Estrategicamente posicionada entre as idílicas praias da Côte D’Azur e os Alpes, no sudeste francês, a charmosa roça francesa reúne predicados irresistíveis. Para começar, tem sol e céu azul durante mais de 300 dias por ano. O clima abençoado faz crescer vinhedos exuberantes, cerejeiras carregadas, oliveiras milenares e flores que só existem por lá, como a lavanda, a sua marca registrada e principal cartão-postal, também chamada de “ouro azul” (ela tem até o selo AOC, de Appellation d’Origine Controlée, o certificado de origem que costuma ser atribuído aos melhores queijos e vinhos franceses). Apenas a título de exemplo, o que se vê em outras partes do mundo não passa de uma variação híbrida da “lavanda real” chamada tecnicamente de lavendin. Selvagem e natural, só mesmo nos campos provençais.
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Depois tem as vilinhas cheias de charme, muitas vezes coroadas por castelos e fortalezas, onde o tempo parece passar deliciosamente mais devagar. Tem os moradores que praticam como poucas pessoas no mundo o famoso savoir vivre (saber viver em tradução literal), onde a calma, os prazeres e os sabores são os grandes protagonistas. Tem os restaurantes, muitos deles estrelados, onde as refeições podem durar horas e horas. O melhor: sem pretensão alguma. Tem as feiras de rua, verdadeiros acontecimentos sociais, o grande tapete vermelho das maiores delícias locais, cultivadas como joias. É comum que alguns produtos corriqueiros do dia a dia venham acompanhados de “sobrenomes” que atestam a sua qualidade – o melão de Cavaillon, o morango de Carpentras, os aspargos das margens do Rio Durance… E ainda não chegamos aos queijos, aos vinhos, ao foie gras.
É tudo isso, junto e misturado, que faz da Provence a Provence, um dos cantinhos mais magnéticos da Europa desde tempos imemoriais. Essa combinação já seduziu de poetas a grandes mestres das artes, de diretores de cinema a escritores. O resultado? Um legado que deixa tudo ainda mais especial. O holandês Van Gogh escreveu parte de sua história (e pintou muitos quadros) entre Arles e St-Rémy-de-Provence; Cézanne, nascido em Aix-en-Provence, não resistiu às distâncias e, tão logo saiu para desbravar outros cantos, regressou à casa, tendo retratado exaustivamente a região ao longo de toda sua vida; Picasso viveu seus últimos anos num belo château aos pés da montanha Ste-Victoire, na vilinha de Vauvenarges. Albert Camus, escritor e filósofo argelino naturalizado francês, escolheu a pequenina Lourmarin como sua casa – bem como o publicitário inglês Peter Mayle, décadas mais tarde, autor de uma série de livros sobre a vida local que acabaram o tornando uma espécie de embaixador da região (tudo começou com o best-seller Um Ano na Provence, indispensável para quem vai se aventurar por estas terras).
Toda a sua paixão por este cantinho francês foi parar até mesmo nas telonas. O filme Um Bom Ano, baseado no livro de mesmo, foi dirigido por seu vizinho provençal Ridley Scott, com Russell Crowe e Marion Cotillard como protagonistas. “A Provence não mudou muito nos últimos 20 anos. Há mais bons restaurantes e lugares agradáveis para ficar, e os vinhos locais melhoraram enormemente. Algo que não mudou, felizmente, foi o sabor e as peculiaridades que compõem a personalidade da Provence, e que continuam a me fascinar”, disse ele poucos anos antes de falecer, em 2018. Que assim seja para sempre.
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QUANDO IR
Com exceção do inverno, que pode ser rigoroso (chega a nevar nas partes mais altas!), cada estação tem o seu encanto na Provence. A primavera espalha flores por todo canto e os campos se enchem de cor, com papoulas e outras espécies delicadas. O verão é a temporada dos campos de lavanda e girassóis, as marcas registradas locais, e também dos festivais de música e dança. Mas pode ser bem quente, com temperaturas frequentemente acima dos 30ºC. Agosto é o mês oficial das férias na Europa – é sempre recomendado evitar viajar nessa época, já que está tudo mais cheio, concorrido e caro. Os engarrafamentos nas estradas mais estreitas são comuns e estacionar pode ser realmente complicado. Embora possa fazer um friozinho no outono, tudo já está mais vazio e os campos ficam lindos – é a época perfeita para ver os vinhedos em sua melhor forma, por exemplo: completamente dourados.
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COMO CHEGAR
Um dos principais pontos de chegada da região, o Aéroport Marseille Provence fica na cidadezinha de Marignane, a cerca de 30 quilômetros tanto de Marselha quanto de Aix-en-Provence. Além das cias aéreas tradicionais, o aeroporto recebe, ainda, um grande número de voos low-cost vindos de diferentes pontos da Europa (Alemanha, Croácia, Espanha, Portugal, Turquia, entre outros), operados por empresas como Easyjet, Ryanair, Pegasus Airlines e Laudamotion. Linhas de ônibus (navettes) o ligam com os centros das cidades.
A região é, ainda, conectada à malha de trens de alta velocidade francesa – há estações de TGV em Avignon (a cerca de 2h30 de Paris), Aix-en-Provence e Marselha (pouco mais de 3h de Paris), sendo possível, inclusive, embarcar diretamente do aeroporto Charles de Gaule, na capital (nesse caso as viagens duram uns minutinhos a mais). Para ir das estações até os centros das respectivas cidades, o ideal é já alugar um carro, mas também há ônibus que cumprem os trajetos em poucos minutos.
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COMO CIRCULAR
Até é possível circular de trem entre alguns dos principais destinos na região, mas a melhor maneira de explorar os cantinhos cheios de charme da Provence é mesmo alugando um carro (veja um belo roteiro aqui). A vantagem é que é tudo relativamente perto e, de tão bonito, muitas vezes o caminho é o próprio destino. Alguns conselhos: nada de pressa, de altas velocidades, de horários marcados; use o GPS, mas permita-se ignorá-lo sempre que a alternativa parecer mais cênica, ainda que isso signifique ficar perdido por alguns minutos (acredite, isso pode ser ótimo!); evite carros grandes, pois pode ser difícil circular e estacionar em cidadezinhas minúsculas. A Rental Cars busca as melhores tarifas entre as operadoras locais, inclusive as low-cost. Mas atenção: fazer o seguro total, seja através do site, seja no próprio balcão da locadora, é altamente recomendável.
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PASSEIOS
Aix-en-Provence
Aix, como é conhecida, foi a capital dos duques e barões do Condado da Provence, no século 12. Recebeu estudantes com a chegada da universidade, no século 15. Foi lá que Paul Cézanne nasceu, em 1839, e pintou as 87 versões de sua Montagne Sainte-Victoire. Hoje com 150 mil habitantes, é um dos principais centros da região, uma cidade de elegância aristocrática, de passado preservado, mas também moderna e evidentemente agitada – os universitários lotam seus cafés e restaurantes de segunda a segunda. Seu epicentro Aix é o Cours Mirabeau, considerada uma das ruas mais bonitas do mundo. Antigamente uma muralha, depois uma avenida para carruagens, hoje é um bulevar classudo ladeado por plátanos. De um lado da calçada ficam lojas e cafés envidraçados para que se possa admirar o movimento. Do outro estão as mansões do século 17, moradas de nobres e de juristas, uma nova elite que emergiu com a instalação do parlamento, a partir de 1486, data da anexação da Provence à França.
Embora tenha ares de cidade pequena, Aix reúne tudo o que uma cidade grande tem de melhor (cinemas, grandes livrarias, bons mercados, muitas lojas, uma das universidades mais famosas do país). Sua localização é estratégica: esparramada aos pés da montanha de Sainte-Victoire, ela fica a meia hora do aeroporto, a pouco mais do que isso de Arles, Avignon e das vilinhas cheias de charme do Luberon. Encantadora, a cidade tem um lindo centro histórico – chamado Centre Ville – e centenas de fontes por todo canto (ela é conhecida como a cidade das mil fontes!).
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Um dos programas mais interessantes é seguir os passos do mais ilustre filho local. Em todo o centro histórico, as calçadas estão marcadas com placas com a letra C em dourado. C, de Cézanne. Elas sinalizam tudo o que diz respeito ao pintor. Para identificar o que cada um desses lugares significa, o órgão de Turismo de Aix-en-Provence distribui de graça um mapa-folder com as explicações. É possível ver desde onde ele estudou até a catedral onde se casou, onde sua mãe morava… O Atelier Cézanne, onde ele permaneceu pintando até a morte, em 1904, está quase como ele o deixou. Um pouco mais acima, continuando pela mesma rua, fica uma pracinha escondida onde ele costumava se refugiar para pintar a Ste-Victoire – a vista que se tem da montanha, a partir dali, é impressionante. Para encontra-la, basta procurar uma placa que diz “ici peignait Cézanne” (aqui pintou Cézanne). Em pleno Cours Mirabeau fica o seu café predileto: Le Deux Garçons, aberto desde 1792, uma viagem no tempo! E, no Musée Granet, há nove telas suas.
A pouco mais de 15 quilômetros de distância de Aix, há um passeio imperdível para os amantes das artes: Château La Coste, o Inhotim da Provence. Em uma área de 200 hectares, vinhedos a perder de vista dividem a cena com pavilhões projetados por grandes nomes da arquitetura mundial como Frank O. Gehry (o nome por trás do Guggenheim de Bilbao), Jean Nouvel e Renzo Piano. No acervo, focado na vertente contemporânea, há peças que vão do brasileiro Tunga ao japonês Tadao Ando. O complexo tem, ainda, hotel e bons restaurantes.
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Arles
Dona de pouco mais de 50 mil habitantes, Arles, às margens do Rio Ródano, tem um belo casario de tons ocre, ruínas romanas fabulosas declaradas Patrimônio Mundial pela Unesco em 1981 (como o anfiteatro erguido entre o final do século 1 e o início do 2, recheado de lindas colunas), bons museus e mostras de fotografia. É, também, a porta de entrada para o Camargue, um parque natural cujo mascote são os flamingos cor de rosa. Mas, curiosamente, não são essas as suas maiores atrações. O que mais leva gente at charme de cidade são os rastros deixados pelo pintor Vincent Van Gogh, que viveu em Arles durante 15 meses, entre 1888 e 1889 (foi lá, inclusive, que ele protagonizou uma das cenas mais bizarras e famosas da sua existência, cortando a própria orelha). Foi esse, justamente, um dos seus períodos mais produtivos. Ali ele pintou e desenhou cerca de 300 obras. Infelizmente nenhuma delas está na cidade (a tela mais próxima fica a 37 quilômetros de distância, no Musée Angladon de Avignon). Mas é possível seguir os passos do pintor por todo canto. Para facilitar a vida do viajante, o Turismo de Arles preparou um folder com detalhes sobre a “Rota Van Gogh”, com versão em inglês, que sinaliza cada ponto da cidade que diz respeito ao mestre. Nos lugares retratados por ele, há réplicas dos quadros.
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Avignon
Avignon não é o que se pode chamar de uma cidade pequena, ainda mais para os padrões provençais: tem quase 100 mil habitantes. Mas se tem uma coisa que é de se admirar por essas bandas é como mesmo as cidades maiores conseguem manter o clima charmoso de cidade pequena. No caso específico de Avignon, a explicação está nas muralhas – enormes e bem preservadas, que funcionam como uma delimitação para tudo que interessa. Do lado de dentro, ruas estreitas e labirínticas desembocam em pequenas praças e largos, com românticos carrosséis aqui e ali. Até que, de repente… eis que surge o imponente e altíssimo Palais des Papes, um colosso erguido no século 14 quando os bispos fizeram de Avignon a capital do mundo cristão. Durante algumas décadas, entre 1309 e 1377, a sede da Igreja Católica deixou de ser Roma e o Vaticano para ser esta bela cidade às margens do Rio Ródano.
Fica sobre as águas, aliás, um de seus mais icônicos cartões-postais: a Pont St-Bénézet, do século 12, que termina no meio do rio desde que parte dela foi levada pelas águas, no século 16.
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Além da extravagante moradia dos papas, são atrações incontornáveis na cidade o pequeno Musée Angladon, que guarda no acervo obras de Cézanne, Picasso e – estrela das estrelas – Van Gogh. É a tela Railway Carriages o motivo de tanto frisson em torno do museu, por ser o único trabalho do mestre na Provence. O antigo palácio dos arcebispos também abriga um bom museu, o Musée du Petit Palais, cujo destaque é o quadro A Virgem com o Menino, de Sandro Botticelli.
Quem estiver de carro pode continuar a saga dos bispos com um passeio delicioso pelos arredores. Quem sai de Avignon pela estradinha D-7 rumo ao norte logo se vê mergulhado numa imensidão bucólica de vinhedos. São apenas 17 quilômetros até chegar a Châteauneuf-du-Pape, uma vila de pouco mais de 2 mil habitantes que virou sinônimo de um dos melhores vinhos da França. O programa oficial por lá é visitar vinícolas. E, claro, provar vinhos. Quem se permite um tempinho para vagar pelo sobe e desce do centrinho vai encontrar uma vila linda, com casas de pedra de portas e janelas coloridas que se espalham aos pés das ruínas de um castelo do século 14 – o tal château que deu nome ao vilarejo, erguido pelos papas depois do palácio de Avignon (por isso château neuf, ou castelo novo, em português). Amantes dos vinhos, os religiosos não demoraram a plantar uvas. E deu no que deu. Châteauneuf-du-Pape é hoje uma das zonas AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) de maior prestígio em toda a França. Ali, cerca de 300 produtores fabricam artesanalmente um vinho encorpado, que geralmente usa uma mescla de até 13 uvas – embora a grande estrela seja a grenache. Uma das melhores lojas para compras é a Cave du Verger des Papes.
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Gorges du Verdon
O Rio Verdon nasce nos Alpes e corta toda a porção leste da Provence antes de desaguar no Rio Durance, mais de 150 quilômetros depois. Mas é no ponto em que ele encontra o Rio Jabron que começa o espetáculo chamado Gorges du Verdon. Ao longo de 25 quilômetros, suas águas, de um verde impressionante e difícil de descrever (daí o nome), cortam uma garganta cercada de falésias brancas, desenhando uma das paisagens mais inesperadas e surpreendentes da região. Os paredões podem alcançar vertiginosos 700 metros de altura, enquanto a largura do desfiladeiro varia de 8 a 90 metros. Lá embaixo, é possível nadar, andar de caiaque e praticar esportes náuticos. Mas as vistas do alto são as mais impressionantes. Uma série de estradinhas secundárias segue margeando o desfiladeiro e descortinando vistas sensacionais. Anote essas siglas: D-952, D-23, D-71, D-957. Ou siga as placas para a Route des Cretes, nos arredores da cidadezinha de La Palud-sur-Verdon. O cânion termina no gigantesco Lago de Ste-Croix, que vira uma grande praia e faz a felicidade geral da nação.
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A cidadezinha mais charmosa da região é Moustiers Ste-Marie, uma vila de pouco mais de 500 habitantes erguida a 600 metros de altura aos pés de enormes rochedos. Uma fonte que nasce nessas pedras corta toda a cidadezinha de fachadas bem cuidadas e floreiras nas janelas. Lá no alto das montanhas fica uma corrente de ferro de 227 metros de extensão ligando os dois promontórios, com uma estrela dourada bem no meio – reza a lenda que ela foi colocada lá depois das Cruzadas. Logo abaixo dela fica uma capelinha do século 14 erguida sobre os resquícios de um tempo do século 5.
Todo o centro de Moustiers é uma graça. São pouquíssimas ruelas, restaurantes e lojinhas, uma igreja em estilo romanesco e gótico e umas pracinhas aqui e ali com banquinhos para ver a vida passar mais devagar. A cidade é, ainda, famosa pela cerâmica – no século 14, as peças da corte de Luís XIV eram fabricadas por lá.
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Luberon
Se a Provence que você tem na cabeça é feita de bucólicas vilinhas de pedra, castelos, vinhedos e lindos campos de lavanda, então o Luberon é o seu lugar. Não espere uma enorme lista de atrações e atividades. Aqui a pressa não tem lugar e o ritmo é lento, bem lento. O melhor é desbravar a região sem rumo ou mapa e descobrir seus cantinhos mais especiais, parando aqui e ali para belas – e sempre demoradas – refeições, boas taças de vinho e finais de tarde dignos de cinema. A região cerca a cadeia montanhosa de mesmo nome, que se ergue, nos pontos mais altos, a mais de mil metros de altitude, e engloba o Parc Naturel Régional du Luberon, uma área protegida, ao norte do Rio Durance.
Uma das principais (e mais lindas!) cidades da região é Gordes, com suas construções de pedra que descem o morro suavemente. Para admirar o visual logo de cara, há um mirante que descortina os melhores ângulos para fotografias logo na chegada. Vale a pena se perder pelo ziguezague de ruelas, mas tudo que mais interessa está bem no topo, onde fica um castelo do século 11 que abriga um museu, uma linda fonte, restaurantes pequenininhos e ótimas lojas de suvenires. A 4 quilômetros do centro, a Abadia de Sénanque, erguida no século 12, é cercada por alguns dos mais belos campos de lavandas – é possível conhecê-la em visitas guiadas, mas a grande atração é o visual externo.
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A cerca de meia hora dali, a pequenina Ménerbes deve fazer parte do roteiro de todo mundo que queira conhecer a Provence profunda. Uma vilinha de pedra encantadora no alto da montanha, com poucas ruelas, muros cobertos de flores, uma igrejinha do século 12 e uma vista arrebatadora dos vinhedos dos arredores. Na entrada da cidade fica uma fonte que, no passado, deve ter sido um cocho de animais (ainda mantém o formato). Poucos passos adiante surgem os primeiros cafés, lojinhas e restaurantes. Fica fácil, fácil entender porque o escritor Peter Mayle largou a Inglaterra e se mudou de mala e cuia para a Provence. Seu primeiro endereço na região ficava aqui.
Lacoste, uma cidadezica de menos de 500 habitantes a cerca de 7 quilômetros, tem uma historinha curiosa. Afinal, o que podem ter em comum o estilista parisiense Pierre Cardin, uma vila provençal parada no tempo e artistas do mundo inteiro? Muita coisa. Faz tempo que a vila, super cênica, atrai artistas dos quatro cantos. Dizem que o primeiro a chegar por lá foi o americano Bernard Pfriem, que fundou ali a Lacoste School of the Arts, um embrião do que hoje faz parte do complexo da Savannah College of Art and Design, baseada nos Estados Unidos. Basta andar pelas ruelas para ver ateliês e galerias. Monsieur Cardin chegou um pouquinho mais tarde. Mas em grande estilo, como lhe é peculiar. No ano 2000, ele comprou nada menos que o castelo da cidade, antiga propriedade do Marquês de Sade, erguida no topo da colina. Depois de uma grande reforma nas ruínas, o château tem servido de casa de férias para o estilista e palco para um festival de verão que acontece todos os anos nos meses de julho e agosto. Ao que interessa a nós, simples mortais: Lacoste é um sobe e desce delicioso de ruinhas de pedra, onde todas as casas têm o mesmo tom.
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Erguida no alto de uma colina, Bonnieux é uma vila que descortina belas vistas da região. É possível atravessá-la em poucos minutos, mas vale se demorar um pouquinho para prestar atenção em monumentos como a Église Vieille du Haut, do século 12. Completam o tour pela região as imperdíveis Lourmarin, dona de um lindo castelo (que hoje abriga uma cave de vinhos) e recheada de boulangeries, cafés e lindas lojas de roupa e decoração; e a vizinha Cucuron, um aglomerado de casinhas medievais coroado por duas torres proeminentes e um belo lago no centro de uma praça cercada de plátanos. Ela foi cenário de uma das cenas mais icônicas do filme Um Bom Ano: o primeiro encontro formal de Russell Crowe e Marion Cotillard, os protagonistas, quando começa a desabar um temporal.
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Plâteau de Valensole
Nos arredores da pequena cidade de Valensole, especialmente nas cercanias da estradinha D-8, estão alguns dos mais bonitos campos de lavanda da Provence – imensidões onduladas que seguem até onde a vista alcança. Precisar, nem precisava, mas o cenário ainda se completa com imensos campos de girassóis, que florescem justamente na mesma época (no verão europeu), muitas vezes lado a lado. Essa é a principal razão para se perder pela região; a outra, visitar a fábrica de produtos provençais mais querida dos brasileiros: a L’Occitane, às margens da rodovia A-51. A visita guiada é gratuita, dura cerca de uma hora, e reservar é essencial. Há uma loja no local.
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Marselha
Escancarada para o Mar Mediterrâneo, a capital da Provence é a segunda maior cidade da França depois de Paris. Com quase 1 milhão de habitantes, Marselha é um caldeirão cultural efervescente, morada de gente de todos os cantos do mundo – uma boa parcela da população, curiosamente, é muçulmana. Há quem a considere caótica demais – muito embora a percepção possa vir do fato de que a cidade está plantada em uma região recheada de cidades pequenas e muito bem organizadas. Mas é fato que é imperdível. Suas ruas são um bulício constante e o porto antigo, chamado Vieux Port, é uma graça.
Principal cartão-postal local, a Basilique Notre Dame de la Garde vigia tudo do alto. Subir até lá é como ir ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Construída em 1853, é considerada uma guardiã da cidade por diversas religiões. Pescadores e marinheiros em apuros costumam recorrer à Nossa Senhora da Guarda e, como agradecimento, enfeitam o interior da igreja com miniaturas de seus barcos. Na fachada há marcas de tiros sofridos durante a ocupação alemã, na Segunda Guerra Mundial.
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Outro ícone é o Fort Saint-Nicolas, cuja história remonta à Idade Média. Em 1660, a partir da igrejinha e da torre de observação instaladas em um ponto privilegiado, Luís XIV ergueu uma das mais belas fortificações do período, com formato de estrelas sobrepostas. O objetivo era proteger a baía que dá acesso à cidade e, ao mesmo tempo, reafirmar o poder real diante dos marselheses, que já questionavam as ordens de Paris. De 1696 a 1939, esse tesouro da arquitetura real serviu de prisão para perseguidos políticos, sem nunca ter desempenhado a função de defesa para o qual foi erguido. Do outro lado da baía fica o Fort Saint-Jean, da mesma época.
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A costa de Marselha é marcada por impressionantes falésias brancas, formações rochosas que mergulham no mar azul dando origem a pequenas baías idílicas chamadas calanques. No verão, o calor excessivo e a ameaça de incêndios podem atrapalhar o programa à beira-mar. É no outono, época de pores-do-sol espetaculares, que a visita fica realmente imperdível. É possível chegar até elas em passeios de barco que partem do Vieux Port ou de caminhadas.
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CAMPOS DE LAVANDA
Eles estão por todo canto, mas estes são realmente especiais. Mas atenção! Eles só estão floridos (e, portanto, roxos) durante seis semanas, entre o fim de junho e o começo de agosto.
Plateau de Valensole
Campos ondulados a perder de vista, árvores posicionadas estrategicamente entre as fileiras simétricas, campos de trigo em contraste com o verde da lavanda. Nos arredores da cidadezinha de Valensole, especialmente ao longo da estrada D-8, em direção a Digne-les-Bains, estão concentrados os campos que são provavelmente os mais fartos e lindos e fotografados de toda a região.
Gorges du Verdon
Os arredores do cânion deste parque natural, perto das cidades de Moustiers Sainte-Marie e Sainte-Croix, são forradas de campos de lavandas que muitas vezes só terminam em campos enormes recheados de girassóis.
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Abadia de Sénanque
A 4 quilômetros do centrinho de Gordes, a Abadia de Sénanque, do século 12, é um dos mais clássicos postais provençais. Mas, por causa da altitude, a lavanda aqui demora mais a florir – para garantir as melhores fotos, o melhor é ir até lá nos últimos dias de julho. Atenção: os melhores ângulos ficam do lado de fora da abadia, na estradinha de acesso.
Lagarde d’Apt
Aqui as estrelas são os campos de lavanda selvagem – um pouco mais desordenados, mas mais cheirosos e lindos do mesmo jeito. A região fica ao norte de Apt. Para ver alguns dos mais cênicos, basta seguir as placas que indicam o caminho para o Château du Bois, um dos maiores produtores de lavanda da Provence.
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Plateau d’Albion
Ao norte do Luberon, cidadezinhas medievais lindas e minúsculas são cercadas por campos roxinhos que deixam o cenário ainda mais impressionante. Uma das vilas mais bonitas é Banon.
Vale completar a experiência com uma visita ao Musée de la Lavande, nos arredores de Gordes, que dá uma verdadeira aula sobre a flor. O tour começa com um vídeo, segue por um acervo que inclui antigos objetos e destiladores de cobre que datam desde o século 16 e termina numa lojinha (que pode ser visitada diretamente, de graça) que vende todo tipo de produto de lavanda: de deliciosos sachês a cremes, sabonetes e óleos de massagem da marca Le Château du Bois, um dos maiores produtores de lavanda do mundo e dono do museu.
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FEIRAS DE RUA
Pães, mil queijos, frios, frutas e verduras coloridas, especiarias e até pratos prontos. Os mercados de rua são os maiores acontecimentos sociais na Provence. Vale a pena acordar cedo (lá pelas 9h as feiras já estão a mil), levar a própria cesta (as sacolas plásticas foram abolidas há tempos na França) e seguir o calendário das principais cidades:
2ª feira: Cavaillon, Forcalquier
3ª feira: Aix-en-Provence, Apt, Cucuron, Gordes, Lacoste
4ª feira: Digne-les-Bains, St-Rémy de Provence
5ª feira: Ansouis, Aix-en-Provence, St-Rémy-de-Provence
6ª feira: Bonnieux, Cavaillon, Lourmarin, Moustiers Sainte-Marie, Roussillon
Sábado: Aix-en-Provence, Apt, Arles, Digne-les-Bains
Domingo: L’Isle-Sur-la-Sorgue, Aix-en-Provence (só de flores)
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DOCUMENTOS
Quem viaja para a Europa a turismo pode ficar até 90 dias sem necessidade de visto e precisa ter o passaporte válido por pelo menos seis meses. O grupo de países que integram o Espaço Schengen, do qual a França faz parte, exige, ainda, um seguro de viagem com cobertura de pelo menos € 30.000.
DINHEIRO
A moeda da França é o euro. Evite levar dólares ou outras moedas, pois as casas de câmbio já não são muito comuns (e costumam cobrar taxas salgadas).
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