Já são muitos os países que deixaram de exigir comprovante de vacinação ou resultado negativo para a Covid-19. Esse é o caso, por exemplo, do Chile. Atualmente, para viajar ao país, basta preencher a “Declaração Juramentada para Viajantes” até 48 horas antes do embarque. No entanto, o país ainda aplica testes RT-PCR aleatórios na chegada ao aeroporto e, caso o diagnóstico seja positivo, exige que o passageiro cumpra quarentena. O brasileiro Rafael de Sant’Anna foi um deles – e acabou perdendo toda a sua viagem por conta disso.
Ao receber resultado positivo para o coronavírus, ele foi orientado a cumprir sete dias em isolamento no local de hospedagem indicado por ele na “Declaração Juramentada para Viajantes”. Seus pais, que viajavam junto, foram orientados a também permanecer em quarentena, mesmo que não tenham sido submetidos a nenhum teste. A princípio, as autoridades chilenas orientaram a família a fazer as refeições apenas utilizando serviços de entrega. Mas, como Rafael argumentou que não possuía aplicativos de delivery que funcionassem no Chile, seus pais foram autorizados a sair apenas para comprar comida. O descumprimento das regras implicaria em uma multa equivalente a R$ 72 mil ou até em uma pena de cinco anos de prisão.
Como Rafael estava sem qualquer sintoma associado à Covid-19, decidiu fazer outro RT-PCR em uma clínica particular e certificada pelo Ministério de Saúde do Chile. O resultado deu negativo, mas ele não teve direito de contestar o diagnóstico positivo obtido no aeroporto e foi obrigado a permanecer em isolamento. “Falei com as Secretarías Regionales Ministeriales de Salud (SEREMI) e me informaram que não adianta apresentar o resultado de outros testes porque apenas o do aeroporto vale. Perguntei se poderia voltar ao aeroporto para fazer um novo teste lá, mas a resposta também foi negativa. Ou seja, o turista fica refém do resultado do resultado do primeiro teste, sem direito a contraprova”, relatou Rafael.
Como a viagem era de exatamente uma semana, a família passou todos os dias no Chile em quarentena. O isolamento social se encerrou na tarde do dia 9 de julho e o voo de volta para o Brasil partiu no dia seguinte pela manhã. A família conseguiu cancelar quase todos os passeios, mas ficou no prejuízo pelos gastos com as passagens aéreas, hospedagem e alimentação de uma viagem que não aproveitaram. Para Rafael, a impossibilidade de contestar o resultado obtido no aeroporto é um “descaso com o turista”. Contatado pela VT, o Turismo do Chile confirmou que uma vez que o resultado do teste for positivo no aeroporto, as autoridades de saúde são notificadas e não há como fazer qualquer tipo de apelação.
Cabe a cada país decidir quais serão as suas regras de entrada para viajantes vindos do exterior. Por isso, é importante ler os regulamentos atualizados antes de planejar a viagem e contratar um seguro com cobertura para quarentena a fim minimizar eventuais perdas financeiras. Mesmo que o país não exija, fazer um teste de Covid-19 antes de viajar pode ser uma forma de precaução.
Regras para entrada no Chile
Até 48 horas antes de embarcar para o Chile, é preciso preencher a “Declaração Juramentada para Viajantes“, que deverá ser apresentada na chegada ao aeroporto. Nessa ocasião, existe a possibilidade de ser escolhido para fazer um teste do tipo RT-PCR. Se o resultado for positivo, é necessário cumprir isolamento de sete dias.
O país também pede que os visitantes façam a validação das vacinas contra a Covid-19 no site mevacuno.gob.cl para adquirir o “Pase de Movilidad”, que é pedido na entrada de restaurantes, eventos e shows. É preciso escanear documentos pessoais e enviar o comprovante de vacinação obtido através do aplicativo Conecte SUS. O prazo para verificação dos documentos é de 48 horas, apesar de, na prática, poder demorar mais que isso.
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