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Proibido para menores (de 30)

Cursos no exterior: nunca é tarde para aprender um novo idioma ou fazer intercâmbio. E os veteranos estão descobrindo isso

Por Nádia Lapa
Atualizado em 16 dez 2016, 09h08 - Publicado em 17 set 2011, 19h58

Caderno novo, ansiedade no primeiro dia de aula, host family, cama de solteiro. Coisa de adolescente? Pode até ser, mas nos últimos tempos isso faz cada vez mais parte da vida de quem deixou a escola há tempos. De três anos para cá, as vendas de pacotes de intercâmbio para quem já passou dos 30 anos têm aumentado cerca de 30%, percentual parecido com o das faixas etárias mais jovens, o público-alvo de dez entre dez empresas de intercâmbio. A crise econômica de 2008, segundo Luiza Vianna, gerente de produto da CI – Central de Intercâmbio, impulsionou a procura: “Para garantir um lugar num mercado cada vez mais competitivo, os profissionais perceberam que a idade não importa. O que vale é ter uma experiência internacional”.

Aprimorar o conhecimento de língua estrangeira por questões profissionais ainda é o grande chamariz dos cursos no exterior. A vivência fora do Brasil acelera o processo de aprendizado; porém, o novo perfil de viajante procura mais que as lições em sala de aula. “O idioma é o foco, mas o estudante maduro é bastante preocupado com o estilo de vida que vai levar lá fora”, diz Samuel Lloyd, diretor de marketing da STB. Além de curtir a cidade depois que a campainha da escola toca, dá para combinar as aulas de idioma com algum curso extracurricular. Com esses “combinados”, o estudante pode voltar da Europa falando inglês, cozinhando uma bela massa italiana e entendendo tudo sobre história da arte. A VT mostra como nas páginas seguintes.

Francês, espanhol… e moda

Você sai do Brasil, digamos, como advogada monoglota e volta chef de confeitaria arrasando no francês. Fazer um curso no exterior pode ser um start para uma mudança de carreira profissional ou até mesmo das próprias prioridades de vida do viajante. É por causa de possibilidades assim que faz sucesso um pacote da STB com aulas na Scuola Leonardo da Vinci, onde a escritora Elizabeth Gilbert (a autora de Comer, Rezar, Amar) começou sua jornada de sucesso. Também na Itália, quem vai ao Instituto Marangoni tem tudo para voltar craque em moda. Além disso, é possível cursar aulas de vídeo em Nova York, gastronomia na França, arte na Espanha… Ao escolher esses pacotes, leve em conta a pesada carga horária dos cursos. Como as aulas de língua estrangeira também estão no programa, sobra menos tempo para curtir a cidade escolhida.

Aprendendo fora da sala

Se a ideia é só aprender um idioma estrangeiro, os cursos não diferem dos que são oferecidos aos adolescentes. Normalmente, à chegada, há um teste para medir a capacidade do aluno. Algumas escolas, no entanto, também separam os alunos por faixa etária. É o caso da Nese, em Harvard, onde até os dormitórios estudantis também seguem essa divisão por idade dos hóspedes. Estudantes mais maduros tendem a aproveitar melhor a experiência no exterior. “Eu sei o quanto me custou o curso e por isso dei muito valor à viagem”, diz Thais Lisboa, que passou quatro semanas estudando em San Diego, na Califórnia. Essa vontade de aprender o tempo todo coloca as grandes metrópoles, especialmente as europeias, no topo dos destinos mais procurados.

A experiência de quem já foi

Os dois filhos pequenos não impediram a mineira Helga Gentil, de 33 anos, de passar uma temporada estudando em Londres. Duas temporadas, na verdade. Bernardo, de 8 anos, e Maria Clara, de 4, acompanharam a mãe, em 2009 e 2010, na capital inglesa. “Meu marido ficava com as crianças enquanto eu estudava”, conta. Helga contratou uma professora particular para passear com ela – e a família – pela cidade.

Analista do Banco Central, Carlos Eduardo Germano, 44 anos, aproveitou a licença especial de três meses que o banco dá e partiu para Toronto, no Canadá. A escola não dividia os alunos por idade, mas Carlos Eduardo adorou: “Eu me senti mais jovem”.

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Thais Lisboa surpreendeu-se com a experiência em San Diego, na Califórnia. Aos 30 anos e já casada, foi aos Estados Unidos para aprimorar o inglês, indispensável na carreira de gerente de produto. “Mas ficar sozinha num país estranho, tendo de cuidar de mim mesma, foi um teste. Aprendi que sou capaz de muito mais do que eu imaginava.”

Aos 22 anos, Vera Speers passou uma temporada em Londres estudando inglês. Depois dos 50, resolveu repetir a experiência, dessa vez para aprender francês em Montreal. Ela jura que a viagem ao Canadá foi mais proveitosa: “Quando você é mais jovem, acha que tem todo o tempo do mundo”.

5 dúvidas sobre… Intercâmbio depois dos 30

Alojamento ou casa de família?

A segunda opção fica em geral mais barata. É de esperar que os mais velhos não criem laços fortes com os anfitriões, como acontece com os intercambistas de high school. O contato é principalmente na hora das refeições, caso o pacote as inclua. De resto, espere ganhar sua própria chave de casa.

Como não cair em uma classe com gente da idade dos meus filhos?

Se a escola não fizer a divisão por faixa etária, uma ideia é evitar viajar durante as férias escolares, quando os adolescentes enchem as salas de aula no exterior.

Quantas horas de aula por semana?

Grande parte das escolas tem uma grade de 20 horas semanais. Se você quer fazer uma imersão cultural na cidade, o ideal é aproveitar muito bem seu tempo conhecendo museus, mercados, locais…

E se a minha família quiser ir junto?

Não tem problema: dá para alugar um apartamento para todos. Mas é preciso ter foco no idioma que você quer aprender. Com a família , a tendência é falar muito português em casa.

Quanto tempo devo ficar para realmente aprender uma nova língua?

Não há fórmula – varia de pessoa para pessoa. O ideal é ficar pelo menos quatro semanas, mas há quem passe apenas uma. “De modo geral, são executivos que têm de afiar o idioma para alguma apresentação ou reunião importante”, diz Luiza Vianna, da CI.

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