavac ou Sinopharm para ter a entrada liberada na Austrália. O país já anunciou que a Covishield e a Covaxin serão igualmente reconhecidas, assim como os viajantes que receberam doses mistas das vacinas mencionadas anteriormente. Serão abertas exceções apenas para crianças menores de 12 anos e para pessoas com condições médicas que as impeçam de serem imunizadas, mediante apresentação de atestado.

O site do governo australiano especifica que o comprovante de vacinação contra Covid-19 deve estar em inglês, digitalizado ou em papel, e conter: nome completo correspondente ao do passaporte, data de nascimento, nome da vacina e data de recebimento das doses. Dessa forma, o documento emitido em inglês através do Conecte SUS (veja o passo a passo aqui) deve ser o bastante.

Algumas regiões da Austrália, como New South Wales, onde fica Sydney, e Victoria, onde fica Melbourne, exigem que todos os viajantes recém-chegados do exterior façam três RT-PCR: o primeiro até 72 horas antes do embarque, o segundo 24 horas após a chegada, sendo que é preciso permanecer em isolamento até receber o resultado negativo, e o terceiro no sexto dia de viagem. Consulte as regras atualizadas e completas de cada estado aqui.

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Ainda não há previsão de quando o país voltará a receber turistas regulares.

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