Em muitos dos relatórios de tendências focados em gastronomia para 2023, as viagens motivadas pela comida são destaque recorrente: planejar um novo destino a partir da oferta que se pode encontrar nas mesas dos restaurantes (que já nem é algo novo) tende a ser um comportamento crescente entre os viajantes no próximo ano.
O site americano Delish aposta que o turismo gastronômico vai ser bem significativo, já que “muitos países estão usando sua culinária para atrair viajantes”. Segundo a publicação, as pessoas querem provar “cervejas artesanais na Costa Rica, moquecas no Brasil e supper clubs indonésios em Londres”. Para a Associação dos Restaurantes dos Estados Unidos (NRA, na sigla em inglês), os sabores locais ganharão mais interesse, como as cozinhas dos Bálcãs.
A consultoria de inovações Wunderman Thompson é ainda mais categórica: “2023 será o ano das aventuras à mesa”, proclama. Segundo o relatório que eles lançaram com as previsões para 2023, as pessoas estão em busca de experiências mais audaciosas: viajar para lugares remotos, conhecer a cultura culinária de lugares pouco explorados, percorrer quilômetros para provar algo muito autêntico.
Faz sentido: a pandemia causou uma demanda represada, e agora, com o turismo voltando ao normal, os viajantes querem vivências mais extremas, para compensar os muitos meses que passaram confinados. A gastronomia, dizem os relatórios, é uma boa maneira para isso.
Baseado neles (e algum feeling pessoal), elenco a seguir alguns destinos que devem estar na lista de qualquer viajante glutão em 2023:
Salvador, Bahia
A capital baiana tem uma gastronomia única no mundo, uma confluência das nossas raízes indígenas, influências portuguesas e a cultura africana que foi tão representativa na comida local (do abará ao acarajé). Mas Salvador também passa por um boom gastronômico, com cada vez mais restaurantes autorais e chefs dispostos a fazer uma cozinha autêntica. Entre os ingredientes do Recôncavo usado no sofisticado Origem (veja na foto abaixo a versão deles para o caruru), a cozinha baiana moderna do Manga e os pratos baseados em frutos do mar do Boia, a cidade está mais saborosa do que nunca.
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Geórgia
O país da Europa Oriental detém uma gastronomia que tem o frescor da cozinha mediterrânea e os temperos que fizeram a fama da culinária do Oriente Médio, uma rica combinação à mesa, afinal. Desde que o khachapuri (massa de pizza moldada em formato afunilado nas pontas e que leva uma mistura de queijos na cobertura e ainda recebe um golpe fatal de uma ou duas gemas) se transformou em uma receita viral no mundo todo, o interesse pela culinária georgiana só aumentou. Dos dumplings gigantes (khinkali) aos vinhos mais ancestrais do mundo, os restaurantes de Tbilisi se tornaram atrativos para os fãs de boa comida no mundo todo: dos mais tradicionais, como o Barbarestan, até outros que servem uma comida local mais moderna, como o Café Littera.
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Dubai
O mais turístico dos Emirados Árabes está em pleno desenvolvimento quando o assunto é gastronomia: são tantas aberturas que já nem dá pra acompanhar – e que foi até tema de uma extensa reportagem no The New York Times. Uma nova leva de chefs, entre espanhóis e suecos, estão prestes a desembarcar na cidade em 2023, tornando-a um destino gastronômico ainda mais efervescente (voltarei ao tema em breve por aqui). Apenas uma palhinha: o novo Atlantis The Royal (veja a foto abaixo), a ser inaugurado em Dubai em fevereiro, terá restaurantes de chefs como Gastón Acurio e José Andrés. Se suas economias permitirem, é hora de fazer aquela visita a Dubai finalmente sair do papel.
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Japão
Tá bem, nem é novidade: o Japão é invariavelmente o país número 1 na lista de qualquer foodie do mundo. Mas como foi o último a reabrir ao turismo depois da pandemia (só em novembro de 2022!), digamos que as expectativas para devorar as cidades japonesas cresceram mais que o dólar nos últimos meses. Tóquio está repleta de novos restaurantes (203 deles no respeitado Guia Michelin), padarias, docerias – muitos destes espaços liderados por chefs internacionais, como o MAZ do peruano Virgílio Martinez (veja na foto abaixo) e o Gucci Osteria, do italiano Massimo Bottura. Isso sem contar com Osaka e Kyoto, duas outras Mecas da gastronomia do país. Para anotar: o dinamarquês Noma, restaurante quatro vezes eleito o melhor do mundo, se instala no Ace Hotel em Kyoto para uma temporada japonesa a partir de março. Em uma palavra: imperdível.
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Colômbia
Poucos países da América Latina estão apostando tanto na gastronomia como fator para atrair turistas como os nossos vizinhos colombianos. Eles sabem que se trata de um motor econômico e de projeção internacional potente (vide o exemplo do Peru), por isso o governo não tem medido esforços para mostrar ao mundo uma das mais importantes biodiversidades do globo, que reflete em uma cozinha criativa e diversificada. De Bogotá a Cartagena, muitos restaurantes do país também têm ganhado relevância em prêmios e listas internacionais, como a influente lista The World’s 50 Best Restaurants, que elegeu o LEO, da chef Leonor Espinosa, como o melhor do país na sua última edição local.
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