Florença
Cada curvinha perdida das estradas da Toscana reserva um deleite único, ora por uma igrejinha milenar esquecida, ora pela luz da tarde pincelando os campos de girassóis e vinhedos.
E, quando esse cenário encantado já parece ser o suficiente, eis que surge Florença, a cidade responsável – juntamente com Roma e Veneza – pelo status de “terra de sonhos” da Itália.
Desenvolvida às margens do Rio Arno, sobre o qual ainda perseveram sensacionais pontes ancestrais, a cidade de mais de 2 mil anos teve seu auge no Renascimento. Tal momento histórico contribuiu não apenas para a beleza dos casarões, com suas cúpulas ornamentadas, mas também para que ali se reunisse, ao longo dos séculos seguintes, uma grossa fatia da melhor arte já produzida em território italiano.
Estima-se que aproximadamente 40% do acervo artístico do país estão nos museus e nas ruas de Florença. Duas das galerias mais concorridas do mundo, Uffizi e Accademia, estão aqui, apresentando aos visitantes perplexos as melhores travessuras de Michelangelo, Botticelli e outros gênios.
Mas quem não encara uma fila por muito tempo não perderá a viagem se quiser só zanzar pelas ruas, pontes e esquinas da cidade, sempre prontas para revelar uma nova-velha surpresa.
QUANDO IR
O clima é agradável, as ruas ficam floridas e o calendário se enche de festivais de abril a junho, durante a primavera. O verão, entre julho e agosto, é época de alta temporada, além de ser bastante quente e seco, mas é ideal para ver os campos de girassóis da Toscana.
De setembro a outubro, no outono, o clima também é ameno, além de a cidade ficar mais tranquila, mas as chuvas podem atrapalhar os passeios ao ar livre. A partir de novembro, o frio invernal começa a dar as caras e os dias ficam mais curtos – as chuvas diminuem em janeiro, mas as temperaturas ficam mais baixas até março.
ONDE FICAR
A oferta de quartos concentra-se dentro do Centro Histórico, que é ainda a melhor região para se hospedar, devido à proximidade com a maior parte das principais atrações. Como em boa parte da Itália, há desde simples estabelecimentos familiares, excelentes para conhecer a cultura local e a boa mesa, a hotéis-butique, repletos de móveis de design, objetos de arte e, vez por outra, restaurantes com toques contemporâneos.
Próximo do Duomo, o B&B Le Stanze del Duomo tem a opção de apartamentos com sala de estar e cozinha compacta – o café da manhã é servido em um restaurante parceiro a três minutos de distância.
São mais próximos da Piazza della Signoria o B&B La Signoria di Firenze, mais simples, e o Stanze del David Place, que fica no quarto andar de um edifício do século XV. Nesse último, decoração combina elementos antigos e outros mais modernos e há quartos com vista para o campanário do Duomo.
Nas imediações da Piazza della Repubblica, que fica no meio do caminho entre o Duomo e a Pizza della Signoria, o Hotel Pendini tem gerência familiar desde 1879 e conta com afrescos e móveis de época.
Entre as opções luxuosas está o Hotel Savoy, que tem quartos elegantes decorados em estilo contemporâneo e localização privilegiada em plena Piazza della Repubblica (veja como é a experiência de se hospedar).
Também merece destaque o Palazzo Portinari Salviati. Construída no final do século XV, esta é uma das mansões mais grandiosas de sua época na cidade e hoje guarda apenas 14 acomodações – as do primeiro andar ostentam afrescos originais espetaculares e tetos dourados.
Há alguns bons hotéis que valem pela relação entre custo e benefício no entorno da estação ferroviária de Santa Maria Novella. A localização é boa para quem deseja visitar outras cidades de trem.
A 200 metros da estação, o Hotel Indigo Florence possui decoração descolada e piscina. Logo ao lado, o B&B La Nannina tem quartos modernos e serve um café da manhã italiano todos os dias.
O Hostel Archi Rossi possui quartos compartilhados e privativos, além de terraço, jardim e lavanderia. O B&B La Residenza Dell’Orafo aposta em cores fortes na decor e oferece o café da manhã em uma confeitaria próxima.
Mais perto da Basílica de Santa Maria Novella, o Hotel Santa Maria Novella tem uma cobertura com vista para a igreja. No Grand Hotel Minerva, também há um terraço que permite admirar o centro histórico, munido de uma piscina.
Vale conferir ainda o 25hours Hotel, que se inspirou em A Divina Comédia, do escritor fiorentino Dante Alighieri, para criar quartos com temática de céu (em branco e azul) e inferno (em vermelho). O restaurante do hotel fica em um bonito jardim de inverno, com teto de vidro.
Junto ao Rio Arno encontram-se alguns dos melhores hotéis de Florença, com vista deslumbrante, decoração de muito bom gosto e serviço impecável. Oltrarno, na outra margem do rio, é um bairro mais residencial e oferece a experiência de uma Florença autêntica.
Chiquérrimo, o Portrait Firenze combina janelas que emolduram a Ponte Vecchio, design contemporâneo e amenities Salvatore Ferragamo.
A dois minutos a pé da Ponte Vecchio, já em Oltrarno, o Ponte Vecchio Suites & Spa tem suítes elegantes, academia gratuita e spa.
Com vista para o rio, o luxuoso Hotel Lungarno pertence à família Ferragamo e conta com arte contemporânea original e obras do século XX, incluindo um Picasso. Nos banheiros, os produtos são da Salvatore Ferragamo. Dentro do hotel fica o restaurante Borgo San Jacopo, estrelado pelo Guia Michelin.
A 300 metros do Palazzo Pitti, o charmoso Hotel Palazzo Guadagni tem quartos com pé-direito alto, tetos ricamente decorados e mobília antiga.
Com jeitão hipster, o SoprArno possui quartos repletos de objetos vintage e móveis retrô que combinam com os elementos arquitetônicos originais da casa, incluindo vigas de madeira expostas. Cada quarto possui um tema diferente: o Viaggiatore, que significa “viajante”, é decorado com mapas emoldurados.
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ONDE COMER
É difícil comer mal na Toscana. Ingredientes finos e frescos vindos de toda a região (e também das vizinhas do norte Vêneto e Emilia-Romagna) abastecem as despensas e alimentam os fogões das boas casas de Florença.
Alguns restaurantes agradam bem os turistas estrangeiros, oferecendo práticos menus com entrada, prato principal, vinho da casa e café (de vez em quando, uma boa sobremesa também está inclusa). Os preços são atraentes, as opções muito boas e o preparo, geralmente correto.
Algumas especialidades locais incluem a bistecca alla fiorentina (um mastodôntico corte de carne, grelhado ou assado), o crostini alla Toscana (uma torrada com fígado de galinha) e zuccotto, um delicioso bolo recheado de amêndoas. Isso sem falar nos ótimos vinhos da região, como o Vernacciia di San Gimignano, Vino Nobile de Montepulciano, o Brunello de Montalcino e o Chianti Classico.
A Trattoria Sabatino é um restaurante com mais de 60 anos de história, ideal para experimentar a culinária florentina. Também histórica, a Trattoria da Mario tem menu sazonal e costuma ficar lotada, principalmente de turistas.
Mais frequentada por locais, a Trattoria Sergio Gozzi, a Trattoria La Casalinga e a Trattoria Sostanza têm clima simples e caseiro e também servem bons clássicos toscanos. A Trattoria 4 Leoni é outra boa opção para provar especialidades locais
Também são dedicados à tradicional culinária toscana três dos cinco restaurantes do chef celebridade Fabio Picchi na cidade: o requintado Cibrèo Ristorante, o econômico Cibrèo Caffé e o Cibrèo Trattoria, focado em massas.
Para experiências diferentonas, tente os outros restaurantes de Picchi – o Teatro del Sale combina buffet e apresentações teatrais e o Ciblèo tem menu com fusão entre as culinárias asiática e italiana – ou o moderno, criativo e refinado Il Santo Bevitore. Outra sugestão é o Dalla Lola, que faz reinterpretações modernas de clássicos toscanos.
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Dentre as cozinhas estreladas, a Gucci Osteria é comandada pelo famoso chef italiano Massimo Bottura, que ocupa um palácio do século 14 em plena Piazza della Signoria. Já o Irene fica na Piazza della Repubblica, dentro do Hotel Savoy, e possui um cardápio com preparos elaborados com trufas brancas, que vai do ovo frito ao risoto.
Florença também tem excelentes lanchonetes para aquele sanduíche rápido na hora do almoço. Os fartos panini do All’Antico Vinaio são famosos na cidade e o cliente pode escolher os ingredientes ou pedir em alguma das sugestões da casa. No Semel e na SandwiChic, os recheios dos panini também levam ingredientes toscanos, como trufas, pera, queijo pecorino e cogumelos porcini.
Para experimentar sanduíches de lampredotto (de estômago bovino) e trippa, aposte no carrinho do I’Trippaio di Firenze ou no quiosque da Da Nerbone, dentro do Mercato Centrale. Os crostinis da Fiaschetteria Nuvoli, cobertos por patês de fígado de frango, linguiça e alcachofra, entre outros, também são uma boa opção.
Para tomar um drink e petiscar antes do jantar, experimente bares como o intimista Il Santino, com crostinis, carpaccios e paninis no menu ou então vá aos wine bars Casa del Vino e Le Volpi e L’Uva, onde a bebida é acompanhada de frios, linguiças, bruschettas, crostinis e sanduíches.
Por fim, não deixe de ir às pasticcerias e gelaterias para os doces. Há mais de 50 anos, a Pasticceria Nencioni serve doces tradicionais como a sfoglia recheada de pera, ricota e chocolate e o budino di riso, uma tortinha de pudim de arroz. Já o Caffè Gilli, todo em estilo belle époque, existe desde 1733 e é perfeito para comer o café da manhã tipicamente italiano, composto de um doce e um café.
Se precisar eleger uma única gelateria, atravesse a Ponte Vecchio para o lado direto do Arno para encontrar a deliciosa e minúscula Gelateria della Passera, que fica em frente à Piazza della Passera, lugar um tanto alheio ao frenesi de Florença. Sabores com infusões como flores e especiarias aparecem no cardápio que muda quase todos os dias. Apenas vá! Aproveite para bater perna naquele trecho chamado Santo Spirito e você terá a sensação de estar descobrindo uma outra Florença, com pracinhas, ruas pitorescas e gente vivendo a vida.
Para outros gelatos, experimente a clássica Gelateria dei Neri, com sabores como caramelo salgado e chocolate em diversos tipos e versões, a Perchè No!…, com um dos melhores gelatos de pistache da cidade, sabores como chá-verde e lavanda e as boas granitas vendidas durante o verão e a Gelateria Il Procopio, com boas opções de gelatos sem lactose e glúten.
O QUE FAZER
“Museu a céu aberto” é um chavão bem empregado quando o assunto é Florença. Não fosse a multidão de turistas empunhando seus smartphones, certas ruas nos transportariam direto para o Renascimento, época que a família Medici mandava no pedaço e patrocinava a rodo talentos como Michelangelo, Donatello e Botticelli. Essa leva de artistas conquistou fama mundial, mas boa parte de seus trabalhos ficaram espalhados pelos museus, palácios e igrejas de Florença. Fechado para carros, o centro histórico concentra essas atrações e pode ser explorado a pé. Mas vale ir além – ou melhor, ao outro lado do Rio Arno: o bairro de Oltrarno guarda belas surpresas como o Palazzo Pitti e a Piazzale Michelangelo, com vista imbatível da capital da Toscana.
Duomo
O cartão-postal máximo de Florença é a Catedral de Santa Maria del Fiore, popularmente conhecida como Duomo. Com a construção iniciada em 1296, a igreja tem uma bela fachada de mármore verde, rosa e branco e uma enorme cúpula, projetada por Filippo Brunelleschi e decorada com afrescos de Giorgio Vasari e Federico Zuccari.
A entrada na catedral, mas um bilhete válido por 72 horas dá direito à subir na cúpula e a conhecer as outras atrações do complexo: o Batistério de San Giovanni, uma das igrejas mais antigas de Florença, o Campanário de Giotto, com 414 degraus até o topo, a Cripta de Santa Reparata, que guarda as ruínas da antiga basílica sobre a qual a Catedral de Santa Maria del Fiore foi construída e o Museu dell’Opera, que reúne as esculturas originais criadas para decorar os monumentos do complexo.
Igrejas
Além do complexo do Duomo, Florença está repleta de igrejas, basílicas e catedrais antiquíssimas, que são (e guardam) verdadeiras obras de arte.
Pertinho da principal estação de trem da cidade, a Basílica de Santa Maria Novella data do século XIII e traz tanto elementos góticos quanto renascentistas em sua arquitetura. Além disso, a igreja guarda uma série de obras importantes, assinadas por nomes como Giotto, Brunelleschi, Botticelli e Masaccio, entre outros.
Na franciscana Santa Croce, é possível encontrar obras como o Crucifixo e a Anunciação de Donatello e os afrescos de Giotto e de Gaddi, além dos restos mortais de Michelangelo, Galileu e Maquiavel. Também fica na igreja a Scuola del Cuoio, onde é possível assistir ao trabalho dos artesãos e comprar produtos diversos.
Antigo mercado de grãos, a Igreja de Orsanmichele é famosa pelas estátuas de santos que decoram seu exterior, feitas por escultores como Ghiberti, Verrocchio e Donatello. Muitas das esculturas expostas hoje são cópias, mas o Museu de Orsanmichele, no andar superior, guarda as originais.
Já a Abadia de San Miniato al Monte, considerada uma das obras-primas da arquitetura românica na Toscana, fica em um dos pontos mais altos de Florença e descortina uma vista incrível da cidade. Do lado de dentro, chamam atenção a Capela do Cardinal de Portugal, feita por artistas como Antonio Manetti e Luca della Robbia; a Capela do Crucifixo, de Michelozzo, e o mosaico do abside, datado do século XIII.
A igreja mais antiga de Florença é, provavelmente, a Basílica de San Lorenzo. Consagrada em 393 d.C e reconstruída por Brunelleschi no século XV, à pedido dos Médici, a basílica guarda púlpitos de bronze feitos por Donatello, o túmulo do escultor e a Biblioteca Medicea Laurenziana, com cerca de 11 mil manuscritos da coleção dos Médici. As Capelas dos Médici (a Sagrestia Nuova, de Michelangelo, e a Capela dei Principi, feita de mármore e pedras semipreciosas), onde estão enterrados alguns dos membros da família, que já foi a mais poderosa de Florença, ficam no mesmo complexo.
Fundada em 1250, a Basílica Santissima Annunziata ficou famosa por guardar a Anunciação, uma imagem considerada milagrosa: acredita-se que um anjo teria terminado o afresco enquanto o pintor, abatido por não conseguir fazer os detalhes no rosto da Virgem Maria, dormia. A basílica foi completamente reformada no século XV por Michelozzo e Leon Battista Alberti e ganhou uma rica coleção de afrescos de Andrea del Sarto, Pontormo e outros representantes do Maneirismo, movimento artístico que se desenvolveu paralelamente ao Renascimento.
Reconstruída por Michelozzo no século XV, a Basílica de San Marco tem afrescos, capelas desenhadas por Giambologna e até um mosaico da Virgem Maria que acredita-se datar do século VIII. Mas a estrela do complexo é o Museu de San Marco, que ocupa uma parte do antigo convento dominicano adjacente à Igreja: lá, é possível encontrar uma enorme coleção de afrescos e pinturas de Fra Angélico, entre outras obras.
Outra das obras-primas de Brunelleschi, a Basílica de Santo Spirito começou a ser construída em 1444, mas o arquiteto só viveu para ver dois anos de construção – Antonio Manetti, Giovanni da Gaiole e Salvi d’Andrea, seus seguidores, foram os responsáveis pela finalização do projeto. Além da arquitetura em si, a basílica também guarda um crucifixo de madeira de Michelangelo, um vitral de Perugino, esculturas de Bernardo Rossellino e Andrea Sansovino e mais obras.
Preste atenção também na Igreja de Santa Maria Maggiore, uma das mais antigas da cidade: lá, uma inusitada escultura de cabeça, chamada pelos locais de Berta, está pendurada em uma das paredes. Duas teorias tentam explicar sua existência: uma diz que Berta é uma homenagem a uma mulher que doou um sino para a igreja; a outra, que ela foi amaldiçoada e petrificada na parede por um prisioneiro acusado de bruxaria.
Museus
Berço do Renascimento, Florença vive e respira arte – 40% do acervo artístico italiano está aqui, afinal. Não é de se espantar, então, que alguns dos melhores museus do mundo estejam na cidade.
É o caso da Galleria degli Ufizzi, onde está o mais importante acervo renascentista do mundo, com obras de Boticelli, Rafael, Michelangelo e outros mestres do período. O museu, que ocupa um edifício projetado por Giorgio Vassari e guarda a coleção de arte dos poderosos Médici, está organizado por período histórico e artista – além dos renascentistas, a visita completa (que alguns dizem demorar pelo menos quatro horas) vai te levar de peças bizantinas ao barroco Caravaggio, entre outras. Preste atenção também nas janelas da Uffizi, que enquadram vistas privilegiadas para a Ponte Vecchio, o Palazzo Vecchio e a Cúpula do Duomo.
Aberto pela primeira vez ao público no final de 2024, o Corredor de Vasari é uma antiga passagem utilizada pelos Médici que liga a Galleria degli Uffizi ao Palazzo Pitti.
Apesar de ainda levar o nome de seu primeiro dono, o Palazzo Pitti também já pertenceu aos Médici e a outras duas dinastias, os Habsburgo-Lorena e os Savoia. Hoje, porém, o prédio, construído a partir de um projeto de Brunelleschi, é a sede dos Appartamenti Reali, decorados com móveis das três famílias (no primeiro andar) e de quatro museus.
No térreo e no mezanino, o Tesoro dei Granducchi guarda a coleção de artigos para casa dos Médici, como vasos de pedras preciosas e talheres de prata. Já no primeiro andar, fica a Galleria Palatina, com uma coleção de pinturas dos séculos XVI e XVII (incluindo obras de Rafael e Caravaggio). No segundo andar, a Galleria d’Arte Moderna tem pinturas e esculturas que abrangem do fim do século XVIII ao início do século XX e o Museo della Moda e del Costume exibe roupas e acessórios dos últimos 400 anos. Para completar, os Jardins de Boboli, atrás do Palazzo Pitti, são uma extensa área verde onde é possível encontrar estátuas, fontes, cavernas, um anfiteatro e mais.
Outro dos grandes museus de Florença é a Galleria dell’Accademia, casa do Davi de Michelangelo (essa é a original; existem duas réplicas dele na cidade) e também de outras três estátuas do artista. A galeria ainda guarda obras de Boticelli, Giambologna e Domenico Ghirlandaio, entre outros, arte gótica e uma vasta coleção de instrumentos musicais.
O Palazzo Vecchio, que já foi sede do governo fiorentino e residência dos Médici, abriga, hoje, um museu. Lá, os visitantes podem admirar os salões e aposentos dos Médici, ricamente decorados com afrescos e painéis de artistas como Bronzino e Vasari; esculturas de Michelangelo e Donatello; o Studiolo di Francesco I, uma das obras-primas de Vasari e a Sala dos Mapas, com um grande globo terrestre e diversos mapas mundi que mostram como a Terra era conhecida no século XVI. Além disso, é possível visitar a Torre de Arnolfo, com 95 metros de altura, e o parque arqueológico, com ruínas de um antigo teatro romano.
Museus que contam da vida e das contribuições de personagens famosos nas histórias de Florença e da Itália também não faltam. Leonardo da Vinci está representado no Museo Leonardo da Vinci, que guarda réplicas de suas engenhocas e pinturas mais famosas e explora os estudos de anatomia feitos pelo gênio. Desenhos, modelos, esculturas e pinturas de Michelangelo ajudam a contar sua história e de sua família na Casa Buonarroti, enquanto o Museo Casa di Dante explora a vida e o trabalho de Dante Alighieri, autor d’A Divina Comédia.
Para os amantes de ciência, o Museo Galileo guarda telescópios, relíquias e outras invenções de Galileu Galilei, as coleções de objetos científicos dos Médici e dos Habsburgo-Lorena e diversos instrumentos, que astronomia, geografia, química, elétrica e outras áreas do conhecimento. Já quem gosta de moda pode visitar o Gucci Garden, que explora a história e a identidade da grife italiana e seu renascimento nos últimos anos.
O Museo degli Innocenti também vale a visita – ele conta os seis séculos de história do Istituto degli Innocenti, instituição dedicada a acomodar e cuidar de crianças abandonadas, e a evolução arquitetônica do prédio (que foi projetado por Brunelleschi), além de trazer oitenta obras de arte, de artistas como Boticelli e Ghirlandaio, e workshops para crianças.
Outro lugar interessante é o Museo Nazionale del Bargello, localizado em uma fortaleza que já foi usada como prisão – ele abriga importantes esculturas Renascentistas, de mestres como Donatello, Verrocchio e Michelangelo, além de tapeçarias, móveis, medalhas e outras obras e objetos de períodos variados.
Não deixe de conhecer também a Officina Profumo Farmaceutica di Santa Maria Novella, a farmácia mais antiga da Europa, toda decorada e cheia de móveis do século XVII e produtos diversos, como sabonetes, cremes e colônias, e o Museo Stibbert, com um acervo de 50 mil itens, que inclui armaduras e armas europeias, islâmicas e japonesas, sarcófagos, quadros e vestimentas.
Outros passeios
Florença é uma cidade cheia de imponentes museus e lindas igrejas, mas também guarda várias praças e mercados, que contribuem para sua fama de ser um grande museu a céu aberto e permitem muitas atividades ao ar livre.
Um dos cartões-postais de Florença, a Ponte Vecchio foi a única ponte a cruzar o rio Arno até 1218. Hoje, ela é tomada por joalherias (devido à influência dos Médici, que substituíram os açougues da ponte pelas lojas de joias quando construíram o Corredor de Vasari, que passa por parte da ponte) e outros comércios e à noite, quando as lojas fecham, atrai casais devido a sua atmosfera romântica. Para vê-la de outra perspectiva, vale fazer um passeio de renaioli pelo Arno, que lembram as gôndolas de Veneza.
A Piazza della Signoria é considerada o coração político da cidade, já que lá fica o Palazzo Vecchio, que hoje é sede da prefeitura florentina. Dividem o espaço, ainda, uma das réplicas do Davi de Michelangelo, a Fontanna del Nettuno, de Ammannati, o Gucci Garden e as várias estátuas da Loggia del Lanzi, uma espécie de museu de esculturas ao ar livre. Repare também na fachada do lado direito do Palazzo Vecchio, onde há o desenho do perfil de um homem na pedra – reza a lenda que a figura foi feita por Michelangelo, e mais, enquanto ele estava de costas para o muro e com as mãos atrás do corpo.
A segunda réplica do Davi fica, é claro, na Piazzale Michelangelo, que tem, além disso, uma vista panorâmica da cidade, que enquadra o Duomo, a Ponte Vecchio, a Santa Croce e vários outros monumentos e atrai uma multidão para assistir ao pôr do sol. Já na Piazza della Repubblica, bem no centro da cidade, um imponente arco dos tempos do Império Romano chama a atenção logo de cara – a praça é, ainda, a casa de um famoso carrossel e de vários cafés e restaurantes e costuma receber diversas apresentações de artistas de rua.
Pertinho da Basílica de San Lorenzo, o Mercato di San Lorenzo é sucesso tanto entre os locais quanto entre os turistas, com suas barraquinhas de roupas, lembrancinhas, chapéus, bolsas e outros artigos de couro. Do lado, fica o Mercato Centrale, um mercadão alimentar coberto que funciona como um mercado tradicional no primeiro andar e tem restaurantes e quiosques no segundo.
Outro importante mercado alimentar de Florença é o Mercato di Sant’Ambrogio, uma espécie de feira livre com barracas de embutidos, frutas, vegetais, pães, queijos, carnes e diversos outros produtos. No Mercato del Porcellino, a tradição é passar a mão no focinho do javali de bronze que fica na entrada – dizem que dá sorte! Dentro do mercado, os lojistas vendem tapeçarias, produtos de couro, roupas, bijuterias e souvenires.
Por fim, vale visitar também o Mercato delle Pulci, literalmente um mercado de pulgas que vende de tudo um pouco, de produtos de artesanato a livros, móveis e luminárias – o local, imperdível para quem gosta de antiguidades, abre todos os dias, mas no último domingo do mês fica ainda maior, com várias barracas adicionais espalhadas pelas ruas ao redor.
Walking Tour
Florença tem tanta arte, cultura e história que, de vez em quando, a melhor forma de conhecer a cidade é através de passeios a pé. Bem humorados e ricos em detalhes, estes walking tours estão entre os melhores investimentos para conhecer alguns detalhes curiosos da joia renascentista. Um dos melhores são os grupos organizados pela Art Viva.
Sugestão de roteiro
Dedique ao menos dois dias para conhecer Florença. No primeiro dia, explore o complexo do Duomo, visite a Accademia, tome um café na Piazza della Signoria e caminhe pela Ponte Vecchio.
No segundo, chegue bem cedo para conhecer a Galleria degli Uffizi, reservando ao menos três horas para conhecer suas obras de arte. O Bargello, o Palazzo Pitti e a Basílica de San Lorenzo são algumas das muitas opções para visitar durante a tarde. Ou simplesmente, perca-se pelas ruas da cidade ou dê um jeito de ficar mais tempo por aqui. Se puder estender um pouco a viagem, veja aqui um roteiro para passar 72 horas perfeitas em Florença!
A cidade é ótima também como base de exploração da região da Toscana. Em um dia, você pode conhecer Pisa e Lucca. Com um pouco mais de tempo, não deixe de ir a Siena e San Gimignano, ou mesmo aos vinhedos de Chianti ou Montepulciano. Confira este roteiro de 13 cidades para visitar na Toscana.
Firenze Card
Se você vai ficar pelo menos 3 dias em Florença, considere comprar o FirenzeCard, um passe com validade de 72 horas, que dá direito à uma entrada em mais de 60 museus e igrejas (incluindo a Uffizi, a Accademia, o Palazzo Pitti e o Palazzo Vecchio), com acesso prioritário.
Há também uma modalidade extra, o FirenzeCard Restart, um passe totalmente digital que dura 48h e funciona como uma expansão do FirenzeCard. Essa versão só pode ser adquirida quando o bilhete de 72h expirar, exclusivamente pelo aplicativo do FirenzeCard. O passe pode ser ativado logo após o vencimento do cartão original, para ter acesso aos benefícios por cinco dias seguidos, ou em até seis meses após a compra.
Ambas as modalidades são gratuitas para menores de 18 anos.
É possível comprar o FirenzeCard pela internet ou em diversos pontos turísticos da cidade, como as bilheterias da Igreja de Santa Maria Novella, do Palazzo Pitti e da Galleria degli Uffizi. Ele começa a valer a partir da primeira entrada em um museu e, no caso do FirenzeCard Restart, após a ativação pelo próprio site.
Faça as contas para ver se a compra vale a pena: some os ingressos de todas as atrações que deseja visitar, além das entradas prioritárias de alguns museus (a Uffizi e a Accademia sempre têm filas). Vale considerar ainda a época do ano, já que na alta temporada outras atrações também lotam.
Como chegar
O Aeroporto di Firenze, a 5 km do centro da cidade, recebe voos nacionais e internacionais, incluindo de companhias de baixo custo – saindo de São Paulo, a Air France voa para lá com conexão em Paris, a TAP com conexão em Lisboa, a KLM, com conexão em Amsterdã e a ITA, com conexão em Roma, entre outras companhias.
O aeroporto é ligado ao centro de Florença por transporte público pela linha T2 de tram, trajeto que dura aproximadamente 20 minutos. Também é possível ir do aeroporto à cidade de táxi, que tem preços tabelados, Uber e carro alugado.
Outra opção é chegar pelo Aeroporto di Pisa, a 1km de Pisa e cerca de 82km do centro de Florença. A Caronna Tour opera ônibus até a estação de trem Santa Maria Novella. Além disso, um trem conecta o aeroporto à estação Pisa Centrale e, de lá, é possível pegar trens até Florença.
Se você está na Europa, uma das maneiras mais fáceis de chegar a Florença é de trem. Os serviços ferroviários italianos são bastante confiáveis, rápidos e boa parte dos comboios são confortáveis. Roma, Veneza, Milão, Bolonha e Pisa são alguns dos destinos servidos tanto por trens regionais como de alta velocidade. O terminal ferroviário Santa Maria Novella fica bem no centro, próximo à igreja de Santa Maria Novella e ao Duomo. Saiba aqui como andar de trem pela Itália.
Também é possível chegar a Florença de ônibus, que são confortáveis, podem ser uma opção mais barata que trens e aviões e muitas vezes, oferecem até wi-fi e entretenimento de bordo. Procure por passagens nos sites BusRadar e Omio.
E, de uma maneira geral, as estradas são ótimas – desbravar a Toscana de carro é uma boa pedida.
Como circular
Definitivamente a melhor opção é conhecer Florença a pé. Boa parte do centro é plano e as principais atrações, opções de refeições e hospedagens encontram-se por ali, com curtas distâncias entre si: poucas quadras separam o Duomo da Piazza della Signoria e esta da Galleria dell’Accademia, por exemplo.
Outra opção para se locomover por Florença são os ônibus municipais. Na cidade, a Autolinee Toscane é a empresa responsável pelas linhas, tanto de ônibus convencionais como de elétricos, os quais chegam mais perto do centro histórico. A passagem que dá direito a 90 minutos de uso e é vendido nos canais digitais ou presencialmente bilheterias e revendedores oficiais. Ao entrar no ônibus, é necessário validar o bilhete e guardá-lo durante o percurso. Saiba mais sobre como andar de ônibus na Itália aqui.
Há, ainda, quatro linhas de tram, uma espécie de bondinho. Os bilhetes podem ser comprados nos mesmos locais em que são vendidas as passagens de ônibus, em canais digitais e nas máquinas automáticas localizadas em cada estação para 90 minutos de uso.

Florença também tem algumas estações de trem, espalhadas por alguns bairros, mas a de Santa Maria Novella, a principal e mais central da cidade, é a mais utilizada pelos turistas. As demais estações podem ajudar na locomoção até o centro histórico, onde está a maioria das atrações – há trens que vão direto das estações Campo di Marte, Rifredi, Rovezzano, Castello e S. Marco Vecchio até a Santa Maria Novella, por exemplo.
Por fim, existe também a possibilidade de conhecer Florença com os ônibus de turismo em que os passageiros podem descer e subir no ônibus quantas vezes quiserem pelo período comprado; táxi e Uber ou bicicleta também são opções.
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