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Caos em Vail: superlotação e mortes na estação de esqui dos EUA

Combinação de nevasca e novo modelo de tickets causa filas quilométricas na montanha. Na mesma semana, três turistas morreram em acidentes na estação

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 5 jul 2021, 17h27 - Publicado em 19 fev 2020, 16h46

A imagem de uma Vail perfeitinha, digna dos US$ 209 cobrados para passar um dia esquiando, veio abaixo nas últimas semanas. Desde o início de fevereiro, a neve abundante que vem caindo no Colorado fez com que uma quantidade imensa de pessoas subisse a montanha de uma só vez para esquiar.

O resultado foram filas quilométricas para acessar os lifts, fenômeno registrado em vídeos que circularam na internet sob uma onda de críticas. Afinal de contas, Vail é um destino luxuoso e seus frequentadores estão acostumados com exclusividade. E para piorar, a estação registrou três mortes na última semana. Veja abaixo cenas da multidão tentando subir a montanha:

Overbooking de esquiadores

A superlotação, porém, tem uma segunda explicação. Nos últimos dez anos, o marketing das estações de esqui, de uma maneira geral, tem investido pesado na divulgação de passes anuais. Isso significa que, além de vender entradas individuais para o dia, as empresas comercializam tíquetes para toda temporada de inverno. No caso de Vail, paga-se US$ 969 para ter acesso ilimitado à estação.

Nas últimas semanas, os donos de ingressos de temporada e os esquiadores que pagam para acessar o complexo em apenas um dia se somaram, causando o efeito visto nos vídeos acima.

Em comunicado publicado no jornal The Aspen Times, Beth Howard, gerente de operações de Vail, admitiu uma falha por parte da empresa: “Poderíamos ter feito um trabalho melhor antecipando essas situações e comunicado aos nossos visitantes”. Segundo ela, a estação fará mudanças em seu aplicativo para que, a partir de agora, ele mostre o tempo de espera para subir a montanha.

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Questionada pela VT, a assessoria de imprensa de Vail no Brasil declarou que as filas na gôndola na base da montanha ocorreram após uma tempestade de neve, que foi considerada uma das cinco maiores em 58 anos de história: “Nós tivemos quase um metro de neve. Logo após a abertura, já não havia mais fila.” Já as filas em outros lifts, segundo a assessoria, foram “resultado de áreas de esqui limitadas” enquanto a patrulha do complexo checava o risco de avalanches.

Vail, Colorado, Estados Unidos
(Allen Swenson/Reprodução)
Vail, Colorado, Estados Unidos
(Hiking Nerd/Reprodução)

Morte na montanha

E essa não foi a única situação crítica enfrentada pelo resort ao longo as últimas semanas. Na quinta-feira (13), um diretor do banco Credit Suisse, Jason Varnish, morreu aos 46 anos enquanto pegava um teleférico da estação.

Segundo a médica legista Kara Bettis, o assento dobrável do teleférico foi deixado na posição vertical, em vez de ser rebatido para que os esquiadores pudessem sentar. Varnish não notou que o assento não estava no lugar e despencou, mas o casaco que ele usava ficou preso na cadeira e acabou se enrolando ao redor do pescoço, levando-o à asfixia.

O teleférico permaneceu fechado por cerca de 24 horas após o incidente e reabriu na sexta-feira por volta das 11h30. Sobre o corrido, a gente de Vail se limitou a dizer em entrevista ao Washington Post que a empresa “expressa suas sinceras condolências e oferece seu suporte aos familiares e amigos do visitante”. Já a assessoria de imprensa de Vail no Brasil não se pronunciou sobre o caso.

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Por fim, no domingo (16), uma avalanche soterrou e matou Dillon Block, de 28 anos, e Cesar Almanza-Hernandez, de 30 anos. Os dois homens estavam passeando em snowbikes a cerca de 24 quilômetros de Vail.  O Colorado Avalanche Information Center havia comunicado, na manhã daquele dia, que os riscos de avalanche eram altos na região.

A Disney do esqui

Construída do zero na década de 1960 por esquiadores que almejavam criar a estação ideal, Vail parece uma cidade cenográfica, com ruas impecáveis, edifícios em estilo alpino e atrações para toda família, que incluem restaurantes gourmet, cinema, boliche e um rinque de patinação. Ou seja, uma Disney na neve.

A localização também foi escolhida a dedo. Vail fica em um canto especial das Rocky Mountains, no Colorado, onde há uma média de 300 dias ensolarados ao ano e neve em abundância. Ali desenvolveu-se uma estrutura de esqui impecável, com meios de elevação moderníssimos: uma das gôndolas mais rápidas do mundo, inclusive, pertence à estação.

Do dia 25 de fevereiro a 2 de março, Vail sediará o Burton US Open, o principal evento de snowboard do mundo. Até o momento as competições não foram canceladas.

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