Pinheiros: o bairro cool do momento em São Paulo
Veja uma seleta do que chefs, bartenders, lojistas, artistas e galeristas estão aprontando por lá
Aqui tem pizza hipster aberta até as 4 da madrugada, carne de sol ao estilo potiguar, hambúrgueres suculentos feitos na churrasqueira, ceviche com marinada de cambuci. Tem bar de ramen que lota a calçada, boteco especializado em gim-tônica, cervejas de todo jeito e origem.
Tem loja especializada em torta, em bagel, em empanada, em queijos. Tem móveis de design, sapatos veganos, arte experimental. Tarefa difícil acompanhar a programação do bairro de Pinheiros.
Restaurantes
Eis aqui o primeiro restaurante de um egresso do programa MasterChef, exibido pela Band. Num espaço informal com balcão e parede de lousa, a simpática Jiang Pu organizou um menu de pequenas porções para compartilhar, a preços honestos.
O guioza com recheio de carne de porco e vegetais é receita da família da chinesa. Vêm macios à mesa os ribs ao estilo da casa com molho de sabor agridoce. O drinque chinatown, suco de tomate oriental, clamato de hoisin, wasabi e suco de limão, tem apresentação bacaninha num baldinho com gelo. Rua Cônego Eugênio Leite, 448.
Para comer aqui é preciso competir com a multidão que bate cartão desde a abertura da casa, em junho de 2017. Do mesmo grupo da Bráz, faz o estilo hipster, com pé-direito alto, paredes descascadas, letreiro de neon e funcionamento que vai desde o almoço até o pós-balada (às 4 da madrugada, às sextas e aos sábados). As pizzas individuais saem em ritmo frenético do forno elétrico importado da Itália: em poucos minutos você retira a sua no balcão e se acomoda nas mesas comunitárias. Rua dos Pinheiros, 220.
O chef André Mifano montou uma proposta rara na cidade: alta gastronomia a preços relativamente módicos e ambiente informal. O salão simplíssimo conserva pisos e paredes originais da casa dos anos 1930 e a cozinha aberta, integrada ao salão, deixa ver o corre dos cozinheiros – o serviço reduzido faz com que muitas vezes eles mesmos tragam os pratos à mesa.
As receitas autorais que valorizam ingredientes nacionais são feitas para dividir: o sanduíche de rosbife de pato , a costelinha de porco e a lula com morcilla dão vontade de repetir – mas pode ser que o menu, em constante mudança, seja outro na sua visita. Peça o lilu tônico, de gim, servido numa taça generosíssima, para acompanhar, e o arroz-doce com caramelo, para finalizar. Rua Francisco Leitão, 269.
Pinheiros Veggie
Boa parte dos vegetarianos da cidade estão em Pinheiros. O Goa, num casarão, tem menu degustação nos fins de semana. Na Rua dos Pinheiros, o Goshala tem salão colorido e pratos como berinjela empanada com masala. O bufê do Maha Mantra é de pegada indiana e tem almofadas no chão, no segundo andar.
A espera comum aos sábados atesta a popularidade com o público descolado que vem ao salão despretensioso, estilo sala da casa da vovó potiguar. Do Rio Grande do Norte, terra dos proprietários, vem a inspiração dos pratos, como a carne de sol na chapa, que pode ser acompanhada por arroz de leite, feijão-de-corda e mandioca cozida por honestos. Rua Arruda Alvim, 180.
O ambiente, com parede de tijolos rústicos, teto azul-marinho e mesas juntinhas, é esquentado por uma churrasqueira a lenha aberta para o salão. É dali que saem as carnes, os frutos do mar e os vegetais do menu, como a entrada de lula na chapa com aioli e o prato de costelinha de porco com mostarda. Um bar de 360 graus prepara uma extensa carta de coquetéis e atende também quem está na espera – e sempre tem espera. Rua dos Pinheiros, 174.
Mercado de Pinheiros
Desde 2016, o antigo mercado funciona do almoço à happy hour (das 8h às 20h). Efeito da revitalização que rolou por aqui com o aumento da oferta de comes e bebes: a Comedoria Gonzales serve alguns dos melhores ceviches da cidade, a pizzaria Napoli Centrale tem o certificado de autenticidade italiano Verace Pizza Napoletana, e o Mocotó Café tem a comida do chef Rodrigo Oliveira. A Delika vende embutidos artesanais, a L’Adega tem vinhos e cervejas especiais e o Instituto Atá, de Alex Atala, vende produtos dos cinco biomas brasileiros. Sem contar as bancas de frutas e verduras. Rua Pedro Cristi, 89.
Numa daquelas ruas de paralelepípedo que remetem à Pinheiros de antigamente, o espaço minúsculo com duas mesas é enfeitado com flores, louças e quadrinhos coloridos. No almoço, o menu varia com o dia da semana: terça costuma ser dia de panqueca de shimeji; quarta, feijoada; quinta, escondidinho de berinjela – sempre há uma opção vegetariana. No decorrer do dia, há bolos caseiros, rabanada, café, chás e ovos mexidos. Rua Sebastião Velho, 144, 11/99599-1574
O veterano chef Roberto Ravioli concebeu um novo restaurante italiano para o bairro, com salão amplo, ligeiramente sóbrio, toalhas brancas sobre as mesas e vasinhos floridos. E dá-lhe receitas clássicas feitas no capricho, como ossobuco com polenta, pappardelle com ragu de coelho, filé à parmegiana e tiramisú. O menu dá liberdade para você pedir o que vier à cabeça e trocar os acompanhamentos dos pratos. Rua Joaquim Antunes, 197, 11/3083-1625
Reis da badalação
Faça reserva e peça uma mesa no irresistível quintal com plantas e varais de luzinhas, a grande bossa da casa. Depois da comida da chef Gabriela Barretto, claro. O menu é farto em pratinhos para dois, entre eles a polenta cremosa com ricota feita na casa e tapenade de azeitonas. Da grelha vem a bisteca de porco com sálvia, manteiga e limão. Rua Mateus Grou, 345.
Foi uma das precursoras nas especializadas em ceviche de São Paulo e é uma das mais arrumadinhas do gênero, o que se reflete no preço levemente salgado. A versão da casa vem com camarão, lula, atum com emulsão de abacate, leite de coco e chips de banana. Os pratos quentes seguem a vibe de América Latina, mas têm toques brasileiros – vide a tainha grelhada com vinagrete de manga e farofa de banana. Novidade bem-vinda: neste ano, começaram a abrir às sextas no almoço, com menu executivo: entrada, prato principal e sobremesa. Rua Mateus Grou, 488.
Não importa quantas hamburguerias abrirem em São Paulo, a maior unidade do Z Deli permanecerá abarrotada, e o hambúrguer suculento e avermelhado, que mistura quatro cortes bovinos, servido no pão de fabricação própria, continuará arrematando prêmios da crítica especializada. Não tem erro o deluxe, que vem com cheddar, bacon, picles, tomate, cebola, maionese e alface. A saber: o clássico sanduíche de pastrami ainda faz bonito. Rua Francisco Leitão, 16.
Bares
O chef Thiago Bañares, que se inspirou na moda dos bares de noodles de Nova York, acertou em cheio aqui – vide a mega-reforma que a casa passou em 2019 e a calçada sempre apinhada de gente que, não raro, espera mais de duas horas por uma mesa. Nas mesinhas do lado de fora ou no salão estreito, a pedida são porções como asinha de frango agridoce ou cumbucas de ramens. E tem os drinques autorais, como o ray brown, que vem com gim, tintura de cardamomo, Angostura e limão. Rua Fradique Coutinho, 153.
Logo depois que o Paramount abriu, ficou claro que faltava um Paramount em Pinheiros. A cara do boteco é quase a de um pé-sujo, com um balcão simples e mesas na calçada. Apesar da chopeira Estrella Galicia presente, o negócio ali é beber coquetéis com gim a preços imbatíveis, como o gim-tônica com geleia de laranja e grãos de café e o carolina, com gim, agrião e limão-siciliano. A ideia é do dono, Netinho, que trabalhou por 12 anos no Astor, na Via Madalena, e serve ali também petiscos triviais como o espetinho de contrafilé. Rua dos Pinheiros, 1179, 11/3297-8185
Vários motivos para ir a este bar com chopes especiais e 15 torneiras disponíveis. Primeiro, o custo/benefício: dá para beber gastando desde R$ 19 o copo de 500 ml, e a água filtrada é de graça, coisa rara em São Paulo. Depois, pelas comidinhas bem-feitas, como o pastel de carne louca, queijo e espinafre e o hambúrguer da casa, com gorgonzola. Por último, o funcionamento: do almoço até a noite. Rua Cunha Gago, 129.
O restaurante Le Jazz Brasserie é aquele conhecido pelas mesas apertadinhas e ótimo atendimento – e o vizinho, dos mesmos donos, segue a mesma linha. É apenas um bar simpático com balcão em forma de “U”, banquetas e paredes forradas de pôsteres de jazz – quem não consegue se encaixar ali fica nas mesas na calçada. Mais de 40 coquetéis autorais enchem os copos – vale provar o negroni em versão feita com cachaça envelhecida. Rua dos Pinheiros, 262.
Numa esquina em que a presença de uma guarita verde deu nome ao bar – uma casa de tijolos, ambiente escurinho e trilha sonora bacana. Na carta de drinques, destaque para criações como o sauer saví, com cachaça, calda de capim-santo, Peychand’s Bitter e clara de ovo. O bolovo e as pizzas individuais de fermentação natural vêm da mão do chef australiano Greigor Caisley. Rua Simão Álvares, 952, 11/3360-3651
Taí a chance ir a um izakaya (espécie de boteco japonês) autêntico na Zona Oeste – ele é dos mesmos donos do concorrido Izakaya Issa, na Liberdade. No balcão simples e nas mesas do segundo andar, o menu lista quase 50 pratos, como o de gyukatsu curry, carne bovina à milanesa com arroz e curry. Durante a semana, serve no almoço apenas uma opção de teishoku. Avenida Pedroso de Morais, 403.
A grande construção de tijolos aparentes e grafitada chama a atenção no Largo da Batata. É o brewpub da cerveja americana com ganso no rótulo, de Chicago, que abastece as dezenas de torneiras de chope. No cardápio, croquetes de fughi e hambúrguer de pato. Na área externa, brunch de domingo e sessões de jazz. Rua Baltazar Carrasco, 187.
Antes só uma portinha, ganhou salão com 40 lugares. Mas lota. As filas são para devorar o burguer feito na churrasqueira e servido num ponto único, rosado; o de costela pode vir com cheddar, bacon e picles. Prove ainda o provolone derretido com chimichurri. Rua João Moura, 54.
Uma playlist roqueira embala este pequeno bar de paredes vermelhas com quadros de pinturas espirituosas mostrando cães. Os comes são do chef Henrique Fogaça, jurado do programa MasterChef – dá para ir desde a simples porção de castanhas até o hambúrguer de cordeiro e o escondidinho de mandioquinha com ragu de javali. Vasculhe o menu de cervejas especiais, como a session IPA Cão Véio, produzida pela Landel, de Campinas. Rua João Moura, 871.
Comidinhas
Nem tudo em Pinheiros é gourmetizado – e aqui vai uma lanchonete simples para traçar um pastelão rápido e barato. E que pastel: esta é uma das lojas físicas da feirante Maria Kuniko Yonaha, conhecida por preparar alguns dos melhores da cidade. O clássico de carne moída com gengibre e tomate já faz bonito, mas há sabores mais ousados, como o de estrogonofe de carne, mussarela e batata palha. Rua Fradique Coutinho, 580
O ciclismo tematiza este café, já avisa o porta-bikes na entrada, os acessórios à venda e os bonés nas paredes. Tem bons sanduíches, como o de pastrami artesanal, waffles, bagels, e cafés especiais – coado no Hario ou no Aeropress. O pessoal com laptops se acomoda nos balcões ou nas mesas coletivas no quintal, atraentes em dias de sol. Rua Artur de Azevedo, 1317.
Que bênção esta filial da casa de empanadas da chef argentina Paola Carosella. No espaço pequeno, as empanadas são servidas tostadinhas e bem recheadas. A de frango caipira com legumes e a de dois queijos com tomates saem muito. E o sorvete caseiro de doce de leite é imperdível. Rua dos Pinheiros, 248-B.
É a terceira filial da rede que produz algumas das melhores tortas e quiches da cidade. Pedaços individuais são servidos com sopa ou saladas – prove a torta de carne na cerveja preta com parmesão e cebola caramelizada. Rua Fradique Coutinho, 39.
O especialista Bruno Cabral garimpa queijos de pequenos produtores do país – são mais de 40 tipos. O Mimo da Serra, por exemplo, é feito de leite cru de vaca, coalho e sal na região da Serra do Mar, em São Paulo. Há jantares temáticos como as noites de raclette. Rua Simão Álvares, 112.
Aqui, os reis são os bagels, pães de origem judaica em formato de anel. Do café da manhã ao fim de tarde, são vendidas opções salgadas com recheio generoso – vai bem a de salmão com cream cheese. Você pode montar sua própria combinação. As versões doces têm os sabores de banana e cookie de chocolate. Rua dos Pinheiros, 725.
Doçuras
Loja clean e pequena, na Marilia Zilberstein (Rua Fradique Coutinho, 942), são imperdíveis a torta de chocolate sem farinha e a torta cremosa de goiabada com catupiry. A Frida e Mina (Rua Artur de Azevedo, 1147) tem deliciosos sorvetes artesanais de orgânicos. E, na Da Feira ao Baile (Rua Mateus Grou, 80), um balcão de doces enche os olhos. O cookão tem cookie de aveia e brigadeiro branco.
Compras
Com curadoria primorosa de marcas independentes, a loja vende de roupas a acessórios, óculos de sol, livros, pranchas, mochilas, velas, produtos para casa e para cozinha. Veja, por exemplo, as carteiras da Saint Studio e as camisetas da Oficina Itsu. O espaço tem galeria de arte e organiza eventos com comes, bebes e música. Rua Arthur de Azevedo, 1315.
Queridinha dos fashionistas, vende uma seleção de marcas de calçados e roupas minimalistas. O local engloba galeria de arte, restaurante, cabeleireiro, coworking e espaço de eventos. Rua Artur de Azevedo, 517.
Num belo galpão com mezanino e jardim, a loja tem móveis e objetos brasileiros dos anos 1950, 60 e 70, resgatados de fontes diversas, incluindo os próprios autores, e restaurados – o acervo conta com mais de 5 mil itens. Há peças de Sergio Rodrigues, Joaquim Tenreiro e Jorge Zalszupin. Rua João Moura, 268.
Uma árvore coberta por uma roupinha de tricô introduz à loja, que tem prateleiras com fios e lãs especiais, agulhas, acessórios e livros. A programação de cursos inclui aulas de crochê e bordados, e um café oferece docinhos e salgados. Rua Mourato Coelho, 678.
Desde 1979, a loja do inglês Eric Crauford acompanhou a baixa e a nova alta do mercado de vinis. Tem nada menos que 80 mil discos. O forte são as raridades do rock, mas há espaço para música brasileira e eruditos. Rua Artur de Azevedo, 1813, 11/3081-8252
É a filial paulistana da marca gaúcha que produz sapatos veganos, sustentáveis e feitos no Brasil. As sandálias e botas são unissex e têm estampas divertidas. Rua Artur de Azevedo, 1295, insectashoes.com
O brechó de Fábio Souza, marido do estilista Alexandre Herchcovitch, tem roupas vintage garimpadas mundo afora, móveis e objetos de decoração, dispostos no showroom de 500 metros quadrados. Rua Francisco Leitão, 134.
Mateus Grou
Em seus três quarteirões, a rua é point de lojas incríveis. A Galeria Nacional tem produtos artesanais brasileiros. Já a COLLECTOR 55 possui uma seleção de objetos bacanas. A Desmobilia aposta em móveis vintage; e a Cremme conta com objetos de designers. A Cutterman Co. tem bolsas, carteiras e mochilas; e, na Achadinhos, há 70 marcas para crianças.
Galerias de arte
Integrada ao Centro Cultural Barco, que oferece uma série de cursos de arte, moda, literatura e cinema, é direcionada à produção de artistas contemporâneos que consolidaram presença no cenário da arte brasileira, como Ernesto Bonato – em exposição até setembro. Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426.
Novíssima, a galeria trabalha com a ideia de revisitar artistas brasileiros, muitas vezes reposicionando-os no mercado. Na seleção, há obras de gente como o goiano Siron Franco e o paulistano Agostinho Batista de Freitas. Rua Cunha Gago, 208.
Do empresário Marcos Sancovsky, o lugar quer mostrar novas caras da arte brasileira, expondo e difundindo artistas nacionais com produção consistente, mas que ainda não conseguiram se inserir mercado. Obras vendidas entre R$ 2 e R$ 25 000. Praça Benedito Calixto, 103.
Foi reaberta no ano passado sob nova direção, e sedia exposições de artistas jovens e experimentais, como Bruno Cançado e Anna Israel. O corredor entre a rua e a entrada da galeria é dedicado à videoarte, com bancos e fones de ouvidos. Rua Mourato Coelho, 751.
Publicado na edição 264 da Revista Viagem e Turismo