Qual é melhor: Pastel de Belém ou da Manteigaria? Fizemos o teste
O pastel de nata é o doce mais famoso de Portugal. Avaliamos as duas marcas mais famosas em Lisboa
O pastel de Belém é desses produtos que, de tão famosos, acabam arrematando o nome de toda uma categoria. Não à toa, muita gente acha que pastel de nata e pastel de Belém são coisas diferentes, quando, na verdade, o pastel de Belém é… um pastel de nata. Só que feito na antiga fábrica dos Pastéis de Belém.
Passei anos com a certeza de que não havia concorrente à altura dos pastéis de Belém. Cada vez que ia à confeitaria, ao lado do Mosteiro dos Jerónimos, era um acontecimento especial que merecia pelo menos três unidades por pessoa. Com açúcar e canela, como manda o figurino.
(Parêntese para um pouquinho de história: acredita-se que a receita original do pastel de nata tenha nascido no Mosteiro dos Jerónimos e, em meados do século 19, com a extinção das ordens religiosas de Portugal como consequência da Revolução Liberal deflagrada em 1820, alguém do mosteiro teria levado o doce para ser vendido numa antiga refinaria de cana de açúcar vizinha que funcionava também como uma lojinha. Esta refinaria passou a produzir o doce – e nascia assim o pastel de Belém, que seria, portanto, o original.)
Mas então, nos últimos anos, quando eu ainda morava em São Paulo antes de voltar para Lisboa, começaram a chegar boatos de que já havia, sim, um concorrente à altura: o pastel de nata da Manteigaria, loja que hoje tem duas unidades em Lisboa: uma no Largo de Camões, no Chiado, e outra no Mercado Time Out, na Ribeira.
Desde a primeira mordida que soube o meu preferido. Mas antes de dar opinião, vamos aos fatos:
- O AMBIENTE
Antiga Fábrica dos Pastéis de Belém: Um labirinto de salas forradas de azulejos tradicionais nos arredores do Mosteiro dos Jerónimos (onde nasceu a receita), em Belém. Recentemente ganhou uma simpática área com mesinhas ao ar livre, perfeita para os dias mais quentes.
Manteigaria: Nos dois endereços as lojas têm apenas um balcão e a venda é expressa, vapt-vupt. Quem quiser comer in loco se aperta no balcão.
VENCEDOR: Antiga Fábrica dos Pastéis de Belém - O ATENDIMENTO
Antiga Fábrica dos Pastéis de Belém: As filas podem ser longas na porta e do lado de dentro. Quem tem pressa pode se irritar. Uma vez sentado, o atendimento tende para o eficiente, mas às vezes pode ser confuso e demorado (como foi na minha última visita).
Manteigaria: Rápido e eficiente. Não há excessos nem pecados. Chegou, comprou, levou.
VENCEDOR: Manteigaria - O DOCE NO DIA
Antiga Fábrica dos Pastéis de Belém: Servido sempre quentinho, tem massa impecável – crocante, que faz barulhinho ao morder. O recheio é cremoso, de consistência bem mole. Gosto intenso de leite (afinal, é um doce de natas ).Manteigaria: Geralmente é servido quentinho, mas já aconteceu de estar morno e quase frio, um erro. Prefiro sempre quente. Também chega com a massa crocante e o recheio ligeiramente mais firme e uniforme, com um sabor menos enjoativo.
VENCEDOR: Manteigaria (me julguem! Mas atenção: trata-se de uma opinião estritamente pessoal)
- O DOCE NO DIA SEGUINTE
Como as duas confeitarias vendem o doce para viagem (há, inclusive, vendas no freeshop do aeroporto), avaliamos como ele se comporta depois de um dia.
Antiga Fábrica dos Pastéis de Belém: A massa estava borrachuda e o recheio, mais durinho. Para quem pensa que, ao comprar no freeshop e levar pra casa, terá a mesma delícia saboreada em Lisboa, é uma decepção.Manteigaria: A massa não estava crocante, tampouco chicletosa. Estava ok. Já o recheio estava praticamente igual ao experimentado no dia anterior: impecável.
VENCEDOR: Manteigaria
Não acho que comparações sejam sempre saudáveis. E neste caso, recomendo sempre uma ida às duas confeitarias. Mas fiquei feliz de saber que, em meio a tantas centenas de pastéis de nata servidos Portugal afora, pelo menos um deles está na mesma categoria de leveza, sutileza e sabor do original. Um viva aos frades e freiras!