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Chapada das Mesas: roteiro, passeios, melhor época

Com acessibilidade de tirar o chapéu, a mais democrática das chapadas tem um cardápio sem igual de cachoeiras, trilhas e lagos azuis

Por Christiany Yamada
Atualizado em 27 Maio 2022, 12h40 - Publicado em 11 fev 2021, 18h29

Quando pensamos em turismo no Maranhão, o primeiro destino que vem à cabeça são os Lençóis Maranhenses. De fato é a atração máxima do estado, mas tem mais. O Parque Nacional da Chapada das Mesas, localizado bem próximo à divisa com o Tocantins, tem um cardápio de cachoeiras e lagos de tonalidades azuis impressionantes. E com vantagens: não é roots nem tem trilhas difíceis como em outras chapadas. Quase todas as cachoeiras contam com passarelas de madeira, o que deixa tudo mais fácil na hora de circular, tanto que não faltam famílias com crianças (às vezes de colo) e idosos. 

Chapada das Mesas: passarelas fáceis para a família toda. Na foto, caminho para Cachoeira do Santuário
Chapada das Mesas: passarelas fáceis para a família toda. Na foto, caminho para Cachoeira do Santuário. (Christiany Yamada/Arquivo pessoal)

Como chegar à Chapada das Mesas

A cidade-base para visitar as atrações é Carolina, que tem menos de 30 mil habitantes e fica a 840 km ao sul de São Luís. Os aeroportos mais próximos são Araguaína, no Tocantins (119 km), e Imperatriz, no Maranhão (221 km). Algumas empresas oferecem traslados, mas alugar um carro vale a pena para se ter maior liberdade para programar os passeios. Imperatriz tem mais opções de locadoras de automóveis, veja aqui. Muita gente aproveita para emendar com um passeio ao vizinho Jalapão.

Quando ir para a Chapada das Mesas

Na época da seca, que vai de maio a setembro: não cai um pingo d’água, o sol brilha e a temperatura chega aos 40 graus. As chuvas costumam aparecer entre outubro e maio. Evite especialmente o período entre final de janeiro e início de abril, quando chove muito mais.

Ao final da estrada, formação rochosa que dá nome à chapada
Ao final da estrada, formação rochosa que dá nome à chapada. (Christiany Yamada/Arquivo pessoal)

Hospedagem na Chapada das Mesas

A hotelaria em Carolina é simples, mas vem melhorando nos últimos tempos. O Ventanas é uma das mais recentes inaugurações e tem tudo novinho. A Pousada dos Candeeiros fica em um casarão antigo e muito agradável. O New Center tem ótimo custo/benefício. A Pousada do Lajes fica pertinho da rodovia que leva para os passeios. Busque mais acomodações em Carolina aqui. Há também opções de hospedagem nas atrações Poço Azul e Pedra Caída, veja detalhes ao longo do texto.

Quantos dias ficar e como explorar a Chapada das Mesas

No mínimo três dias inteiros para conhecer as atrações principais (dois dias para o Complexo Pedra Caída e um dia para Poço Azul e Encanto Azul). Com um dia a mais você pode conhecer São Romão e Prata. Uma semana possibilita fazer tudo com calma e rever alguns lugares. Comandada por Vilmar Lieber, a agência de passeios Cia do Cerrado conduz passeios por até seis dias de atividades. No vídeo abaixo, produzido em parceria entre a VT e a Meta, ele conta um pouco sobre a região:

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Atrações

Encanto Azul e Poço Azul

Localizados no município de Riachão, o Encanto Azul e o Poço Azul são os cartões-postais mais famosos da Chapada das Mesas por conta de suas águas azuis em tons extraordinários. Apesar dos nomes parecidos, são dois lugares diferentes a 6 km de distância um do outro. 

Quem fica em Carolina costuma visitar os dois no mesmo dia, já que estão a 130 km da cidade – levei pouco mais de 2h de carro, pois boa parte da estrada é de terra, mas não há necessidade de veículo 4×4. Aplicativos como Waze ou Google Maps resolvem bem para encontrar o caminho, sem necessidade de guia.

Para quem quer aproveitar mais os lagos, é possível se hospedar no Poço Azul, que conta com uma estrutura de chalés, suítes e piscinas (reservas via WhatsApp: (99)8847-1289). Visitantes podem optar pelo day use. Há um restaurante no local (comi um filé mignon grelhado com arroz, feijão e salada para duas pessoas). No caminho (700m) até o poço há outras cachoeiras, com destaque para a de Santa Bárbara, com mais de 70 metros de altura (é possível descê-la de rapel).

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Evite visitar o Poço Azul em dias de chuva, quando as águas podem ficar turvas e o passeio perde toda a magia. Durante o “inverno” maranhense (que vai do final de janeiro até o início de abril), com dias seguidos de temporal, elas podem até mesmo adquirir uma cor marrom.

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Já o Encanto Azul não sofre com as chuvas. Por ser uma nascente, as águas são sempre claras. O lago chega a sete metros de profundidade e a incidência de raios do Sol realça ainda mais o azul. Ainda que possua banheiros e passarelas de madeira que levam até a nascente, coisa que o Poço Azul também tem, o Encanto Azul não dispõe de restaurante e tem apenas um quiosque de lanches. 

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Complexo Pedra Caída

O lugar é uma espécie de resort a 35 km de Carolina e abriga algumas das cachoeiras mais famosas da região. É possível se hospedar no complexo (diária com café da manhã; passeios não inclusos) ou fazer um day use das piscinas (passeios e refeições são pagos à parte).

Cheguei no complexo na sexta-feira e fiquei até domingo. Foi tempo suficiente para aproveitar tudo com calma, fazendo um passeio por dia. Quem não tiver esse tempo pode ficar dois que é o suficiente para conhecer todas as cachoeiras, uma vez que acontecem saídas guiadas de manhã e à tarde. 

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Na chegada há uma sala onde são passadas informações sobre passeios e venda de ingressos. O trajeto para as cachoeiras mais distantes requer alguns trechos de carro. Já as trilhas possuem passarelas de madeira suspensas ou escadas rústicas com corrimão que tornam a caminhada mais fácil e diminuem os riscos de queda (as pessoas costumam percorrê-las com chinelo de dedo). 

Dentro d’água, nas áreas mais fundas, há cordas para apoio. Os guias acompanham durante todo o percurso e, devidamente treinados (e muito carismáticos), ficam por perto.

Os passeios às cachoeiras estão divididos em quatro: 

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Garrote e Porteira: é o que menos exige esforço físico. Inclui visita a duas cachoeiras (Merim e Garrote), três poços (das Estrelas, Juventude e Sonrisal, cuja água borbulha de forma parecida com a pastilha efervescente e chega a quatro metros de profundidade) e a Cachoeira do Porteira, com 10 metros de altura (R$ 50 por pessoa, 13 km de carro e caminhada de cerca de 50 metros).

Poço Sonrisal: borbulhas de relaxamento
Poço Sonrisal: borbulhas de relaxamento. (Christiany Yamada/Arquivo pessoal)
Cachoeira do Porteira: banho revigorante
Cachoeira do Porteira: banho revigorante. (Christiany Yamada/Arquivo pessoal)

Caverna e Capelão: é o segundo mais popular passeio do complexo. Para chegar à primeira cachoeira é preciso passar por uma caverna. São 12 metros de queda d’água e o barato é se aproximar e relaxar atrás da cortina que se forma. Já a Capelão, com 22 metros de altura, também se destaca pelo azul marinho de suas águas que se misturam à areia vermelha (6 km de carro, 400m de caminhada).

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Santuário Ecológico Pedra Caída: a cachoeira do santuário é a mais disputada e não sem motivo. As águas caem de uma altura de 46 metros e formam uma piscina que chega a três metros de profundidade. O percurso não requer deslocamento de carro e a descida até o local passa por bicas d’água, rica vegetação e cânions, o que faz do passeio um dos mais cênicos e interessantes (600m de caminhada).

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Existe ainda a Cachoeira da Pedra Furada, que está temporariamente inacessível por conta de um incêndio que queimou parte das passarelas. Não há previsão de reabertura.

Todos os passeios têm duração de até duas horas e meia. Para quem prefere usufruir das atrações por um tempo maior, é possível contratar um guia (ingresso das cachoeiras e day use do hotel pagos à parte). Essa opção também é uma boa para quem tem apenas um dia para conhecer a Pedra Caída e gostaria de ver o máximo possível, mas já aviso: vai ser uma correria.

Além dessas, existem também outras atividades dentro dos 13.600 hectares do complexo, como tirolesa e meditação guiada dentro de uma pirâmide. Para visitar ambas, é preciso subir uma serra por uma trilha (860m) ou por teleférico. Se possível, deixe para fazê-lo próximo ao horário do pôr do sol: a vista é espetacular.

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Portal da Chapada

Trata-se de uma formação rochosa que se assemelha ao desenho do estado do Tocantins e de onde se pode ter uma visão privilegiada das chapadas. Aqui, é trilha de verdade e, para chegar até o topo, leva cerca de 20 minutos passando por trechos bem sinalizados, mas que dão vertigem, ainda que haja cordas de apoio. Para crianças ou pessoas com medo de altura, há um outro caminho mais seguro que leva ao mesmo ponto. 

O melhor momento para aproveitar o Portal é no nascer do Sol, que é enquadrado pela formação geológica. Por conta da alta procura, o preço da entrada cai pela metade depois das 7h.

O Portal fica perto do Complexo de Pedra Caída e da estrada que leva para as cachoeiras de São Romão e Prata – e pode ser combinado com qualquer um desses dois itinerários. É aconselhável usar tênis e, é claro, levar água.

Portal da Chapada: consegue ver o mapa do Tocantins?
Portal da Chapada: consegue ver o mapa do Tocantins? (Christiany Yamada/Arquivo pessoal)

São Romão e Prata

“Nós vamos ficar na merda.” Foi assim que o guia nos preparou para as cachoeiras de São Romão e Prata. Aliás, para visitá-las é imprescindível não só o guia, como um carro 4×4. Dos 80 km de distância entre Carolina e a São Romão, 50 km são de terra (muitas vezes de areia fofa e lama).

No percurso, muita vegetação densa típica do cerrado. Por ser um lugar bastante isolado e carecer de sinalização, não deve ser nada agradável ter algum contratempo com o carro por ali. Não é mesmo um lugar para ir sem um guia.

Na primeira cachoeira, a São Romão, há uma prainha onde é seguro nadar. As quedas d’água são imponentes, com 35 metros, e há caiaques para alugar. Mas a maior adrenalina é entrar por trás da cortina de água da cachoeira. Como a queda d’água é muito forte, é preciso caminhar por uma trilha que chega pela lateral. 

Cachoeira de São Romão: o cachorro Nick adora pegar carona no caiaque dos turistas
Cachoeira de São Romão: o cachorro Nick adora pegar carona no caiaque dos turistas. (Christiany Yamada/Arquivo pessoal)

E foi aí que entendi o que o guia havia falado mais cedo. Para se proteger de predadores, muitas andorinhas fazem seus ninhos atrás da cachoeira. E, por isso, há trechos com tanto cocô, mas tanto que os pés chegam a afundar.

Aproximando-se ainda mais da cachoeira, a emoção aumenta. Para subir até a parte de trás da cortina, as pedras são escorregadias (uma corda para dar mais estabilidade está à postos) e a pressão da água é tão forte que fica difícil abrir os olhos. É preciso muito cuidado para não cair. 

Essa é uma atividade que, definitivamente, eu não aconselho para crianças, idosos ou quem simplesmente não se sente confortável – você, afinal de contas, estará de férias e não na prova do líder de um reality show. Gostei da experiência, mas gostei ainda mais quando saí de lá. 

Por fim, a Cachoeira do Prata é um lugar apenas para contemplação. O percurso é curto e sem grandes perigos. Junto com a São Romão, elas são conhecidas como a “Foz do Iguaçu do Maranhão”. A foto abaixo dá uma pequena ideia do lugar.

Cachoeira do Prata
Cachoeira do Prata. (Christiany Yamada/Arquivo pessoal)

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