Vem pra Nova York

Rogéria Vianna é publicitária e vive em Manhattan há mais de 10 anos, onde faz produção executiva para programas de TV como o "Entre Mundos com Pedro Andrade", na CNN. Aqui ela não vai poupar sola de sapato nem MetroCard para provar que Nova York é muito mais do que a Times Square
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Nova York: os melhores endereços do Meatpacking District

Parques novidadeiros, mercado gastronômico, galerias de arte, lojas conceito, restaurantes e outros achados no descolado bairro de Manhattan

Por Rogéria Vianna
Atualizado em 6 jun 2023, 14h12 - Publicado em 5 jun 2023, 17h47

Se há um bairro que passou por transformações em Manhattan, foi o Meatpacking District. A região é relativamente pequena: vai da Gansevoort Street, no sopé do parque High Line, até três ruas acima, na West 14th Street; e das margens do Rio Hudson cruza outras quatro ruas no sentido leste até a Hudson Street. Além de descolado, com restaurantes e lojas de luxo, é uma região cheia de história. E vamos a ela.

No início, o Meatpacking District era apenas uma área residencial. Sua veia comercial surgiu em 1879 com a inauguração do Gansevoort Market. O então mercado ao ar livre foi aos poucos ganhando frigoríferos que deram origem ao nome do bairro, que significa algo como “distrito da carne empacotada”. Os resquícios dessa era ainda resistem em seus armazéns e edifícios de dois ou três andares, que serviam como escritórios e pontos de distribuição.

Na década de 1970, a área começou sua escalada e ganhou novos ares com a abertura de animadas casas LGBTQ+ em meio a fábricas e matadouros. No início dos anos 2000, lojas de marcas sofisticadas também passaram a marcar presença, tornando-o um destino para compras de luxo. Quem diria. Para coroar essa história de transformações, em 2009 foi inaugurado o primeiro trecho do High Line Park, que começa na Gansevoort Street, adentra o bairro de Chelsea e se estende até a 20th Street.

Sendo a visita ao Meatpacking District algo obrigatório, reúno a seguir os lugares imperdíveis do bairro:

High Line

Gansevoort Street a West 34th Street (entre a 11th Avenue e a 12th Avenue). Há vários pontos de acesso, alguns com elevadores.

Sempre digo que tenho muita sorte de morar perto do High Line e poder usá-lo como caminho para alguns dos meus compromissos. Cada vez que passo por lá, penso em como algo fadado à demolição acabou se transformando em um projeto tão lindo e revolucionário. 

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O que hoje é o High Line era antes uma linha ferroviária desativada que se transformou em um incrível parque elevado graças à mobilização da comunidade, que desejava transformar aquele espaço abandonado em uma área verde e com estrutura para lazer. Não só deu certo como fizeram dele um grandioso projeto arquitetônico, referência para inúmeras outras obras no mundo todo (torço para que o Minhocão, em São Paulo, siga por este caminho).

O espaço foi aberto em quatro etapas. O primeiro trecho, da Gansevoort Street até a 20th Street, foi inaugurado em 2009, três anos após o início de sua construção. O segundo, da 20th Street a 30th Street, foi aberto em 2012. O terceiro, entre a 30th Street e 34th Street e a 10th Avenue e a 12th Avenue, é de 2014. Já em 2019 foi aberto o “The Spur” na 30th Street com a 10th Avenue, a última seção remanescente da estrutura ferroviária original, quase um apêndice do High Line que se estende perpendicular ao traçado do parque conectando o elevado ao Hudson Yards, um novo bairro que surgiu em 2019.

Atualmente, o High Line é uma das maiores atrações de Nova York e atravessa três bairros: Meatpacking District, Chelsea e Hudson Yards. Ele vai do Meatpacking District até a 34th Street e você pode visitá-lo no sentido que preferir. Deixo aqui duas possibilidades: vir sentido Downtown, sair pela escadaria da Gansevoort Street, pertinho do Whitney Museum, e a partir daí começar a perambulação pelo Meatpacking. Ou o contrário: depois de ver tudo por ali, você sobe a mesma escadaria da Gansevoort Street e segue sentido Uptown, desembocando no Hudson Yards. A ordem dos fatores não altera a sua bela experiência.

Em seus quase 2,5 quilômetros de extensão, há jardins com mais de 500 espécies de plantas e árvores, espreguiçadeiras, fonte de água para se refrescar no verão, esculturas, prédios de linhas modernas e mirantes para apreciar a vista da rua e do Rio Hudson. Sem falar da agenda cultural com aulas de dança, shows, exibições de arte e visitas guiadas.

A entrada é grátis e o Friends of the High Line, uma organização sem fins lucrativos criada para defender sua preservação e reutilização como espaço público, continua sendo o único grupo responsável pela manutenção e operação do lugar (que é financiado por doações de apoiadores). Aceite meu conselho de amiga: vá.

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Chelsea Market

75 9th Avenue (entre a 15th Street e a 16th Street)

Tecnicamente, o Chelsea Market fica no bairro de Chelsea, como o próprio nome sugere. Mas como ele está a apenas um quarteirão da fronteira com o Meatpacking District, farei uso de uma licença poética para incluir essa atração indispensável no seu roteiro.

Inaugurado em 1997, o mercado gastronômico ocupa o prédio da antiga fábrica da National Biscuit Company (a Nabisco, que produz o Oreo) e manteve muito de sua arquitetura original, como os tijolos aparentes.

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Hoje, ele está entre os maiores food halls indoor do mundo, com mais de 35 lojas que vendem de tudo: presentes, roupas, flores, lagostas preparadas na hora, peixe fresco, vinhos, carnes, café, queijos, pães, doces, sorvetes, enfim, comidas mil. Destaco aqui Amy’s Bread, Anthropologie, Artists & Fleas, Berlin Currywurst, Creamline, Fat Witch Bakery, L’Art Del Gelato, Li-Lac Chocolates, Miznon, Tacos Nº 1 e The Lobster Place.

Durante a pandemia, o mercado ganhou uma estrutura externa com mesas e cadeiras que acabou virando definitiva e resolveu o problema de falta de espaço para acomodar tanta gente: são cerca de seis milhões de visitantes por ano. São tantas atrações que você pode entrar no Chelsea Market e passar horas passeando, entrando em lojinhas e, claro, petiscando.

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Starbucks Reserve

61 9th Avenue

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Na mesma esquina do Chelsea Market fica o Starbucks Reserve Roastery, uma enorme e luxuosa loja da rede que impressiona por sua grandeza: são quase dois mil metros quadrados e três andares que abrigam duas estações de café, um bar de coquetéis, uma estação de pizzas e outra de doces.

O design está em cada detalhe do espaço, decorado com cobre e madeira. Há assentos, mesas altas e até uma lareira. Uma escultura homenageia a sereia, símbolo da marca que também está presente em alguns dos diversos produtos à venda.

Mas a grande atração é a enorme torrefadora de café que fica no fundo da loja. Tubos conectados ao teto levam os grãos recém-torrados para a cafeteria, onde eles são moídos na hora para o preparo dos cafés. No cardápio, há dos clássicos capuccino e chocolate quente até opções que só existem nessa unidade.

No andar de cima, o bar prepara coquetéis à base de café. E perto da entrada há uma área onde você pode escolher, entre os diversos tipos de grãos, aquele que você quer moer e levar para casa. Confesso que até eu, que não sou muito fã de café, adoro visitar esse Starbucks

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Apple Store

401 West 14th Street

A enorme loja da Apple não passa despercebida: ela surge imponente na esquina da 14th Street com a 9th Avenue e lá você vai encontrar o cardápio inteiro de produtos da marca, inclusive os que estão na sua lista de encomendas dos amigos e parentes (quem nunca?). São três andares para comprar ou simplesmente conhecer. 

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Whitney Museum of American Art

99 Gansevoort Street

O Whitney Museum é um dos grandes tesouros do bairro. Quando me mudei para Nova York, tive a oportunidade de visitá-lo várias vezes em seu antigo endereço, no Upper East Side.

Em 2015, ele foi transferido para o Meatpacking em um local privilegiado entre o High Line e o Hudson River. O novo prédio, grande e imponente, se destaca na paisagem e de seus enormes terraços é possível observar a linda vista do West Side.

A coleção do Whitney Museum é composta por mais de 21 mil obras de mais de três mil artistas. São pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias, vídeos e instalações que ajudam a compreender a história da arte e o processo criativo dos artistas nos Estados Unidos desde 1900 até hoje.

Não deixe de conferir as mostras temporárias, uma melhor que a outra, e sua incrível Bienal, se bater a agenda. Uma dica: às sextas, das 19h às 22h, vale o sistema “pay what you wish”, ou seja, “pague o quanto quiser”. E a galeria no Piso 1 é sempre gratuita.

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Boutique Caudalie

823 Washington Street

A marca francesa de cuidados com a pele Caudalie, famosa por suas fórmulas naturais à base de uva, tem uma loja no Meatpacking que abriga também um spa e um café.

Além de vender produtos exclusivos da marca, essa loja conceito oferece tratamentos como o Vinothérapie, que serviu de inspiração para a decoração desse “refúgio”. Elementos como um candelabro de videira, acessórios inspirados em barris de carvalho branco e salas de tratamento cobertas com papel de uva transportam os clientes até uma vinícola na região francesa de Bordeaux.

Enquanto conhece mais sobre os produtos da marca, você pode experimentar os vinhos do Château Smith Haut Lafitte (local de nascimento dos produtos Caudalie e onde está o primeiro spa da marca) e depois seguir para um relaxante tratamento facial ou corporal. Ulalá.

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DVF

874 Washington Street 

A badaladíssima estilista e símbolo de empoderamento feminino, Diane von Furstenberg, tem uma ampla loja no Meatpacking DistrictAlém de apresentar suas últimas coleções e seu icônico vestido envelope, o lugar também é lindo, bem decorado e apresenta algumas exposições temporárias. Se você der sorte, como um dia eu tive, poderá encontrar com a própria Diane por lá. Não me fiz de rogada e garanti a minha foto com ela.

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Pastis

52 Gansevoort Street

O retorno de um clássico. Cinco anos depois de fechar as portas, a famosa brasserie francesa de Keith McNally (mesmo dono do Minetta Tavern e do Balthazar) voltou em 2019 para a mesma vizinhança, porém em outro endereço. 

O Pastis foi inaugurado em 1999 no Meatpacking quando a região ainda engatinhava no quesito popularidade. Com design icônico e comida deliciosa, o bistrô teve um papel fundamental na transformação do bairro durante os seus 15 anos de funcionamento atraindo nomes como Sarah Jessica Parker, Martha Stewart, Príncipe Harry, Anna Wintour, os Clinton e muitos outros.

Mas, apesar de seu sucesso, o lugar se viu forçado a fechar em 2014 por conta da alta do aluguel. Em sua segunda encarnação, o Pastis voltou à cena ainda mais caprichado em um espaço de cerca de 800 metros quadrados e a mesma magia do passado, com sofás de couro vermelho, decoração clássica, bela iluminação e os azulejos antigos que cobriam o espaço original e criavam uma identidade.

No menu, só delícias: as especialidades são o steak and fries e o famoso sanduíche de carne. Além disso, você pode encontrar pratos franceses como croque monsieur e madame, sopa de cebola gratinada, frutos do mar, quiche, saladas, sanduíches, peixes e mais. Como dizem, quem é rei nunca perde a majestade.

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Dos Caminos

675 Hudson Street at 14th Street

Se você curte restaurante mexicano, vale conhecer o Dos Caminos, que fica em um ponto estratégico e impossível de não ser visto: bem na praça central do Meatpacking DistrictNo cardápio, há pratos ótimos, margaritas deliciosas e uma incrível seleção com mais de cem tequilas. Uma boa pedida é sentar em uma das mesinhas externas em uma tarde de verão curtindo a movimentação, beber uns drinks e petiscar uma guacamole.

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Samsung 837 

837 Washington Street

Nem só de Apple vive o Meatpacking. A Samsung também marca presença com a Samsung 837, um lugar que combina arte, moda e tecnologia. Antes voltado apenas para experiências, o espaço agora também comercializa celulares e gadgets e foi pensado para proporcionar uma interação com a marca e suas mais recentes criações.

O lugar reserva diversas atrações, sempre envolvendo o uso de seus aparelhos: você pode experimentar realidade aumentada, participar de instalações de arte interativas, assistir shows ao vivo e por aí vai. Mesmo que você não seja usuário da marca, vale a pena dar uma espiada.

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Pier 57

25 11th Avenue

O Pier 57 é uma super atração e está entre as novidades do bairro. Basta atravessar a 11th Avenue rumo ao rio para chegar a esse complexo que reúne um rooftop park, um food hall com uma excelente curadoria de restaurantes e vista imbatível para o parque Little Island. Falei mais sobre o lugar nessa matéria.

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Little Island Park

Hudson River Park, West 13th Street

E já que você atravessou a 11th Avenue para ir ao Pier 57, aproveite e dê um pulo também no vizinho Little Island ParkTrata-se de uma obra inovadora e encantadora: um parque público no Hudson River Park, sobre o Hudson River, em uma área que foi destruída pelo furacão Sandy em 2012. A construção levou cinco anos para ficar pronta e foi financiada pela The Diller – von Furstenberg Family Foundation (da estilista Diane Von Furstenberg).

No topo das estacas, 132 tulipas de concreto compõem a estrutura do parque. Cada tulipa, de formatos diversos, é capaz de suportar gramados, mirantes e árvores. Você vai encontrar áreas verdes com mais de 350 espécies de flores, árvores e arbustos, um anfiteatro de 687 lugares (com programação artística a partir de junho), praça convidativa para um piquenique e vistas deslumbrantes da cidade e do rio. Aberto das 6h à 1h e a entrada é gratuita.

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The Standard Biergarten

848 Washington Street

O Biergarten do The Standard Hotel é um dos meus lugares preferidos para um programa informal. É um espaço amplo abaixo do High Line inspirado nos biergartens alemães. O lugar é descontraído, com boa cerveja e também outros drinks, que são servidos em um bar separado.

Para comer, petiscos como pretzel, salsichas, hot dogs e salada de batata. As mesas comunitárias são convidativas para reunir amigos e conhecer gente nova. Há mesas de ping pong no meio do pátio onde acontecem partidas bem disputadas e tem também uma sala anexa para quem quer um clima um pouco mais calmo.

O Biergarten também é bastante frequentado no inverno, quando é fechado com uma cobertura. Se estiver procurando diversão e boa cerveja, eis o lugar.

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Restoration Hardware

9 Ninth Avenue

Essa deve ser, provavelmente, uma das mais belas lojas de decoração que você já viu na vida. A Restoration Hardware foi inaugurada em 1979 como um centro de restauradores de casas antigas, mas no final dos anos 1990 o lugar mudou o foco e virou uma loja de utilidades domésticas, vendendo objetos de design com muita personalidade.

Em 2018, a loja abriu as portas com mais de oito mil metros quadrados de beleza e luxo. Sua estrutura de concreto, pedra e vidro abriga uma seleção lindíssima de móveis, luminárias, peças de arte e decoração, tecidos, artigos de cama e banho. Tudo de extremo bom gosto, de altíssima qualidade e passear por seus cinco andares é uma festa para os olhos. Só de ver já vale. Além da loja, há também um café e um restaurante no rooftop, banhado de sol e decorado com plantas e belíssimos lustres de cristal (falei do rooftop em outra matéria)

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Allouche Gallery

82 Gansevoort Street

Se você gosta de arte, mas não está com tempo ou disposição para visitar o Whitney Museum, dê uma paradinha na Allouche Gallery, que fica pertinho dali. A galeria apresenta uma seleção incrível de trabalhos de diversos artistas contemporâneos, sejam esculturas, pinturas e obras com técnicas mistas. As mostras temporárias são imperdíveis.

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Como chegar ao Meatpacking District

Pegue os metrôs A, C ou E da Linha Azul ou o metrô L da Linha Cinza e desça na estação da 14th Street.

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