A capela de São Benedito é a marca registrada da Praia dos Carneiros, no litoral de Pernambuco. Uma singela construção pintada de branco, rodeada por coqueiros e bem diante de um marzão pontuado por tons de verde, a igrejinha costuma reinar no Instagram. Na manhã de hoje (18), no entanto, virou um dos símbolos de um descalabro ambiental que vem contaminando a costa do Nordeste desde o começo de setembro. O cartão-postal que costuma ser clicado por multidões de turistas amanheceu diante de uma faixa de areia coberta por pedaços de petróleo cru.
Vestígios de óleo que agora passeia pelas praias da região começaram a ser percebidos por volta das 5 da manhã. E aí deu-se uma mobilização para salvar o paraíso. Moradores, pescadores e turistas se juntaram à Defesa Civil e a órgãos da Prefeitura de Tamandaré em um mutirão de limpeza. Na capelinha de São Benedito, o padre Arlindo conclamou os paroquianos para participar da faxina.
Juntos, os voluntários foram limpando o estrago, retirando as placas viscosas de óleo com as mãos e acomodando tudo em imensos sacos de plástico preto. “Como tinha muita gente, deu certo”, conta Thiago Isidio, agente de turismo que integrou a pequena multidão disposta a retirar manualmente as placas de petróleo cru. Horas depois, a areia estava livre dos blocos escuros.
Thiago enviou um vídeo do mutirão:
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Em nota, a Prefeitura de Tamandaré afirmou que as primeiras providências para limpar as praias do município foram tomadas assim que começaram as notícias sobre o derramamento de óleo no litoral da região. Os órgãos públicos se juntaram à comunidade e reuniram bóias, cabos, sacos plásticos, tratores, caminhões, barcos, combustível, cabos. Assim que as manchas se aproximaram, os voluntários botaram a mão na massa. Alguns restaurantes fecharam, liberaram os funcionários para ajudar na limpeza e serviram comida para os voluntários.
A faixa da areia está limpa – mas ainda não se sabe a extensão dos estragos. Os arrecifes da região, por exemplo, foram contaminados por óleo. A partir de agora, a praia será monitorada por embarcações, drones e uma aeronave, sob responsabilidade do Centro Nacional De Pesquisa E Conservação Da Biodiversidade Marinha Do Nordeste, a UFPE e o Instituto Recifes Costeiros. Ambientalistas continuam no lugar, de olho das condições da faixa de areia e do mar.
A grande preocupação agora está um pouco mais adiante. A qualquer momento, as manchas podem avançar para Porto de Galinhas, próxima de Carneiros, e outra grande riqueza do litoral pernambucano.
Confira o antes e depois da praia com o mutirão:
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