Como é o Parque Nacional do Pau-Brasil, em Porto Seguro

Meca dos aficionados por sol e noitada, Porto Seguro conta com uma área de 190 km² de Mata Atlântica preservada, à disposição dos fãs do ecoturismo

Por Afonso Capelas Jr.
Atualizado em 4 abr 2022, 11h57 - Publicado em 25 Maio 2017, 12h28
Vista panorâmica da imensidão tropical da floresta
 (Luciano Candisani/Viagem e Turismo)
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Porto Seguro sempre foi o queridinho entre os destinos brasileiros para quem adora um litoral quente e luminoso praticamente o ano inteiro – incluindo aí o efervescente circuito noturno, com shows musicais nos clubes de praia da orla norte e os agitos da Passarela do Álcool, no simpático Centro da cidade.

Graças a esses atributos, a região recebe quase 1,5 milhão de visitantes todos os anos e é o terceiro principal destino do Nordeste. Mas, atenção, amantes do turismo ecológico de todas as idades: Porto Seguro também é para vocês.

A menos de meia hora do burburinho das praias, o Parque Nacional do Pau-Brasil tem as portas abertas aos turistas. Incrustado entre os vilarejos de Arraial d’Ajuda e Trancoso as duas joias da coroa desse pedaço do litoral sul baiano , o parque deixou de ser uma área reservada apenas para estudiosos há anos.

Folha seca de três pontas do tamanho de uma mão em primeiro plano, com densa floresta tropical atrás e ao redor
Folha seca de três pontas do tamanho de uma mão em primeiro plano, com densa floresta tropical atrás e ao redor. Crédito: (Luciano Candisani/Viagem e Turismo)

O lugar conta com um cardápio de atividades que inclui roteiros para grupos de observação de aves, tirolesa e arvorismo, mirantes, cachoeiras, áreas estruturadas para camping e roteiros para caminhadas e pedaladas.

Muitas trilhas são equipadas com deques de madeira que permitem acesso fácil e seguro a pessoas com mobilidade reduzida, inclusive cadeirantes.

O nome, naturalmente, não é casual. Pelas trilhas, disponíveis nos seus 190 quilômetros quadrados de Mata Atlântica preservada, é possível admirar uma grande concentração de exemplares da árvore com que a frota de Pedro Álvares Cabral deparou, em 1500, e que acabaria batizando o país. A maioria ultrapassa os 40 metros de altura, e muitas podem ter até mil anos de idade.

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Árvore vista de baixo, com as folhagens das árvores ao redor borradas
Árvore vista de baixo, com as folhagens das árvores ao redor borradas. Crédito: (Luciano Candisani/Viagem e Turismo)

O tour pela área começa no bem montado Centro de Visitantes, logo à entrada do parque. Depois de identificar-se na portaria e pagar o ingresso único, o turista tem seis trilhas de trekking à disposição.

Todas são bem sinalizadas, não é preciso ter guias e monitores por perto para se virar bem. O trajeto desde a portaria até o início delas pode ser feito em um micro-ônibus ou mesmo bike dá pra alugar as magrelas por lá mesmo.

As trilhas são leves e curtas, com até 1 500 metros de extensão. Mas levam a lugares incríveis. Uma delas segue até o Mirante do Pau-Brasil, à beira de um boqueirão de 180 metros de altura, de onde se pode avistar boa parte da imensidão verde de Mata Atlântica que cobre a região.

Vista da mata fechada, com cerca de vinte tipos diferentes de plantas
Vista da mata fechada, com cerca de vinte tipos diferentes de plantas. Crédito: (Luciano Candisani/Viagem e Turismo)
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Ave à vista

Entre uma caminhada e outra, o espetáculo da fauna local. É possível topar com algum vagaroso bicho-preguiça equilibrando-se nos galhos de árvores imensas, como jueranas, sapucaias e parajus, em meio a cipós conhecidos como “escada de macaco”. No chão, tamanduás-mirins, quatis, antas e pequeninas pererecas não são difíceis de encontrar.

E há raridades. Espécies em vias de extinção entre elas, o papagaio-chauá, o macaco-guigó e a gigantesca harpia sobrevivem na floresta protegida. O parque também é um dos poucos lugares em que se pode avistar a harpia (ou gavião-real), que é a maior águia das Américas. Suas asas podem medir, de ponta a ponta, 2 metros, e uma fêmea chega a pesar 8 quilos.

Os observadores de aves, aliás, fazem a festa. Na área, já foram catalogadas 241 espécies pelo menos 41 delas endêmicas, só encontradas no parque. Basta caminhar lentamente, ficar bem atento e ir preparando a máquina fotográfica. Entre os pássaros mais avistados estão sabiás-pimenta, corrupiões, jandaias-de-testa-vermelha, beija-flores, saíras e tangarás.

Um bicho-preguiça olhando para a câmera, esalando verticalmente um tronco não muito grosso de árvore em meio à mata
A rica biodiversidade do parque inclui bichos-preguiça e pássaros. Crédito: (Luciano Candisani/Viagem e Turismo)

Para a turma das bikes, além do aluguel, o parque oferece roteiros predeterminados para amadores e experimentados. A agência de ecoturismo Bahia Active empresa privada que obteve direito de explorar o filão no parque disponibiliza esses passeios pelas trilhas.

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Os grupos podem ter, no máximo, dez pessoas. Há percursos de 20 a 40 quilômetros, com variados graus de dificuldade de trilhas leves e inteiramente planas até caminhos íngremes, que exigem bom condicionamento físico. Todos os pacotes dão direito a bike equipada com câmbio e capacete, lanche de trilha, água, isotônico e acompanhamento de guias.

O parque atraiu o interesse de atletas de alto nível de mountain bike de 25 países. Uma das edições da maior prova dessa modalidade nas Américas, a Brasil Ride, aconteceu lá dentro.

Três ciclistas, desfocados por conta da alta velocidade, pedalam em direção à câmera por uma trilha no meio da floresta
Para os mais dispostos e preparados, as trilhas de bike chegam a ter 40 quilômetros de extensão. Crédito: (Luciano Candisani/Viagem e Turismo)

Rio Brasil

Natureza e história caminham juntas nessa região desde sempre. O Parque Nacional do Pau-Brasil abriga a nascente do Rio da Barra, que também já foi chamado de Brasil pelos primeiros portugueses era uma referência cartográfica aos desbravadores europeus na nova colônia.

Essas e outras curiosidades históricas da região estão à disposição dos turistas no Centro de Visitantes, inclusive com mapas históricos, que mostram os pontos geográficos dali em detalhes. Com eles em mãos, é possível entender, por exemplo, como funcionava a exploração indiscriminada do pau-brasil, vítima da primeira atividade extrativista do país.

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Além do Parque Nacional do Pau-Brasil, Porto Seguro abriga também o Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal e muitas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). Essas áreas, como o nome indica, estão em propriedades privadas, e conservam porções de floresta nativa intactas.

Curso de rio ladeado por pedras altas, com uma pequena cachoeira ao fundo
Em roteiros mais amenos, dá para seguir o curso do Rio da Barra… Crédito: (Luciano Candisani/Viagem e Turismo)

Algumas também são abertas aos turistas. É o caso da Rio do Brasil, que proporciona passeios de canoa até a costa. Ou a RPPN Estação Veracel, que recebe grupos de estudantes e, especialmente, observadores de aves.

Em meio a tanta natureza em estado bruto, a visita ao Parque Nacional do Pau-Brasil oferece vantagens de sobra. Além de conhecer um trecho ambientalmente protegido e quase intacto da história do país, com segurança e boa infraestrutura, o ecoturista amador ou profissional pode encerrar a pequena aventura curtindo o dolce far niente em frente ao mar.

Que ninguém é de ferro.

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Curso do rio em meio à floresta. O rio está em nível bem mais baixo que o chão e as árvores, e há um homem fotografando do alto de uma ponte
…e tirar algumas boas fotos. Crédito: (Luciano Candisani/Viagem e Turismo)

Serviço

O Parque Nacional do Pau-Brasil funciona o ano todo de quarta-feira a domingo, das 8h às 17h. Porém, ao planejar a sua visita, vale a pena ligar com antecedência para o telefone (73) 3281-0805 ou entrar em contato pelos e-mails reservas@parquepaubrasil.com.br e atendimento@parquepaubrasil.com.br para informações atualizadas.

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